sábado, 31 de janeiro de 2015

"Assassinato no Expresso do Oriente", Agatha Christie

Bom dia!

Em um sábado nublado nada melhor do que ler uma boa história policial, não é? Portanto, resolvi escrever sobre a Rainha do Crime, a maravilhosa Agatha Christie.
Christie nasceu na Inglaterra em setembro de 1890 e morreu em janeiro de 1976, com 85 anos. Durante sua carreira publicou mais de 80 livros! De acordo com o Guiness Book, ela é a escritora mais bem-sucedida da história da literatura popular, vendeu mais de 2 bilhões de livros.


Entre seus livros mais conhecidos estão E não sobrou nenhum (ou O caso dos dez negrinhos, o título deste romance foi alterado nos últimos anos), publicado em 1939, Assassinato no Expresso do Oriente, de 1934, O Assassinato de Roger Ackroyd, de 1926, entre outros. Muitos de seus romances foram adaptados para o cinema e teatro, tornando-se peças teatrais de muito sucesso, como a peça A Ratoeira, a peça encenada há mais tempo na história do teatro.

A peça "A Ratoeira", em produção em Londres

A peça "A Ratoeira" em cartaz no St Martin’s Theatre, Londres
























Assassinato no Expresso do Oriente foi um dos primeiros romances que li de Agatha Christie e me apaixonei pela autora. Ela pode seguir as convenções do gênero literário romance policial, mas seus finais são sempre surpreendentes. Neste livro em particular, o caso não foi diferente.


Em uma viagem no suntuoso Expresso do Oriente de Istambul para Londres, Hercule Poirot, o célebre detetive de Agatha Christie, é avisado que, durante a noite de grande nevasca, um dos passageiros do trem foi assassinado. Agora cabe ao detetive belga descobrir quem matou Mr. Ratchett e qual o seu motivo.

Interior do Expresso do Oriente
Interior do Expresso do Oriente


 

 Como todos os romances policiais de Christie, é impossível largar o livro até descobrir quem é o culpado. Algum palpite?

Um ótimo sábado a todos e boas investigações!

Fernanda

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"Grandes Esperanças", Charles Dickens

Bom dia a todos!

De volta à literatura inglesa, resolvi escrever nesta sexta-feira sobre um de meus escritores preferidos, Charles Dickens (1812-1870)!

Charles Dickens aos 49 anos

Rainha Victoria, o primeiro monarca inglês a ser fotografado
Considerado o maior romancista da Era Vitoriana (que consiste no período do reinado da Rainha Victoria, que durou de 1837 até sua morte em 1901), Dickens escreveu inúmeros contos e romances. Através de suas palavras, ele fazia uma crítica social à sociedade da época.
Além de ser ainda muito lido nos dias de hoje, as obras de Dickens eram muito populares durante a sua vida, o que não era comum na época. Entre seus principais livros estão o maravilhoso Oliver Twist (1839), David Copperfield (1850), o famoso conto de Natal A Christmas Carol (1843), e seus vários contos de fantasmas.

Grandes Esperanças, ou Great Expectations no original, foi o décimo-terceiro livro de Dickens, publicado pela primeira vez em forma seriada de dezembro de 1860 a agosto de 1861. Os leitores da época liam o livro por partes, e ficavam ávidos pela publicação da parte seguinte. Eram histórias populares e tópico de conversas de muita gente, era como as novelas hoje em dia! Mais tarde, em dezembro de 1861, o livro foi publicado integralmente em três volumes.

Grandes Esperanças é narrado em primeira pessoa pelo garoto Pip, que conta a sua trajetória de amadurecimento de criança para jovem adulto. Já no início do romance, Pip encontra em um cemitério um homem condenado à morte e acaba sendo forçado a ajudar o homem. Tal acontecimento marca a infância de Pip. Ainda criança, Pip conhece a rica Miss Havisham, uma mulher que foi abandonada no altar e até hoje usa seu vestido de noiva, e sua protegida, a fria Estella, por quem Pip se apaixona. Mais tarde, já crescido, Pip recebe uma ajuda financeira anônima para se tornar um cavalheiro. Pip se muda para Londres, ganha roupas novas, recebe educação, a única condição estabelecida é que o garoto nunca pergunte o nome do seu benfeitor. O leitor, então, acompanha Pip em sua transformação de aprendiz de ferreiro a abastado cavalheiro, as mudanças sociais e psicológicas que isto acarreta, e a eventual descoberta de quem é o seu secreto benfeitor.
Grandes Esperanças apresenta personagens clássicos e inesquecíveis de Dickens, como a velha Miss Havisham e o condenado Abel Magwitch.

