sexta-feira, 31 de julho de 2015

Literatura Gótica

Boa noite, leitores!

Nesta noite de sexta-feira, 31 de julho (último dia do mês e o inverso do número 13), resolvi escrever sobre um gênero literário que combina com estes elementos e que me fascina muito: a literatura gótica!

Quando falamos em literatura gótica, já nos vêm à mente noites tempestuosas, castelos no topo de uma alta montanha, ventos sibilantes que balançam os galhos secos das árvores, barulhos sobrenaturais... não é? E literatura gótica é isso mesmo (e muito mais!). Mas como esse gênero surgiu?


Lendo a introdução escrita por David Blair da antologia Gothic Short Stories, publicada pela Wordsworth Editions, separei algumas informações bem interessantes. O primeiro livro escrito considerado gótico foi O Castelo de Otranto, escrito por Horace Walpole em 1764. Nesta época, no século XVIII - o período do Iluminismo e do culto à Razão - o movimento gótico foi uma maneira de reconectar com as crenças sobrenaturais da Idade Média. No século XVIII, quem ainda acreditasse em superstições e magia era considerado de mente inferior.

Horace Walpole

Histórias míticas, sobrenaturais e até mesmo o folclore acabaram sendo marginalizados durante o Iluminismo. No entanto, a partir da década de 1770, essas histórias com pitadas sobrenaturais foram cativando o público leitor. Uma das características da literatura gótica é trazer situações e objetos inusitados sem oferecer explicação nenhuma. E, instigado pela curiosidade, o leitor continua página após página a última palavra.

Após Walpole, quem ganhou proeminência no gênero literário gótico foi Ann Radcliffe, autora de Os Mistérios de Udolpho (1794) e outros romances. Radcliffe cunhou o que hoje é considerado o clássico vocabulário gótico. Em suas histórias, também ambientadas em um passado distante, encontramos castelos, de preferência em ruínas e com passagens secretas, heroínas em perigo, abadias e monastérios. Elementos que perdurarão na literatura gótica.


Ann Radcliffe
 No final do século XVIII, também foram produzidos muitos contos góticos para saciar a grande demanda dos leitores por novos enredos. Esses livros ficaram conhecidos como blue books, ou livros azuis, devido à cor característica de suas capas. Tais contos, que não tinham a responsabilidade de compor enredos e personagens na escala de um romance, focavam nas sensações provocadas no leitor.

Essa antologia editada por David Blair, da Universidade de Kent no Reino Unido, traz diversos contos góticos de diversos períodos que nos transportam para este universo sombrio, louco, atraente e totalmente viciante desse gênero. Aos poucos, irei trazendo alguns de meus contos favoritos aqui no blog. Assim que possível, trarei também mais informações sobre esse fascinante gênero da literatura.


Espero que se encantem com esse universo tanto quanto eu. Uma boa sexta-feira a todos e, claro, ótimas leituras!

Fernanda

segunda-feira, 27 de julho de 2015

"Drácula", Bram Stoker

Olá, queridos leitores!

Hoje terminei de ler um livro que estava há muito tempo em minha estante e que me cativou até mais do que eu esperava! Trata-se de Drácula, de Bram Stoker, o clássico livro de terror que imortalizou (com a ambiguidade da palavra) a figura do Conde Drácula, o vampiro mais famoso da literatura.

Eu sempre me encantei com histórias vampirescas e sentia a falta de conhecer a trama original do Conde, que continua a aparecer no cinema, como referência em outros livros, séries de televisão, enfim... ele faz parte do nosso imaginário coletivo. Afinal, quem nunca ouviu falar no Conde Drácula?

A história de Bram Stoker é completamente envolvente. Não há apenas um narrador. Ao invés dessa técnica mais tradicional, Stoker preferiu contar a história através de cartas, relatos dos personagens (como o diário de Jonathan Harker, o diário de sua noiva Mina e o diário do Dr. Seward), trechos de notícias, depoimentos, etc. Achei essa maneira de desvendar a trama muito interessante, pois cabe ao leitor juntar as peças do quebra-cabeça e chegar à sua própria conclusão quanto ao que é verdade ou imaginação.

Ao contrário da imagem do vampiro que a mídia contemporânea nos fornece, o Conde Drácula não é nada charmoso como Edward Cullen. Ele foi um homem muito culto e guerreiro em vida, mas, ao se transformar em vampiro, seu cérebro tornou-se infantil, incapaz de raciocínios muito complexos, seu hálito é pavoroso e seus olhos são vermelhos e malignos. Um verdadeiro monstro que aterrorizava as pobres Lucy e Mina, vítimas do vampiro.

