Hoje resolvi escrever sobre um dos grandes nomes da Poesia Brasileira, o paraibano Augusto dos Anjos.
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Augusto dos Anjos |
Seus poemas foram reunidos no livro Eu, publicado pela primeira vez em 1912, livro que continua até os dias de hoje como um dos livros de poemas mais vendidos no Brasil.
A Ideia é um poema que foi publicado nesta coleção de 1912. Considerado um poeta parnasiano, Augusto dos Anjos mantém a métrica tradicional do soneto (dois quartetos e dois tercetos) neste poema, porém já traz à tona ideias pré-modernistas, como os termos científicos em abundância.
Esta linguagem cientificista, orgânica e crua causou repulsa a muitos críticos da época, acostumados com a elegância do classicismo. Os modernistas, no entanto, aclamam e obra de Augusto dos Anjos e a divulgaram em peso.
Outros escritores pré-modernistas no Brasil, os neo-parnasianistas do período entre 1910 e 1920, são Coelho Neto, Euclides da Cunha, Graça Aranha e Monteiro Lobato.
Confira o poema:
A Idéia
Augusto dos Anjos
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.
A beleza da leitura de poesia está no fato de que ela é aberta a diversas interpretações, e a cada vez que
lemos o mesmo poema, nos damos conta de camadas ali antes escondidas, que através de novas leituras são reveladas.
A primeira interpretação que me vem à cabeça é que Augusto de Anjos está descrevendo o processo de criação de uma ideia como se ele fosse um procedimento mecânico, que sai do encéfalo e passa com dificuldade pelas cordas da laringe. No entanto, ao tentar sair para o mundo real, a ideia "esbarra no mulambo da língua paralítica". Não conseguimos traduzir nossas ideias! Falta-nos palavras!
E não é isso mesmo que acontece?
Leia este e outros poemas de Augusto dos Anjos, grande poeta brasileiro!
Um ótimo sábado,
Fernanda
Apesar de ser paraibana, eu não conhecia esse escritor, mas me pareceu muito bom.
ResponderExcluirObrigado pela visita.
abraços@
seforasilva.blogspot.com
Augusto dos Anjos consegue, neste poema, .descrever e exaltar o processo do pensamento.
ExcluirSalve Augusto dos Anjos!
Oláá
ResponderExcluirNão conhecia o autor, mas o livro parece ser bem interessante apesar de não fazer meu gênero, poesia é muito bom de se ler ás vezes e até pretendo ler mais esse ano.
Beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/
Oi, Fernanda! Tudo bem? Já conhecia o trabalho de Augusto dos Anjos, havia estudado o trabalho e a vida dele há um tempo atrás... Gostei bastante do post e de ver a sua interpretação do poema Idéia (ótimo poema, por sinal.)! :)
ResponderExcluirAbraço
http://tonylucasblog.blogspot.com.br/
Oiii!
ResponderExcluirNunca ouvi falar no autor... O livro parece ser super interessante, mas não faz meu estilo, então não sei se leria... Quem sabe rsrs.
O post está bem legal (e mesmo não gostando muito de poema, gostei desse pequenininho) rsrs
Beijos!
Oi!!!
ResponderExcluirEu não conhecia o autor, nunca nem tinha ouvido falar dele.
E sinceramente não me parece ser muito o meu tipo de leitura.
Não curto muito esse tipo de obra, mas pra quem gosta o livro parece ser bom.
Beijinhos
Jaque - Meus Livros, Meu Mundo.
Olá :)
ResponderExcluirConfesso que poesia não é muito meu forte, me mato com isso na faculdade.
Já ouvi falar do Augusto nas minhas aulas de Literatura, mas confesso que nunca o estudei mais a fundo.
Eu adoro essas suas colunas que nos fazem lembrar ídolos do passado.
Beijocas,
http://www.segredosentreamigas.com.br/
Não sou muito fã de poesias não, é raro me encantar por alguma (hahaha) #Aloka
ResponderExcluirQuem sabe algum dia eu pegue algo do altor para ler ;) Valeu a dica!
xoxo
http://www.amigadaleitora.com/
Este fabuloso poema de Augusto dos Anjos atravessa a humanidade, justamente por causa das suas interpretações multifacetadas. Quando leio este poema, lembro-me da Ditadura Militar, onde as ideias contrárias às dos líderes, eram travadas, proibidas... a língua de muitos estudantes e pessoas racionais e intelectuais, apesar de suas ideias magníficas no cérebro, era apenas um mulambo, que deveria ficar paralisada na boca...
ExcluirCibele Roque
Provavelmente, mesmo aqueles que nunca ouviram falar de Augusto do Anjos, mas que têm um mínimo de admiração por poesia (sem ser um aficcionado) devem ter ouvido os seguintes versos dele: "Quem passou pela vida em branca nuvem, quem em plácido véu adormeceu, não foi homem, foi espectro de homem; só passou pela vida, não viveu!"
ResponderExcluirO autor desses versos, 'Ilusões de Vida', foi Francisco Otaviano, poeta, jornalista e político carioca.
ExcluirAugusto dos Anjos foi mais um poeta genial que não teve seu reconhecimento em vida. O autor de 'Versos Íntimos' foi singular no seu parnasianismo pré modernista.
ResponderExcluirPara mim, Augusto dos Anjos foi,talvez,o poeta que escreveu de uma forma diferente de todos os outros poetas brasileiros. Um gênio ds nossa literatura.
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