Pip e Miss Havisham

Este romance de Dickens já foi adaptado para o cinema diversas vezes. Destas adaptações, eu assisti e gostei muito do filme para televisão produzido pela BBC e dirigido por Julian Jarrold. Nesta versão, Ioan Gruffudd interpreta Pip adulto, Charlotte Rampling é Miss Havisham, Justine Waddell é Estella, e o condenado Abel Magwitch é interpretado por Bernard Hill.





Charles Dickens é uma ótima sugestão de leitura para o final de semana!


Boa sexta-feira a todos,

Fernanda

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

"Esaú e Jacó", Machado de Assis

Bom dia, pessoal!

Hoje resisti à vontade de escrever sobre literatura inglesa (é difícil controlar!), e decidi escrever sobre a nossa riquíssima literatura nacional. Portanto, nada melhor do que recorrer ao nosso mestre, Machado de Assis, sem dúvida o maior escritor brasileiro, e um dos maiores da literatura mundial.

Machado de Assis em 1896

Esaú e Jacó foi o penúltimo livro escrito por Machado, publicado já em 1904, quatro anos antes da morte do escritor carioca. O livro conta a trajetória de Pedro e Paulo, que, assim como na história da Bíblia apresentada no título, são irmãos gêmeos, que vivem em conflito. Desde antes do nascimento, no ventre da mãe Natividade, os irmãos brigam, o que sempre perturbou sua mãe. Ao crescerem, os irmãos tomam rumos opostos: Pedro é monarquista e cursa Medicina, enquanto Paulo é republicano e estuda Direito. Para tornar suas desavenças ainda mais profundas, os dois se apaixonam pela mesma mulher, Flora.

 
De todos os livros do escritor que já li até agora, este é o meu livro favorito de Machado. O principal motivo é o cenário político representado no livro, que é de muita importância para o desenrolar da história. O momento é o turbulento fim do Império e o nascimento da República do Brasil. Machado é bastante crítico em relação aos acontecimentos movidos por interesses políticos que levaram à proclamação da república, em 1889. É como viver no Rio de Janeiro no período de declínio da monarquia e vivenciar as mudanças causadas pela proclamação da República no âmbito dos moradores da cidade, como a tradicional Confeitaria do Império, que teve que trocar o seu nome e, consequentemente, a placa do estabelecimento. No fim das contas, nada mudou para a população. Fernando de Barros e Silva, em seu artigo publicado na Folha de São Paulo, em 15 de novembro de 1989, afirma que, para Machado, a República foi só troca de fachada, literalmente. Ele diz: "Machado de Assis arranca o riso do leitor ao reduzir a proclamação da república a mera troca de tabuletas, questão de enfeite mais do que de substância".

A Proclamação da República por Marechal Deodoro da Fonseca

A História e a Literatura estão intrinsecamente ligadas, uma influencia a outra. E uma das grandes vantagens da Literatura, na minha opinião, é fazer o leitor viajar através da História por intermédio das palavras.

Não deixem de colocar Esaú e Jacó em sua lista de leituras, e boa viagem ao Brasil de fins do século XIX!

Fernanda

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"Tess of the D'Urbervilles", Thomas Hardy

Olá!

Não se deixem apavorar pelo título (que parece) complicado! Tess of the D'Urbervilles, ou apenas Tess, é um romance de Thomas Hardy, publicado pela primeira vez em 1891, e considerado um dos grandes livros da literatura inglesa. O romance conta a trágica trajetória da heroína Tess Durbeyfield, uma pobre garota que mora com sua família em uma área rural da Inglaterra. Tal história se passa na segunda metade do século XIX, época da Primeira Grande Depressão, ou Pânico de 1873, na Europa e Estados Unidos. Este foi um período de recessão econômica que durou de 1873 a 1879, causando pobreza, miséria e fome. O pai de Tess, ávido por encontrar uma solução para a sua situação econômica, descobre que sua família é descendente dos grandes e ricos D'Urbervilles e manda sua filha Tess ao encontro do seu "primo" Alec D'Urberville, para que ele reconhecesse o seu parentesco. O problema é que Alec é um grande sedutor, que se encanta pela beleza de Tess. Sem planos de casamento, Alec a seduz e inicia a grande ruína na vida de Tess. Lembrem-se que na época, uma mulher que tivesse um caso amoroso sem ser casada era automaticamente marginalizada da sociedade e sofria muitos preconceitos. A partir deste momento, a vida de Tess se torna uma desgraça, e Tess sofre em busca da felicidade. É como um certo personagem disse, "Out of the frying-pan into the fire!".
Na época da publicação deste livro, em 1891, a sociedade conservadora inglesa o criticou muito, alegando que ele desafiava a moral. Foi só mais tarde que este livro alcançou seu lugar de prestígio no cânone literário.
Thomas Hardy, nascido em junho de 1840 e falecido em janeiro de 1928, é considerado um escritor realista do período vitoriano, ainda que ele tenha sido influenciado enormemente pelo período romântico. Hardy publicou 18 romances, além de contos e poesia, e seu tema central é o declínio da sociedade rural inglesa de fins do século XIX.
Thomas Hardy