O ator húngaro Bela Lugosi no papel de Drácula


No início da história, somos levados ao Castelo do Conde Drácula na Transilvânia quando o jovem inglês Jonathan Harker o visita a negócios. O Conde quer comprar uma propriedade na cidade de Londres e trata Harker da maneira mais cordial possível até que o jovem começa a perceber certas anomalias no comportamento do Conde: ele aparece somente após o pôr-do-sol, não come e seu reflexo não aparece no espelho! É aí que ele percebe que ele não é mais um convidado, mas um prisioneiro...

Esta envolvente história do Rei dos Vampiros permanece por todo lugar, mesmo 118 anos após a sua publicação. Recentemente, a Carnival Films produziu uma série televisiva baseada no romance de Stoker. Nesta versão, Drácula se passa por um milionário americano para buscar vingança na Londres vitoriana. Com apenas 10 episódios que foram ao ar, a série não foi renovada para a segunda temporada.

Série televisiva de 2013


Em 2014, a Universal Pictures lançou o filme Drácula: a história nunca contada, com Luke Evans no papel do protagonista. Nesta adaptação, somos apresentados à vida de Vlad antes de tornar-se o temível vampiro e os espectadores conhecem uma versão mais humana da criatura imortal.

Filme de 2014

De qualquer forma, o personagem Drácula continua a nos cativar. Este foi, e continua sendo, o mais célebre livro escrito pelo irlandês Bram Stoker, em 1897. Stoker nasceu em 8 de novembro de 1847 e até os 7 anos de idade era muito doente, ficando confinado à cama na maior parte do tempo. Este período de repouso, no entanto, foi útil para polvilhar a sua mente de histórias e personagens fantásticos. Após seus estudos na universidade, Stoker tornou-se um conhecido crítico de teatro e ficou amigo do ator Henry Irving. Stoker casou-se com Florence Balcombe, que havia sido anteriormente prometida a outro escritor irlandês: Oscar Wilde!
Bram Stoker

Antes de escrever Drácula, Stoker passou anos estudando o folclore europeu e lendas mitológicas relacionadas com vampiros. Ele tinha um amigo escritor húngaro, Ármin Vámbéry, que lhe contava histórias fantásticas do centro europeu e que, provavelmente, inspiraram Stoker a escrever seu romance gótico. Além de Drácula, Stoker escreveu outros romances menos conhecidos e contos, incluindo a antologia Dracula's Guest and Other Weird Stories, editada por sua mulher Florence e publicada postumamente. Bram Stoker morreu aos 64 anos, em 20 de abril de 1912 em Londres.

Espero que tenham gostado de saber um pouco mais sobre o vampiro mais conhecido do mundo literário e sobre seu criador, Bram Stoker.

Um forte abraço a todos e não esqueçam de enfeitar seus quartos com flores de alho!

Fernanda

terça-feira, 21 de julho de 2015

"Sussurro", Becca Fitzpatrick

Olá, queridos leitores!

Em época de férias, a gente costuma ler livros mais light, que nos divirtam e levem nossa mente para longe dos problemas do dia-a-dia, certo? Não há nada melhor do que passar os dias de folga viajando por diversos universos literários, e um deles que me cativou bastante foi o criado por Becca Fitzpatrick na série Hush Hush.

Já passamos pela fase dos bruxos, dos vampiros, dos zumbis... e agora Fitzpatrick nos traz o mundo fantástico dos anjos caídos. A saga tem quatro volumes: Sussurro, publicada em 2009; Crescendo, de 2010; Silêncio, de 2011; e Finale, publicado em 2012.


Quem me apresentou a esta série foi uma prima minha que sabia do meu gosto pelo fantástico e sobrenatural e, portanto, devo a ela a minha entrada no universo de Nora Gray e Patch.

Confesso que no início fiquei bastante desapontada com a trama: garoto novo e misterioso que chega à escola e é escolhido para ser o parceiro de biologia da protagonista... um clichê um tanto à la Crepúsculo, não? Mas resolvi dar mais uma chance ao livro e o li até o final, felizmente, pois a autora consegue reverter a história para um enredo original e envolvente.

Ao se aproximar de Patch, um garoto misterioso e incrivelmente atraente, Nora descobre que ele é, na verdade, um anjo caído, que foi banido do Céu por cobiçar a vida humana. Além disso, Nora descobre ser descendente dos Nefilim, uma raça de semi-mortais, frutos da relação entre um anjo caído e um mortal. Patch, que vive em um esconderijo embaixo de um parque de diversões, pretende matar Nora para que possa, finalmente, ter um corpo humano. Porém, as coisas se complicam quando os dois se apaixonam...

