sábado, 27 de fevereiro de 2016

"Carol", Patricia Highsmith

Bom dia, queridos leitores!

Estive um pouco ausente e minhas leituras de lazer andaram lentas ultimamente, porque tenho me dedicado bastante à escrita da minha dissertação de mestrado. É bom aproveitar estas últimas semanas mais tranquilas de férias para adiantar o trabalho antes que a confusão da rotina volte com tudo no próximo mês!

No entanto, cumpri o desafio do mês de fevereiro do nosso Calendário Literário, que era ler um livro que tenha sido adaptado para as telas. As opções eram muitas, mas como um amigo havia me emprestado "Carol", que por sinal está concorrendo em diversas categorias ao Oscar 2016 que acontece domingo, achei que seria a oportunidade perfeita para lê-lo!

"Carol" nos conta a história das vidas de duas mulheres que se cruzam através da perspectiva de uma delas, Therese, uma jovem tímida que trabalha em uma loja de departamentos. Em um dia de trabalho enfadonho no departamento de bonecas durante a época atribulada de Natal, Therese avista pela primeira vez Carol, uma mulher elegante na faixa dos 30 anos. Sem saber como explicar, Therese se sente atraída por essa mulher e não consegue controlar o desejo de vê-la novamente. Ela busca o endereço da mulher nos registros da loja de departamentos e a envia um cartão de Feliz Natal. É aí que as duas se conhecem realmente.

Therese
Therese e Carol passam a se ver regularmente. Carol está passando por uma situação delicada: ela está se divorciando de seu marido, Harge, e lutando judicialmente pela guarda de sua filha, Rindy. Therese, ao mesmo tempo, percebe que sua relação com Richard não tem futuro, já que ela não o ama, e procura maneiras de terminar o relacionamento.

As duas mulheres se aproximam ainda mais quando as duas partem em uma viagem sozinhas de carro para o Oeste, parando em diversas cidades, passando as noites em hotéis diversos, tomando cafés em restaurantes através do país, se divertindo, se conhecendo melhor e, acima de tudo, se amando.

Carol
"Carol", publicado pela primeira vez em 1952, causou tremendo escândalo ao retratar o relacionamento amoroso entre duas mulheres. Porém, além disso, "Carol" teve muita repercussão porque foi um dos primeiros romances a dar um final feliz às protagonistas, diferente dos diversos outros personagens homossexuais na literatura que eram condenados pela sociedade, excluídos moralmente e diagnosticados como se portadores de alguma doença. Ademais, as personagens Therese e Carol também quebraram o estereótipo de que mulheres homossexuais deveriam ser masculinizadas.

Cate Blanchett e Rooney Mara

Em nota no final do romance, Patricia Highsmith, autora do livro, conta como surgiu a sua ideia para escrevê-lo. No final de 1948, a própria Patricia trabalhava em uma loja na seção de bonecas de departamentos em Nova York. Em uma certa manhã, uma mulher loira, alta e com um casaco de pele entrou procurando por uma boneca específica. Patricia lhe mostrou algumas e escreveu o nome da mulher elegante em um recibo, juntamente com o seu endereço, para que a boneca fosse entregue em sua casa. A mulher fez o pagamento e foi embora. Neste momento, Patricia escreve, "eu me senti estranha, com a cabeça esvoaçante, perto de desmaiar, ao mesmo tempo enlevada, como se tivesse tido uma visão" (p. 302). Ao voltar para casa naquele dia, Patricia imaginou como seria a história se estas duas mulheres, ela mesma e a mulher loira, se conhecessem e se envolvesse.

Achei simplesmente sensacional saber a fonte de inspiração por trás do romance "Carol" e de imaginar que realmente houve uma Carol de verdade, que encantou tanto a escritora que a inspirou a escrever um romance.