Até o momento, só li Tess das obras de Hardy, Tenho um livro seu de poemas, que ainda não tive a oportunidade de ler, e quero muito ler Far From the Madding Crowd (1874), outro romance seu muito conhecido.
A história de Tess foi adaptada para o cinema e teatro diversas vezes, porém acredito que a versão mais conhecida, e a que eu assisti, é a de 1979, dirigida por Roman Polanski, com Nastassja Kinski como Tess Durbeyfield, e Leigh Lawson como Alec d'Urberville. O filme é interessante, porém o ritmo é um pouco lento.
Filme de 1979, de Roman Polanski

Alec D'Urberville e Tess Durbeyfield

De qualquer maneira, Thomas Hardy é um autor que não pode faltar em sua lista de leituras, seja Tess of the D'Urbervilles ou outros de seus livros!

Um abraço,

Fernanda

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

"Enigmas de Londres: Espíritos do Tâmisa", Ben Aaronovitch

Olá pessoal,

quem gosta de livros sabe: muitas vezes somos levados a ler um livro pela sua capa. Não é mesmo?
Ainda mais hoje em dia, já que o mercado editorial está crescendo muito e investindo no visual e detalhes das publicações.
Enigmas de Londres: Espíritos do Tâmisa tem uma capa atraente (sem falar no título tentador, né?). Ela mostra um mapa da cidade de Londres, coberto com manchas de sangue. Já foi o suficiente para me convidar para a leitura. Espíritos do Tâmisa é o primeiro volume da trilogia de Aaronovitch (o segundo também já foi publicado pelo selo Fantasy da editora Casa da Palavra, sob o título Enigmas de Londres: Lua Negra Sobre Westminster; o terceiro ainda está em processo de tradução), que acompanha o protagonista Peter Grant, um oficial da Polícia Metropolitana de Londres, que descobre que há um departamento inteiro dentro da polícia londrina para lidar com casos sobrenaturais. Grant entra para este departamento policial e começa a se envolver com casos muitos estranhos que aterrorizam as ruas de Londres.
Muita gente, principalmente no meio acadêmico, tem um certo preconceito com relação a romances policiais, porque são considerados literatura de massa, sem espaço no cânone literário. No entanto, eu acredito que todo tipo de literatura tem seu espaço. Afinal de contas, ler também tem que ser prazeroso e leve, e às vezes precisamos de uma pausa dos clássicos, que, muitas vezes, são de leitura difícil, mais complexos no nível de interpretação. Espíritos do Tâmisa é justamente isso, um momento de descontração, que te leva a imaginar quais outros seres sobrenaturais rondam à nossa volta, sem nem nos darmos conta.
Eu li este livro em português, e confesso que fiquei um pouco desapontada com a tradução do livro: há certos erros de digitação, e passagens traduzidas que não fazem sentido algum no idioma português. Infelizmente, este é um acontecimento frequente, principalmente na publicação de best-sellers quando, acredito eu, não há tempo a perder e o processo de revisão é sacrificado para que o livro chegue mais rápido às prateleiras das livrarias. Espero que essas falhas tenham sido resolvidas na segunda edição do livro.
Ben Aaronovitch




Esta trilogia de livros está fazendo grande sucesso no Reino Unido, pois seu autor, Ben Aaronovitch, foi, também, roteirista de séries famosas de televisão, como Doctor Who. A série está vindo com tudo para o Brasil, ela pode não ter a profundidade e genialidade dos autores clássicos, mas a leitura vale a pena!