Sussurro é um romance adolescente que prende o leitor até a última página, e até mesmo além dela, pois a história de Nora e Patch não termina por aí, mas continua nos outros livros da quadrilogia. Gostei da maneira como Becca construiu os personagens, principalmente Patch - por quem toda leitora vai se apaixonar -, e Vee, a melhor amiga de Nora, que é super divertida.

Eu recomendo a saga inteira para todos aqueles que estiverem em busca de uma leitura descontraída, divertida e com um toque de sobrenatural. Além disso, acabamos sabendo muita coisa a respeito da mitologia dos anjos, que eu achei particularmente interessante.

Havia rumores de que Sussurro estaria sendo adaptado para um filme. Os direitos para adaptação foram comprados pela produtora LD Entertainment há mais de três anos, porém as gravações foram canceladas e, até o momento, não há indícios de que o filme venha realmente a acontecer. É mesmo uma pena, pois adoraria ver essa história nas telonas do cinema!

Becca Fitzpatrick é a autora desta série de livros. Ela nasceu nos Estados Unidos em 3 de fevereiro de 1979 e é uma autora best-seller do New York Times. Além da saga Hush Hush, Becca escreveu um novo livro intitulado Black Ice, que foi publicado aqui no Brasil pela Editora Intrínseca sob o titulo Gelo Negro. Eu já estou curiosa para conferir!

Becca Fitzpatrick

Um forte abraço a todos e uma deliciosa jornada ao universo dos anjos caídos!

Fernanda



sábado, 18 de julho de 2015

"Jane Austen em Contexto" - Biografia

Bom dia, queridos leitores!

Que deliciosa e ensolarada manhã de sábado!


Muitos de vocês já sabem que sou apaixonada por Jane Austen, seus livros e sua vida. Fiz o meu trabalho de conclusão do curso de Letras sobre ela e não me canso de ler sobre essa grande escritora do início do século XIX. Como hoje é o aniversário de morte desta grande mulher, decidi escrever um pouco mais sobre ela e o seu legado.

Um dos livros que usei durante a minha pesquisa e que é interessantíssimo é Jane Austen in Context, editado pela especialista em mulheres e a literatura, Janet Todd. Janet, agora com 72 anos, estudou na Universidade de Cambridge e hoje é professora de literatura na Universidade de Aberdeen, na Escócia. Ela se especializou na literatura inglesa dos séculos XVIII e XIX escrita por mulheres, estudando grandes autoras como Jane Austen, Mary Wollstonecraft, Mary Shelley, entre outras. Entre suas publicações acadêmicas, se destacam os livros Mary Wollstonecraft : A Revolutionary Life (2000), Daughters of Ireland (2004) e The Cambridge Introduction to Jane Austen (2006).
Janet Todd

Este livro, Jane Austen in Context, publicado pela primeira vez em 2005, procura esclarecer para o leitor de Jane Austen o contexto histórico, político e social que envolvia a autora na época de suas publicações. O livro é divido em capítulos, cada um escrito por um especialista de cada determinado assunto, que versam sobre diversos aspectos, como sua vida pessoal, a recepção crítica de seus trabalhos, a produção de livros na época, a comida, a educação, meios de transporte, religião, entre outros temas muito interessantes e que tornam a leitura dos livros de Jane Austen muito mais prazerosa.


Jan Fergus
O primeiro capítulo intitula-se Biography e foi escrito por Jan Fergus, professora do Departamento de Inglês da Lehigh University, na Pensilvânia, EUA, e estudiosa de Jane Austen. Este capítulo nos conta de forma breve a biografia da escritora Jane Austen.

Ela nasceu em 16 de dezembro de 1775 na área rural da Inglaterra, filha de um pastor e irmã de vários garotos e uma garota, Cassandra, com quem tinha uma relação muito especial. Seu primeiro romance, Razão e Sensibilidade, só foi publicado em 1811, vários anos após a autora tê-lo escrito. Fergus afirma que há muito pouco material sobre a vida pessoal de Austen. O que se tem acesso são as cartas escritas entre ela e sua irmã Cassandra e, mais tarde, a biografia A Memoir of Jane Austen, publicada pelo seu sobrinho, James Edward Austen-Leigh de 1870, e que foi publicado em português pela editora Pedrazul recentemente. Para os admiradores de Jane Austen, vale a pena conferir!


