Há muitos dias não escrevo aqui! Meu tempo livre anda escasso ultimamente (finalização da minha Especialização, segunda fase do mestrado, estágio docente e projetos literários...!), portanto não tenho tido tempo para atualizar o blog, embora já tenha feito várias leituras interessantes, que ainda serão comentadas por aqui!
Stratford-upon-Avon |
Desfile em Stratford-upon-Avon |
Celebrações em Stratford-upon-Avon |
Globe Theatre em Londres |
No Brasil, o British Council programou ações para o ano inteiro, como debates, palestras e a Casa Shakespeare na Flip, Festa Literária de Paraty, neste ano.
Não importa o local do mundo, hoje todos celebramos o legado deste fantástico e universal escritor!
Para homenageá-lo aqui no blog, trago para vocês o Soneto I, o primeiro de seus 154 poemas escritos ao longo de sua trajetória literária e publicados pela primeira vez em 1609. Os sete primeiros sonetos de Shakespeare são dirigidos a um amante anônimo, provavelmente um jovem rapaz caracterizado como Fair Youth. Este poema já apresenta inúmeros temas e metáforas que serão recorrentes em outros poemas do Bardo.
Sonnet I
From fairest creatures we desire increase,
That thereby beauty's rose might never die,
But as the riper should by time decease,
His tender heir might bear his memory:
But thou, contracted to thine own bright eyes,
Feed'st thy light's flame with self-substantial fuel,
Making a famine where abundance lies,
Thyself thy foe, to thy sweet self too cruel.
Thou that art now the world's fresh ornament
And only herald to the gaudy spring,
Within thine own bud buriest thy content
And, tender churl, makest waste in niggarding.
Pity the world, or else this glutton be,
To eat the world's due, by the grave and thee.
Soneto I
- Mas tu, assim concentrado em teu olhar brilhante,
- Sem o alento de outra alma, a que a tua dê abrigo,
- Cheio de amor, negando amor a todo instante,
- De ti mesmo e do teu encanto és inimigo.
- Tu, agora, esplendoroso ornamento do mundo
- E arauto singular de alegre primavera,
- Tu, botão, dentro em ti sepultas, infecundo,
- Teu gozo e te destróis, poupando o que exubera.
- Faze prole, ou, glutão, em ti e na sepultura,
- Virá a tragar o mundo a tua formosura.
(Tradução de Jerônimo Aquino)
Shakespeare rompe com a tradição de sonetos estabelecida pelo poeta italiano Petrarca e outros poetas renascentistas, que tinha como estrutura 14 versos divididos em duas estrofes: uma oitava (oito versos) seguida por uma sextilha (seis versos). A estrutura dos sonetos de Shakespeare, que viria a ser conhecida como soneto shakespeariano ou soneto inglês, é composta por 14 versos divididos em três quartetos (quatro versos) seguidos por um dístico (dois versos).
O eu-lírico do Soneto I encoraja o leitor a procriar para eternizar a beleza da natureza. O relutante amante, que não quer produzir um herdeiro, é criticado pelo eu-lírico que lhe diz que sua formosura desaparecerá na sepultura se o seu amante não procriar.
Este é o primeiro de 154 sonetos escritos por Shakespeare. Aproveite o dia de hoje para homenagear a sua memória lendo estes belos poemas!
Feliz 23 de abril!
Feliz Shakespeare's Day!
Fernanda