Um abraço,

Fernanda

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

"As Aventuras de Huckleberry Finn", Mark Twain

Mark Twain em 1907
Alguém já ouviu falar em Samuel Langhorne Clemens? Se a sua resposta foi negativa, talvez seja pelo fato de que ele é mais conhecido pelo seu pseudônimo Mark Twain. Agora sim, né?
Twain foi um dos maiores escritores norte-americanos, ele nasceu em 1835 em Missouri, e morreu em 1910 em Connecticut, com 74 anos.
O local onde passou a sua infância, no estado do Missouri, região central dos Estados Unidos, serviu de inspiração para o cenário das suas obras mais conhecidas: As Aventuras de Tom Sawyer (1876), e As Aventuras de Huckleberry Finn (1884), considerado o maior romance americano de todos os tempos.
Muitos consideram As Aventuras de Huckleberry Finn um livro para crianças, porém esta afirmação não poderia estar mais equivocada. A história do menino Huck não é nada infantil. A trama é contada através dos olhos de uma criança (narrada em primeira pessoa, recurso estilístico inovador), que vive grandes aventuras às margens do rio Mississippi. Filho de um alcoólatra, Huck sofre para se adaptar à sociedade em que vivia, sendo vítima de "tentativas de civilização" por parte da viúva Douglas e da Miss Watson. Tentativas sem sucesso, no entanto, pois Huck era um menino selvagem. Ele decide fugir e, para evitar que fossem à sua procura, forjou a sua própria morte. Seguindo pelo rio Mississippi em uma balsa, encontra o escravo Jim, que acaba sendo seu companheiro de viagem.
O estado de Missouri cortado pelo rio Mississippi


Norte vs. Sul - Guerra Civil Americana
  Huckleberry Finn foi publicado em 1884, depois do fim da Guerra Civil Americana (que durou de 1861 a 1865), em que os estados do norte, contrários à escravidão, lutaram contra os estados do sul, escravocratas. A escravidão já havia sido abolida em 1863 pelo presidente Abraham Lincoln. No entanto, a história de Twain se passa anos antes, quando a escravidão ainda era permitida. Ao conviver com o escravo Jim, Huck, que foi ensinado desde criança que negros deveriam ser tratados como escravos, começa a questionar a moralidade da sociedade americana de meados do século XIX e a hipocrisia de seus habitantes.
Confesso que a leitura deste livro não foi fácil, principalmente pelo fato de Twain escrever (através do personagem-narrador Huck) em um dialeto típico da região do Missouri, e de outros personagens falarem seu próprio dialeto, como o escravo Jim. Contudo, ao mesmo tempo em que a linguagem é uma das maiores dificuldades da leitura deste livro, ela é, também, seu maior trunfo. Ao lermos as palavras de Huck, Jim, Tom, e outros personagens, nós viajamos para a região ribeirinha do Mississippi do século XIX. É uma viagem e tanto!






Uma ótima segunda-feira a todos!

Fernanda

domingo, 25 de janeiro de 2015

"O Prazer de Ler", Heloísa Seixas

Domingo, dia de ficar de pijama o dia inteiro e ler um bom livro, não é verdade?
Por isso, decidi escrever sobre um livrinho (só tem 77 páginas) que li recentemente e simplesmente adorei!
É O Prazer de Ler, de Heloísa Seixas, uma escritora e tradutora brasileira. Ela já escreveu mais de dez livros, além de ensaios e traduções de obras clássicas, como Jane Eyre. Eu confesso que não a conhecia antes, mas depois de ler este livro, pretendo ler mais trabalhos da autora.
Heloísa Seixas

Neste livro Heloísa escreve sobre este prazer de ler, que, infelizmente, nem todos compartilham. É, em suas palavras, "um fenômeno parecido com ser inoculado por um vírus. A partir do momento em que isso acontece, não há mais volta". Eu concordo plenamente! Eu fui "infectada" por este vírus quando criança e até hoje me recuso a curar.
Ler as palavras da autora foi muito prazeroso pra mim, porque me identifiquei com todos os capítulos: sobre aqueles livros que amamos e que não saem de nossa cabeceira, sobre o mistério que suntuosas e antigas bibliotecas exalam, e o arrepio que sentimos ao entrar em um sebo e nos depararmos com os espíritos dos escritores.
Heloísa escreve: "Mas não tenho dúvida de que sentar numa poltrona confortável, sem ninguém por perto, com uma música instrumental suave ao fundo e, como diria o poeta Vinicius de Moraes, 'um gato para passar a mão', é uma das coisas mais deliciosas da vida - para qualquer pessoa". E não é verdade? Eu, pessoalmente, só trocaria o gato pelo cachorro. Mas fora isto, não existe nada melhor do que a sensação que Heloísa descreveu, não é?
No último capítulo, a autora ainda faz uma lista de seus livros preferidos e escreve um pouquinho da trama de cada um e de sua impressão sobre eles. A maioria já são livros consagrados pelo cânone literário, como Drácula, Oliver Twist, Os Três Mosqueteiros, A Comédia Humana, etc., mas há alguns menos conhecidos que me deixaram com vontade de ler.