Fergus também escreve sobre as dificuldades que Austen encontrou para publicar seus livros sendo uma mulher no início do século XIX, sobre o costume da primogenitura da época, através do qual todos os bens do patriarca eram herdados pelo filho do sexo masculino mais velho, sobre a necessidade do casamento e o fato de que Austen decidiu permanecer solteira até o final da sua curta vida. Jane Austen morreu em 18 de julho de 1817, aos 41 anos.

É uma pena que Jane Austen tenha morrido tão nova. Ela poderia ter produzido muito mais se sua vida tivesse lhe proporcionado mais tempo. Contudo, devemos estar agradecidos pelo que ela nos deixou e aproveitar os inesquecíveis romances que, mesmo escritos há tanto tempo, ainda tocam o nosso coração.

Jane Austen

Um ótimo sábado a todos e desejo uma prazerosa leitura de Jane Austen!

Fernanda

quinta-feira, 16 de julho de 2015

"Os Magos", Lev Grossman

Bom dia, pessoal!

Pela primeira vez decidi participar de uma maratona literária e confesso que estou me divertindo muito! Me inscrevi na Maratona Literária de Inverno 2015, produzida pelo canal Geek Freak. Sempre tive curiosidade para saber como funcionava e o que acontecia em uma maratona literária e, como estou de férias este mês, resolvi aproveitar a oportunidade!


O legal de participar de uma maratona é que acabamos lendo mais e lendo livros que não leríamos normalmente. Foi o que aconteceu comigo! Para a primeira semana (06 a 12 de julho), a sugestão era a leitura de um livro de fantasia ou distopia. Corri os olhos pelas minhas prateleiras e decidi ler Os Magos, de Lev Grossman, um livro que ganhei de presente há uns três anos e estava na minha lista há muito tempo.


Eu sou apaixonada por livros de fantasia, portanto o título, a capa e uma citação da opinião de George Martin ("Os Magos está para Harry Potter como uma dose de uísque puro malte está para uma xícara de chá") me levaram a ter grandes expectativas com relação ao livro. Em linhas gerais, Quentin Coldwater, um menino muito inteligente do Brooklyn, acaba descobrindo a existência de magia no mundo real e convidado a estudar na faculdade para magos Brakebills. Ali, ele percebe que controlar a magia não é nada fácil. É, acima de tudo, técnica, e requer muito estudo e prática.

A faculdade de Brakebills, no entanto, não é um paraíso mágico como Hogwarts. Os alunos, como adolescentes do mundo real, estão mais preocupados em se divertir, bebidas, sexo e drogas, do que com o aprendizado das leis do mundo mágico. Confesso que isso me incomodou um pouco. Afinal, quem ficaria bêbado o dia inteiro quando poderia estar aprendendo a fazer feitiços?

Fillory


Quentin passa quatro anos em Brakebills e toda a sua trajetória na faculdade é contada. Além disso, o autor ainda relata o que acontece com Quentin depois que ele sai da faculdade de estudos mágicos e tem que enfrentar o tédio e vazio do mundo real. Ou seja, muita coisa acontece nesse livro! Portanto, no início a narrativa ficou até um pouco confusa. Porém, no final o autor conseguiu juntar todas as pontas soltas e a história de Quentin e seus amigos (Alice, Janet, Eliot e Josh) acaba se entrelaçando com a história dos livros que Quentin lia quando criança e adorava até os dias de hoje: Fillory e Além.

Fillory e Além é uma série de livros fictícia criada pelo autor Lev Grossman e que seria a saga favorita do personagem Quentin. Fillory é um lugar mágico, semelhante a Nárnia ou a Terra Média, e modelo de paraíso para Quentin. Mas, será Fillory mesmo um paraíso, local sagrado, seguro e mágico?


Os Magos é, no fim das contas, um livro divertido. É perceptível nos personagens um conflito entre ser um jovem adulto e experimentar tudo o que está a seu alcance, e o desconforto em deixar de ser criança e deixar para trás a imaculada Fillory.

Os Magos é o primeiro livro de uma trilogia. O segundo volume, O Rei Mago, já foi publicado em português pela Editora Amarilys. O terceiro, The Magician's Land, foi lançado nos Estados Unidos no ano passado e deve chegar logo no Brasil.


Uma notícia muito interessante é que Os Magos vai virar uma série de televisão, adaptada pelo canal SyFy. O episódio piloto já foi filmado e a série tem previsão de estreia para 2016. No elenco está Jason Ralph como Quentin.

Jason Ralph interpretará Quentin Coldwater


Lev Grossman
Lev Grossman é um autor norte-americano, jornalista e crítico literário. Ele já escreveu para o The New York Times, Entertainment Weekly, The Wall Street Journal e outros. Sua saga mais conhecida é a trilogia Os Magos, pela qual recebeu vários elogios.