Patricia Highsmith em 1966
 Patricia Highsmith nasceu no Texas em 19 de janeiro de 1921 e morreu de câncer na Suíça aos 74 anos, em 4 de fevereiro de 1995. Patricia ficou mais conhecida por seus romances de mistério psicológico, principalmente "Strangers on a Train", ou "Pacto Sinistro" em português, de 1950, que foi adaptado para o cinema por Alfred Hitchcock em 1951. Ao todo ela escreveu 22 romances e diversos contos. "Carol" foi o único romance de caráter homossexual. Patricia nunca se casou, mas manteve relações com diversas mulheres ao longo de sua vida.


É uma pena que Patricia Highsmith tenha morrido antes de ver suas personagens Carol e Therese serem incorporadas no cinema por Cate Blanchett e Rooney Mara, respectivamente. Eu ainda não assisti ao filme, mas sou fã de Cate Blanchett e tenho certeza de que ela fez um maravilhoso e inesquecível papel. As duas estão concorrendo ao Oscar 2016 como Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Além destas nominações, "Carol" também foi indicado em outras quatro categorias: Roteiro Adaptado, Fotografia, Trilha Sonora Original e Figurino. Confira o trailer do filme dirigido por Todd Haynes:




Um ótimo sábado a todos!
Bom cinema e ótimas leituras!
E não esqueçam de conferir os vencedores do Oscar neste domingo!

Fernanda

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

"A Filha da Feiticeira", Paula Brackston

Bom dia, queridos leitores!

O carnaval se aproxima, mais dias de folga e muita leitura!
Eu, que ainda estou de férias, gosto de aproveitar esse tempo livre para ler aqueles livros que já estão na minha estante há tempo, principalmente aqueles livros encantadores e de fácil leitura! Gosto de intercalar a leitura de clássicos com livros mais leves. E, como minha última leitura foi Ligações Perigosas, de Choderlos de Laclos, busquei em seguida uma autora contemporânea e que escreve sobre um de meus temas preferidos: magia!


A Filha da Feiticeira é um livro que me fisgou a atenção pelo título e pela capa. A capa da minha edição traz as pernas de uma possível bruxa, calçando botas, meias escuras e vestindo uma longa saia vermelha. Ao seu lado, está uma vassoura de palha, típico objeto relacionado ao estereótipo da bruxa na literatura. Há, também, uma lua cheia de plano de fundo e imagens desvanecidas de prédios antigos na borda inferior. Essa composição visual já chamou minha atenção!

Em seguida, abri o livro para folheá-lo e li o seguinte: Bathcombe, Wessex, 1628.
Não foi preciso mais, levei o livro direto para o caixa e agora, finalmente, pude lê-lo!
Eu simplesmente adoto histórias que acontecem em um passado remoto e, mais ainda, que vão e vêm no tempo!



A Filha da Feiticeira, escrito por Paula Brackston, nos conta a história de Elizabeth Anne Hawksmith, uma feiticeira de 384 anos, através do seu Livro das Sombras, uma espécie de diário da bruxa, escrito por ela mesma.

No ano de 2007, ela conhece uma jovem garota, Tegan, que se interessa pelos conhecimentos mágicos de Elizabeth e passa a frequentar a sua casa com frequência. Depois de muitos anos vivendo uma vida solitária, Elizabeth se deixar envolver por Tegan e a recebe em sua vida, até mesmo iniciando-a nos conhecimentos da magia.

Sentindo-se confortada com a presença de Tegan e com plena confiança na garota, Elizabeth conta a sua história, que começou no século XVII, conta como tornou-se uma feiticeira imortal e como tem lidado com este fato durante todos estes séculos. Fadada a mudar de cidade de tempos em tempos para evitar desconfiança e esconder o fato que ela não envelhece apesar do passar dos anos, Elizabeth tem um segredo ainda maior: seu inimigo mortal a vem perseguindo durante todo este tempo.

Agora que Elizabeth está feliz novamente em Willow Cottage com Tegan, será que o seu inimigo finalmente a deixou em paz?

A narrativa intercala entre o ano de 2007, no qual Elizabeth está conversando com Tegan, e as diversas vidas que criou para si: quando tornou-se uma feiticeira em 1628, como uma aprendiz do Dr. Gimmel em um hospital em Londres, 1888, e como uma enfermeira voluntária durante a Primeira Guerra Mundial em Flandres, 1917. A leitura é muito dinâmica e o leitor não tem como não se identificar com a pobre Elizabeth e com a sua luta pela felicidade a busca pelo amor durante todos esses séculos.