Este livro é publicado pela Casa da Palavra e, acredito, fácil de encontrar em qualquer livraria. Dá pra ler de uma vez em uma tarde, e, tenho certeza, vai te fazer correr atrás da leitura atrasada!

Um beijo e bom finzinho de domingo!

Fernanda

sábado, 24 de janeiro de 2015

"Orgulho e Preconceito", Jane Austen

Bom dia, pessoal!

Ilustração de C. E. Brock
Ontem terminei de ler Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, e, como prometido, vou escrever aqui as minhas impressões sobre o livro. Muitos estudiosos consideram essa a obra-prima de Austen, e devo admitir que, depois de terminar de lê-lo, partilho da mesma opinião.
Como já escrevi aqui anteriormente, Orgulho e Preconceito foi publicado em 1813, porém Austen o terminou de escrever dezesseis anos antes, quando ela tinha apenas 21 anos. A oposição apresentada no título de Orgulho e Preconceito (assim como em Razão e Sensibilidade) guia toda a narrativa. Mr. Darcy aprende com Elizabeth Bennet a atenuar seu orgulho excessivo, assim como Elizabeth aprende com Darcy a dissipar seus preconceitos.
 
Na minha opinião, os personagens de Austen são seu grande triunfo. Neste caso, acompanhamos a trajetória da jovem Elizabeth, enquanto ela lida com a falsa moralidade da sociedade inglesa de fins do século XVIII e início do XIX, e desenvolve seu próprio caráter.
A linguagem usada por Austen é outro elemento intrínseco de suas obras, por isso fico com um pé atrás na hora de ler traduções da autora (realmente, é um trabalho árduo para o tradutor!). Portanto, li o romance no original, Pride and Prejudice, o que nos aproxima ainda mais da realidade daquela sociedade, através de sua maneira de falar e se expressar, o vocabulário da época, expressões de civilidade e os costumes da boa etiqueta. É claro que Austen se refere a estes costumes com uma ironia perspicaz, e são estes mesmos costumes que a protagonista ridiculariza.

Belíssima edição de capa dura de Pride and Prejudice, publicada pela Barnes & Noble
 É por esta e outras razões que vejo em Elizabeth Bennet, assim como em outras personagens de Austen, uma representação dos ideais da feminista Mary Wollstonecraft em seu tratado A Vindication of the Rights of Woman.
Tal discussão, no entanto, fica para outro post.
Fica aqui a minha recomendação do livro e, se possível, leiam no original!



Bom final de semana e ótimas leituras!

Fernanda

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Guimarães Rosa

Olá!