No fim, Os Magos é uma ótima leitura, mas se Harry Potter é chá e Os Magos uísque de puro malte, eu ainda prefiro chá!

Um forte abraço a todos e ótimas leituras!

Fernanda

quarta-feira, 15 de julho de 2015

"A Letra Escarlate", Nathaniel Hawthorne

Olá, queridos leitores!

Hoje trago para vocês um dos livros clássicos da literatura norte-americana, um livro que todo adolescente americano já leu no colégio (assim como nós lemos Machado de Assis aqui!), e que nos envolve com o retrato da sociedade puritana norte-americana do século XVII.

Eu falo de A Letra Escarlate, livro escrito por Nathaniel Hawthorne e publicado em 1850. A história escrita por Hawthorne se passa na cidade de Salem em meados de 1600, cidade recém colonizada por ingleses e que mantinha uma postura estritamente conservadora e puritana. Neste vilarejo mora Hester Prynne, uma mulher muito bonita, cujo marido inglês, que deveria se juntar a ela no Novo Mundo, estava desaparecido há muitos anos. Mesmo que seu marido já fosse considerado morto, a sociedade da época não permitia que Hester tivesse relacionamentos com outros homens por ainda ser considerada uma mulher casada. No entanto, Hester fica grávida e, como punição por seu adultério - considerado um crime gravíssimo na época -, ela é obrigada a bordar um A em todas as suas roupas, como símbolo de sua traição e pecado.

Demi Moore no papel de Hester Prynne
A população de Salem, então, se empenha para descobrir quem é o amante de Hester e a isola de todas as atividades da cidade, fazendo-a ir morar com a sua adorável filha Pearl em uma cabana perto da floresta, longe de tudo e de todos, onde não pudesse influenciar ninguém com a sua má conduta.

Mesmo sendo considerada a pessoa mais pecadora da cidade, Hester é uma mulher pura de coração e dedicou a sua vida de isolamento a cuidar dos mais necessitados, fazendo trabalhos de costura e vivendo modestamente. Já os outros cidadãos da cidade, considerados homens e mulheres cristão e puros, são políticos corruptos, comerciantes desonestos, entre outros; e são eles, e não Hester, que mereciam punição por suas condutas. Nathaniel Hawthorne é bem evidente aqui em sua crítica ao puritanismo exacerbado e hipócrita daquela sociedade, que contava com excessos de manifestações religiosas para camuflar suas verdadeiras índoles.

Pintura da personagem Hester Prynne feita por Hugues Merle em 1861

Esta obra de Nathaniel Hawthorne é o seu romance mais conhecido e um dos livros mais lidos no mundo todo. Ela também já foi adaptada diversas vezes para o cinema, televisão, teatro e ópera, sendo as versões cinematográficas mais famosas a de 1926, um filme mudo norte-americano com Lilian Gish no papel de Hester Prynne, e a de 1995, dirigida por Rolland Joffé e com os atores Demi Moore e Gary Oldman nos papéis principais.

Filme de 1926

Filme de 1995

 Há outros filmes que não são verdadeiramente adaptações do livro, mas fazem referência a ele, como é o caso de Easy A, filme de 2010 com Emma Stone, que, por acaso, assisti ontem e me diverti muito! Emma Stone faz o papel de Olive que, através de mentiras, acaba tendo uma má reputação no colégio. Olive está lendo A Letra Escarlate na sua turma de inglês e acaba sentindo na pele o que a personagem Hester Prynne tem que enfrentar no livro. É uma comédia muito divertida e que também traz informações sobre o livro, vale muito a pena assistir!

Filme de 2010

Nathaniel Hawthorne (1804-1864) foi um dos principais escritores norte-americanos do século XIX. É considerado por muitos o primeiro grande escritor dos Estados Unidos. Além de A Letra Escarlate, sua principal obra, Hawthorne também escreveu contos e romances góticos, como A Casa das Sete Torres (1851).

Espero que tenham gostado da dica e que adicionem A Letra Escarlate em sua lista de leitura!




Uma ótima quarta-feira a todos!

Fernanda

segunda-feira, 13 de julho de 2015

"Miopia Progressiva", Clarice Lispector

Boa tarde, queridos leitores!

"Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligente dependia da instabilidade dos outros". É assim que inicia o conto Miopia Progressiva, de Clarice Lispector. E não é verdade? Somos constantemente julgados se somos inteligentes ou não através da perspectiva do outro, que nos julga. E o que sabe essa pessoa que nos julga? Que direito ela tem de nos julgar? É algo para se pensar, não é?