Paula Brackston

Quem está procurando uma leitura leve e envolvente para o carnaval, esta é uma ótima dica!


Deixe-se envolver pela personalidade forte e pelos conhecimentos mágicos de Elizabeth!


A Filha da Feiticeira é o primeiro livro de Paula Brackston, autora que mora perto de florestas encantadoras no País de Gales e é formada em Escrita Criativa pela Universidade de Lancaster na Inglaterra. Além deste livro, Paula também publicou A Feiticeira de Inverno, que deve ser lançado em breve no Brasil, e outros três livros ainda sem tradução para a língua portuguesa: The Midnight Witch, The Silver Witch e The Return of the Witch, que conta o retorno de Elizabeth! Todos têm como protagonistas fortes feiticeiras e já estão em minha lista de leituras!







Um ótimo carnaval a todos, ótimas leituras e magias!

Fernanda

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Calendário Literário - Fevereiro

Olá, queridos leitores!

Mais um mês começa e está na hora de planejarmos nossas leituras para as próximas semanas!
Eu simplesmente adoro vasculhar a minha estante e procurar por livros que vão fazer parte da minha TBR (to be read) list, mesmo que, muitas vezes, a lista acaba mudando: novos livros interessantes surgem e tomam a frente de outros e leituras obrigatórias acabam sendo prioridade! Porém, como ainda estou de férias, ainda tenho bastante liberdade para escolher o que vou ler em seguida! Que delícia, não?


Como contei para vocês no primeiro post deste ano, durante o ano de 2016 vou seguir o Calendário Literário criado pelo youtuber Vitor Martins, que, além de ser muito fofo, traz desafios literários que deixam a nossa TBR list mais diversificada! De acordo com este calendário, a cada mês temos um novo desafio a cumprir. Em janeiro, deveríamos começar uma trilogia ou série de livros. Eu comecei a ler a saga Guerra dos Tronos, de George R. R. Martin - que já estava na minha estante há muito tempo! - e foi uma experiência maravilhosa! O segundo volume da série já está na minha lista de leituras próximas.


Quem perdeu a publicação na qual explico com mais detalhes o Calendário Literário 2016 pode acessá-la aqui.

Agora, durante o mês de fevereiro, o desafio é ler um livro que virou filme. Esse desafio é fácil, não? Mas existem tantas opções que a escolha de um livro fica difícil! Recentemente, um amigo meu me emprestou um livro - que, por sinal, foi recentemente adaptado para as telonas - que aguçou muito a minha curiosidade! A adaptação cinematográfica do livro está concorrendo a 6 Oscars e conta com a atuação da belíssima Cate Blanchett, uma de minhas atrizes preferidas. Então pensei: este livro é perfeito para o desafio literário de fevereiro!





E aí, já conseguiram adivinhar qual a primeira leitura deste mês? Trata-se de Carol, livro escrito pela norte-americana Patricia Highsmith e publicado pela primeira vez em 1952. O livro conta a história da relação amorosa entre duas mulheres, Therese, uma jovem que trabalha em uma loja de departamentos em Manhattan, e Carol, uma elegante mulher na casa dos 30 anos. Este foi um dos primeiros livros a tratar amor homossexual de forma positiva na literatura, e a autora teve que publicar o livro sob um pseudônimo na época para evitar julgamentos e críticas. Hoje, no século XXI, esse assunto já é mais abertamente tratado na literatura e no cinema, mas ainda causa muita discussão e polêmica.



Eu estou muito ansiosa para iniciar a leitura de Carol e espero terminá-la antes de assistir ao filme. Enquanto isso, é possível assistir ao trailer deste belíssimo filme aqui:




É isso por enquanto, meus queridos! Assim que terminar minhas leituras, volto aqui para contar para vocês as minhas impressões!

Uma ótima semana a todos e, é claro, ótimas leituras!

Fernanda