Eu tenho o costume de, durante minhas leituras, intercalar livros de literatura inglesa, que é minha área de estudo, e livros de outras literaturas, como a brasileira, a russa, francesa, etc. Planejo fazer o mesmo aqui neste blog, com o intuito de que ele seja o mais eclético possível, assim como a própria literatura.
Portanto, hoje decidi escrever sobre um dos grandes nomes da nossa literatura nacional, Guimarães Rosa.
Rosa foi um escritor mineiro, além de médico formado e diplomata. Ele nasceu em 1908 e morreu no Rio de Janeiro em 1967, aos 59 anos. Sua obra é focada nas dificuldades e modo de viver do sertão brasileiro, o qual ele retrata com riqueza de palavras, usando dialetos da região e palavras inventadas por ele mesmo.
Sua principal, e mais conhecida, obra é Grande Sertão: Veredas, que gira em torno da história do jugunço Riobaldo. Eu ainda não tive a oportunidade de ler este livro, mas certamente está na minha lista de leituras obrigatórias.
Devo confessar que o meu interesse por Guimarães Rosa aumentou significativamente depois de minha recente viagem a Minas Gerais, quando conheci sua cidade natal, Cordisburgo (a aproximadamente 120km de Belo Horizonte), e a casa onde o escritor morou. Eu acho incrível visitar os lugares que inspiraram grandes nomes da literatura, e esta pequena cidade mineira ofereceu muito material a Rosa, principalmente quando ficava na venda de seu pai e escutava as conversas dos jagunços que passavam por ali.
O Museu Casa Guimarães Rosa fica na casa onde o escritor nasceu e viveu até os 9 anos de idade e quem nos recebe e nos guia pelo museu são crianças, que participam voluntariamente do Projeto Miguilim e narram trechos de obras do Guimarães Rosa. Em minha visita, uma das "Miguilins", chamada Maísa, emocionou a todos os turistas narrando um trecho (longo, por sinal! E narrado de forma belíssima e de memória) da novela Campo Geral, parte do livro Corpo de Baile. Foi uma experiência ainda mais valiosa pra mim, porque este era justamente o único trabalho de Rosa que havia lido até então, e a história do pequeno Miguilim, seu irmão Dito, e do restante da família que vive no Mutum, ganhou vida através das palavras da pequena Maísa.
Campo Geral é um retrato do sertão brasileiro visto através da ingenuidade de uma criança. Vale a pena a leitura!
Abaixo segue uma foto de minha visita ao Museu Casa Guimarães Rosa.


Um forte abraço e ótimo final de semana!

Fernanda

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Jane Austen

Boa tarde!
Como este é o meu primeiro post propriamente dito, resolvi começar com a minha autora preferida, Jane Austen. Em meu Trabalho de Conclusão do Curso de Letras, analisei uma das personagens de Austen (posso dar mais detalhes desta pesquisa mais adiante), portanto tenho lido bastante coisa sobre ela, e tenho me deliciado. Ela é uma destas escritoras inesgotáveis, há sempre camadas m
ais profundas a serem desvendadas, que enriquecem cada vez mais o seu trabalho.
Muitas pessoas vêem em Austen apenas romances de costumes, que retratam os hábitos da classe média-alta inglesa de fins do século XVIII, e início do XIX. Claro, este é um elemento essencial do seu trabalho, mas não exclusivamente. Suas personagens são habilmente construídas, com profundidade psicológica. Além do mais, Austen é extremamente irônica e crítica aos costumes fúteis da época. No entanto, quem a lê superficialmente, acaba por perder estas nuances, que tornam suas obras mais complexas e dignas de análises pormenorizadas.
Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, e morreu 41 anos depois, ainda jovem, de uma doença desconhecida na época. Ela deixou seis romances completos, Razão e Sensibilidade, o primeiro a ser publicado em 1811, porém não o primeiro a ser escrito pela autora; Orgulho e Preconceito, em 1813; Mansfield Park, em 1814; Emma, em 1815; e Northanger Abbey e Persuasão, que foram publicados postumamente em 1817. Além destes, ela também escreveu a novela Lady Susan, publicada pela primeira vez em 1871, e deixou dois romances inacabados, Sandition e The Watsons.
Dos trabalhos de Jane Austen, já li Northanger Abbey, Razão e Sensibilidade, Emma, e estou lendo Orgulho e Preconceito. Eu simplesmente adorei todos, ela realmente leva o leitor a viver na sociedade inglesa deste período. Destes, tenho uma grande paixão por Emma, cuja personagem principal é inesquecível.
Ao longo deste ano, escreverei aqui as minhas impressões de cada um destes livros, além dos outros que eu planejo ler, e das diversas adaptações ao cinema e à televisão dos trabalhos de Austen. Além disto, planejo discutir aqui, também, trabalhos acadêmicos e críticos sobre diversos aspectos de sua obra. Vai ser uma delícia!
Ótima quinta-feira a todos!

Fernanda

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Janeiro de 2015

Bom dia! Janeiro de 2015, ano novo, vida nova, novos desafios! Resolvi aproveitar esta sensação de renovação e iniciar um novo projeto. Neste ano, começo o meu curso de Mestrado em Literatura Inglesa pela UFSC e decidi compartilhar aqui as minhas descobertas, prazeres e desventuras de meus estudos literários. A literatura é mesmo um universo encantador, daí o título deste blog, "O Prazer da Literatura". Ao longo deste ano, e espero que em outros por vir, postarei aqui minhas observações e reflexões, e espero poder contar com a contribuição de vocês, também amantes da literatura. Um abraço e um ótimo início de ano!

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Fonte: http://www.dutchbookchick.com/?p=2132