O narrador deste conto é um garoto que ainda não descobriu a chave de sua inteligência devido à instabilidade dos outros à sua volta. Quando ele faz uma observação que é considerada inteligente, ao repeti-la em outro momento, ele espera que ela acarrete uma reação parecida, mas não é sempre assim. O que é considerado inteligente um dia, já não é mais em outro. Que lógica há nisso?

O personagem, então, decide aceitar a instabilidade das coisas e o fato de que nunca encontrará a chave da inteligência, pois ninguém a tem.

Eis que um dia o garoto é convidado para passar um dia inteiro na casa de uma prima casada e sem filhos. Ele percebe que, neste dia, ele pode fazer a prima julgá-lo da maneira que ele quiser, pois ela não o conhece ainda. Ele pode fazer uma observação inteligente e ser considerado um menino inteligente durante o resto do dia; pode se comportar bem e ser julgado como um garoto bem-comportado; ou pode se fazer de palhaço e se passar por um o dia inteiro. E o mais importante, a maneira como a prima o julgasse não mudaria em nada a sua natureza! Irônico, não?

Contudo, quando o garoto chega na casa da prima, ela percebe que nada acontece do jeito que ele havia imaginado. O amor que ela deveria lhe dar não é como ele havia pensado, a comida não é a mesma que ele visualizou em sua mente, a própria prima era diferente, ela tinha um dente de ouro do lado esquerdo, algo com que ele definitivamente não contara. E é neste momento que o personagem chega a uma epifania:

A jovem Clarice
"Nesse dia, pois, ele conheceu uma das raras formas de estabilidade: a estabilidade do desejo irrealizável. A estabilidade do ideal inatingível. Pela primeira vez, ele, que era um ser votado à moderação, pela primeira vez sentiu-se atraído pelo imoderado: atração pelo extremo impossível".

E finalmente abraçou o inesperado da vida, que a torna maravilhosa do jeito que é: cheia de possibilidades, liberdade e paixão!

Este é um de meus contos preferidos de Clarice Lispector. A conclusão que o narrador chega ao final do conto é uma que já me passou pela cabeça diversas vezes: não importa o quanto tentemos manipular ou controlar nossas vidas, não há nada que possamos fazer! A vida é mesmo incontrolável e é, por isso mesmo, tão emocionante! É o que nos faz ansiar viver e encontrar aquilo que nos espera ao cruzar a próxima esquina!

Neste conto, publicado no livro Felicidade Clandestina (1971), é visível a influência da vanguarda europeia modernista em Clarice, mesmo que a autora tenha negado ser uma escritora modernista. Clarice preferia não se enquadrar em nenhuma corrente literária específica, mas, sim, escrever conforme sua imaginação a levava. Mas percebo neste conto uma epifania à la James Joyce, que deixa o leitor, mesmo finalizando a leitura, imerso em reflexão.

Clarice Lispector (1920-1977) nasceu na Ucrânia, mas naturalizou-se brasileira. Ela é considerada uma das escritoras mais importantes do cenário literário brasileiro de meados do século XX, escreveu contos, crônicas e ensaios. Clarice escrevia sobre cenas do cotidiano, que levavam personagens a refletir sobre sua própria existência. Uma grande escritora que levou nossa literatura brasileira a outro patamar.

Clarice Lispector

Um forte abraço e a todos e espero que se encantem com a escrita de Clarice Lispector!

Fernanda

domingo, 12 de julho de 2015

"Animais Fantásticos & Onde Habitam", Newt Scamander

Olá, queridos leitores!

Neste domingo preguiçoso, estava dando uma olhada nos livros em minhas prateleiras e acabei sendo puxada para o universo mágico de Harry Potter e redescobrindo Animais Fantásticos & Onde Habitam. Ao folhear este livro (dando muitas risadas!), só confirmei o fato de que J. K. Rowling é mesmo uma escritora excepcional!

Animais Fantásticos & Onde Habitam é, na verdade, um dos livros obrigatórios para os estudantes de Hogwarts. Neste mundo fantástico, o livro tinha sido escrito por Newt Scamander, um bruxo estudioso das criaturas mágicas nascido em 1897, Ordem de Merlim Segunda Classe, e amigo íntimo de Alvo Dumbledore, que, por sinal, escreveu o prefácio do livro.

