quarta-feira, 29 de abril de 2015

"O conto da aia", Margaret Atwood

Olá, queridos leitores.

Vocês conseguiriam imaginar uma sociedade no futuro em que de um dia para o outro as mulheres são obrigadas a deixar seus trabalhos, suas contas bancárias são automaticamente transferidas ao parente mais próximo do sexo masculino, todos os segundo casamentos e uniões não oficializadas são anulados e o único papel social da mulher passa a ser a procriação?

É neste contexto fictício que a escritora canadense Margaret Atwood nos conta a história de uma dessas mulheres que se tornou uma aia. As aias era mulheres solteiras e férteis que eram distribuídas entre as casas dos Coronéis e pessoas de alta influência para que lhes dessem um filho, que seria criado pela Esposa do Coronel. Depois que seu trabalho estivesse concluído ali, a aia era direcionada a outra casa de família para presenteá-los com a dádiva da procriação.

As aias vestiam-se inteiramente de vermelho com roupas muito conservadoras, seu corpo não deveria ser exposto, elas usavam luvas, um chapéu branco de abas largas na cabeça para esconder o rosto, eram proibidas de ler, escrever ou manter relações afetivas com ninguém.


O interessante de O conto da aia é que é uma aia, Offred (em inglês a preposição of significada de, portanto as mulheres perdiam o seu nome original e passavam a ser de alguém, neste caso de Fred, o Coronel), quem conta a história. Através de sua perspectiva e suas memórias, o leitor vai aos poucos descobrindo como esse regime totalitário e repressor do sexo feminino se instaurou, as características desta nova forma de governo e as punições para quem sair da linha. Ao mesmo tempo, lemos com o coração apertado a história dessa mulher, graduada na universidade e que trabalhou por muitos anos, que perdeu a sua identidade e busca sua própria essência dentro de si, se é que ela ainda está lá. É a busca da liberdade, da satisfação através de desejos que nos parecem míseros, como uma boa refeição, ou caminhar sozinha, ou calçar um par de sandálias e sentir o vento nos cabelos. Nós, leitores, passamos a olhar para a nossa própria realidade com outros olhos.

O conto da aia me instigou muito, eu devorei as mais de trezentas páginas. Mesmo caindo de sono e com as pálpebras pesando, eu precisava ler mais um pouco, precisava saber o que aconteceria a Ofglen e à sociedade como um todo. O que aconteceria com as mulheres deste local? Elas se rebelariam? Alcançariam sucesso ou seriam todas mortas ou severamente punidas?





 

Deixo essas questões a você, leitor, e espero que tenha se animado a ler este romance genial de Margaret Atwood, uma premiada autora canadense. Atwood nasceu em Ontário em 18 de novembro de 1939 e hoje com 76 anos ainda permanece ativa em sua prolífica carreira literária. Ela já escreveu romances, poesia, contos, livros de não-ficção e livros infantis. Além de O conto da aia, publicado em 1985, outras obras que se destacam são Olho de Gato (1988), A Odisseia de Penélope (2005) e O ano do dilúvio (2009).

Margaret Atwood

Para minha felicidade, descobri que O conto da aia foi adaptado para o cinema em 1990, com Natasha Richardson no papel de Offred, Robert Duvall como o Coronel e Faye Dunaway como a Esposa. Ele já está em minha programação para o fim de semana!


Espero que tenham gostado da publicação e que o livro de Margaret Atwood os leve a refletir.

Um abraço a todos e ótimas leituras!

FernandaF

8 comentários:

  1. Impressionante. Não pude deixar de pensar no que os humanos (ditos civilizados) fazem com certos animais.

    ResponderExcluir
  2. Oi Fer,

    Super interessante esse livro, pena que sempre quando leio coisas desse tipo fico um pouco revoltada...como o ser humano pode se dizer tão evoluido se ainda presenciamos alguns atos que nem mesmo os animais cometem.

    Beijokas da Quel
    http://literaleitura2013.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  3. Oi! Tudo bem?

    Nossa! Caramba! Nunca ouvi falar desse livro, mas ele acabou de ganhar a minha total atenção. Só não sei se conseguiria realizar a leitura sem me revoltar com todas essas questões... mulher apenas para procriação? Pelo amor do divino!

    Um beijo,
    Doce Sabor dos Livros docesabordoslivros.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Nossa, não consigo nem imaginar uma coisa dessas... e eu seria transformada em aia se isso fosse realidade, cruzes!! Obviamente eu não ia durar nem um dia, iam acabar me matando porque eu que não ia me submeter a algo assim... aff... a pessoa vira uma coisa, né, vai procriando de lar em lar... sério, melhor nem pensar nisso. Fiquei com vontade de ler o livro, e de ver o filme também.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

    ResponderExcluir
  5. Olá!
    Que enredo forte! Imaginar esse tipo de coisa chega a me causar asco, de verdade.
    O livro parece ótimo, mas não sei se vou ter estômago para ler tudo. Porém, vou pesquisar sobre o filme, acho que também já vou ter minha programação do final de semana =)
    Você indicando ótimos filmes e livros, como sempre!
    Obrigada!
    Beijos!

    www.livrosdajess.com

    ResponderExcluir
  6. Olá,
    adoro suas resenhas indicando livros (apesar de ainda não ter tido a oportunidade de ler nenhum :\ )
    Adorei esta história, mas como ando meio sem tempo, assistiria ao filme de boas hoje, porque me parece uma ótima programação para esse dia de chuva.
    Ah, aliás, achei legal você ter explicado o fato de "of" ser "de", porque eu não teria me dado de conta apenas lendo a resenha. Amei seu texto! Beijoss,
    http://www.entreleitores.com/

    ResponderExcluir
  7. Gostei, hein?! Uma crítica bem bacana e, pelo que vc comentou, um desenvolvimento melhor ainda. Não imaginava a existência do conto, muito menos de uma adaptação. E as imagens que vc colocou para ilustrar nos.ajudou a entrar no clima da história.
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

    ResponderExcluir
  8. Eu no lugar dela não teria durado um dia! hahaah
    Mas a crítica é bacana, não há dúvidas =)
    Adorei as ilustrações, principalmente as duas primeiras. Além de serem lindos, ajudaram a entender a história um pouco.

    Beijiinhos ;*
    Andressa - Blog Mais que Livros

    ResponderExcluir