No nosso mundo real dos Trouxas (droga!), quem escreveu o livro foi, na verdade, J. K. Rowling, autora da saga Harry Potter, sob o pseudônimo de Newt Scamander. A edição a que os leitores têm acesso é a que pertenceu ao próprio Harry Potter, e está cheio de anotações engraçadas escritas por Harry ou Rony, baseadas em suas aventuras nos livros da série.

O livro é dividido em verbetes, como entradas de dicionários, com a catalogação das criaturas mágicas, classificação de perigo e características da espécie. Porém, o mais divertido é ler o que Harry e Rony acrescentam. Por exemplo, na entrada do Basilisco, o último parágrafo termina da seguinte maneira: "Contudo, uma vez que os basiliscos não são controlados, exceto por ofidiglotas, eles oferecem tanto perigo à maioria dos bruxos das trevas quanto a qualquer outra pessoa, e não há registros de basiliscos na Grã-Bretanha nos últimos quatrocentos anos". Ao que Harry adiciona em sua própria caligrafia: "é o que você pensa", fazendo referência aos acontecimentos do segundo livro da série, Harry Potter e a Câmara Secreta.


Este livro só prova a imensa capacidade criativa de J. K. Rowling e a perfeição com que ela criou este universo mágico, cuidando de detalhes como a classificação dos animais que habitam este mundo. É interessante lembrar que esta obra de Rowling, publicada em 2001, foi escrita com o intuito de, além de oferecer uma nova leitura aos fãs de Harry Potter, gerar fundos para a associação de caridade Comic Relief, que ficou com 80% do valor arrecadado com a venda dos livros.


J. K. Rowling nasceu em 31 de julho (mesma data do aniversário do personagem Harry Potter) de 1965, escreveu a fantástica saga Harry Potter, que vendeu mais de 400 milhões de cópias pelo mundo todo, e atualmente trabalha na série de romances policiais, escritos sob o pseudônimo Robert Gailbraith: O Chamado do Cuco (2013) e O Bicho-da-Seda (2014). O próximo livro desta série está previsto para sair neste ano e será intitulado Career of Evil.


J. K. Rowling


Animais Fantásticos & Onde Habitam será adaptado para o cinema em formato de trilogia, que acompanhará o personagem Newt Scamander, o suposto autor do livro, e sua vida em Nova York em 1920, setenta anos antes dos acontecimentos de Harry Potter. Quem irá dirigir o filme é David Yates, que também dirigiu alguns filmes da saga Harry Potter, e o ator Eddie Redmayne fará o papel de Newt Scamander. O filme tem previsão de estréia para 17 de novembro de 2016. Eu não vejo a hora de poder voltar ao universo de Harry Potter através das telas do cinema!


Um grande beijo a todos, ótimo domingo e, claro, boas leituras!

Fernanda


sexta-feira, 10 de julho de 2015

"O Prazer da Literatura" no Sarau Sesi

Boa tarde, queridos leitores!

Ontem participei de mais um evento literário e gostaria de compartilhar com vocês esta incrível experiência! Eu simplesmente adoro fazer parte de eventos culturais como este sobre o qual vou escrever para vocês aqui. E não preciso nem falar que onde há livros e pessoas apaixonadas pela literatura, eu me sinto em casa, não é? :)

Pois bem, ontem o Sesi Escola de São Bento do Sul - SC organizou uma sarau literário, "o Tal do Sarau". Foi uma experiência muito legal, pois o evento combinou a presença de escritores da região, como eu, apresentações e declamação de poemas dos alunos do EJA (Ensino de Jovens e Adultos) do Sesi, e apresentações musicais de músicos da região. A proposta era que o evento fosse bem descontraído e informal para que os alunos pudessem participar o máximo possível, por isso as luzes forem diminuídas, havia velas pela sala, almofadas pelo chão, e pipoca e chá de abacaxi para acompanhar e espantar o frio do inverno catarinense!

Eu participei do evento a convite da querida Professora Karina Keil e conversei brevemente com os alunos sobre a minha trajetória como escritora, sobre os livros que escrevi e sobre este blog, no qual escrevo sobre a minha paixão pela leitura e pela literatura. Fiquei muito feliz por ter participado deste evento e espero ter contribuído de alguma forma para que esta paixão também (re)nasça no peito daqueles que estavam ali presentes.

Sarau Literário no Sesi - São Bento do Sul, SC




Hoje é sexta-feira e convido vocês a deixarem a televisão de lado, colocarem um pijama quentinho, preparar um bom chocolate quente, escolher um livro e ir para debaixo das cobertas. E tenham uma maravilhosa jornada pelo universo dos livros!

Beijos,

Fernanda

quinta-feira, 9 de julho de 2015

"O Crepúsculo da Águia", Jean Plaidy

Boa tarde, queridos leitores!

Nesta semana terminei de ler o segundo volume da Saga Plantageneta, escrita por Jean Plaidy durante 6 anos e 14 volumes, que conta as jornadas dos monarcas que governaram a Inglaterra durante esta dinastia, que reinou do século XII ao XV.

Eu sou fã de romance histórico e acho maravilhoso conhecer mais sobre a história mundial através das histórias individuais destes personagens tão marcantes, como o Rei Henrique II e a Rainha Eleanor da Aquitânia, mesmo que eles não tenham realmente dito aquelas palavras ou pensado desta ou daquela maneira. Na verdade, nós nunca saberemos o que se passou no passado, então nada nos impede de imaginar, não é mesmo? E Jean Plaidy imaginou a vida destas figuras que viveram no século XII de maneira espetacular. É impossível ler o primeiro volume da Saga e não se prender à história da família Plantageneta.

Quem quiser revisitar a publicação sobre o volume 1, Prelúdio de Sangue, pode clicar aqui.

No segundo volume, O Crepúsculo da Águia, publicado pela primeira vez em 1977, acompanhamos Henrique II, rei da Inglaterra, que se casara com Eleanor da Aquitânia e se tornara um dos homens mais poderosos no território europeu naquela época. Henrique era um exímio lutador e sua reputação de homem feroz já tinha percorrido todo o continente. Quando ele chegava ao campo de batalha, os inimigos debandavam com medo do poderoso rei.

Henrique II da Inglaterra

  
Rainha Eleanor

Henrique foi coroado rei em 19 de dezembro de 1154. Casado com Eleanor, os dois tiveram oito filhos: Guilherme, que morreu muito cedo, ainda criança, Henrique, Matilda, Ricardo, Geofredo, Eleonor, Joana e João.


No início, Eleanor e Henrique eram muito apaixonados. Porém, a rainha logo descobriu as infidelidades do rei e os dois passaram a se odiar. Eleanor buscou conforto nos filhos mais velhos, que, também, passaram a odiar o pai e a sua obsessão pelo poder.



A coroação do jovem Henrique
Como estava sempre participando de batalhas, o rei temia pela sua vida e pelo que poderia vir a acontecer com o trono se ele morresse. Portanto, ele decidiu coroar seu filho mais velho, Henrique, que na época tinha apenas dezesseis anos. A Inglaterra pela primeira vez na história passou a ter dois reis vivos. Henrique II, no entanto, só queria dar ao filho a certeza de que seria o sucessor do trono quando ele morresse, mas ele não tinha a mínima intenção de conferir poder ao filho enquanto ainda vivesse.

Foi então que as brigas entre os filhos e o pai se iniciaram. Henrique, assim como Ricardo e Geofredo, queriam terras para governar, porém o pai Henrique não dava o braço a torcer. Ele sabia que, no fundo, ele era uma grande águia, sendo atacada por quatro águias filhotes. E a menor delas, o filho caçula João, que parecia mostrar certo afeto em relação ao pai, era o que lhe arrancaria os olhos com o bico e que lhe machucaria mais com a sua traição.

Henrique II estava certo. Os filhos tramavam contra o pai para tirar-lhe do poder. O filho Henrique, com apenas 28 anos, morreu em combate, vítima de uma forte febre. Ele era considerado o príncipe mais bonito da cristandade e surpreendia a todos com a sua beleza e charme.

O jovem rei Henrique



Rei Ricardo, o Coração de Leão

 Com a morte do irmão mais velho, Ricardo se torna o herdeiro do trono da Inglaterra. Já velho e sem o vigor de antigamente, Henrique II morre aos 56 anos, e Ricardo prepara-se para assumir o trono. É a trajetória dele como rei da Inglaterra que será contada no terceiro volume da série, O Coração de Leão, que já estou louca para ler!


 Jean Plaidy (1906-1993) é a maravilhosa autora desta saga e de muitas outras séries de romances históricos, como as sobre a dinastia Stuart e a dinastia Tudor. Plaidy é, na verdade, um dos pseudônimos da escritora inglesa Eleanor Hibbert, que durante a sua vida escreveu mais de duzentos romances. Ela é, sem dúvida, uma das mulheres que mais admiro por seu talento como escritora e historiadora, trazendo os grandes períodos e figuras da história inglesa para as páginas dos livros.


Jean Plaidy

Espero que vocês se encantem com esta saga tanto quanto eu e que estejam empolgados para ler sobre o reinado de Ricardo I, o Coração de Leão.

Um beijo a todos e ótimas leituras!

Fernanda