quarta-feira, 29 de abril de 2015

"O conto da aia", Margaret Atwood

Olá, queridos leitores.

Vocês conseguiriam imaginar uma sociedade no futuro em que de um dia para o outro as mulheres são obrigadas a deixar seus trabalhos, suas contas bancárias são automaticamente transferidas ao parente mais próximo do sexo masculino, todos os segundo casamentos e uniões não oficializadas são anulados e o único papel social da mulher passa a ser a procriação?

É neste contexto fictício que a escritora canadense Margaret Atwood nos conta a história de uma dessas mulheres que se tornou uma aia. As aias era mulheres solteiras e férteis que eram distribuídas entre as casas dos Coronéis e pessoas de alta influência para que lhes dessem um filho, que seria criado pela Esposa do Coronel. Depois que seu trabalho estivesse concluído ali, a aia era direcionada a outra casa de família para presenteá-los com a dádiva da procriação.

As aias vestiam-se inteiramente de vermelho com roupas muito conservadoras, seu corpo não deveria ser exposto, elas usavam luvas, um chapéu branco de abas largas na cabeça para esconder o rosto, eram proibidas de ler, escrever ou manter relações afetivas com ninguém.


O interessante de O conto da aia é que é uma aia, Offred (em inglês a preposição of significada de, portanto as mulheres perdiam o seu nome original e passavam a ser de alguém, neste caso de Fred, o Coronel), quem conta a história. Através de sua perspectiva e suas memórias, o leitor vai aos poucos descobrindo como esse regime totalitário e repressor do sexo feminino se instaurou, as características desta nova forma de governo e as punições para quem sair da linha. Ao mesmo tempo, lemos com o coração apertado a história dessa mulher, graduada na universidade e que trabalhou por muitos anos, que perdeu a sua identidade e busca sua própria essência dentro de si, se é que ela ainda está lá. É a busca da liberdade, da satisfação através de desejos que nos parecem míseros, como uma boa refeição, ou caminhar sozinha, ou calçar um par de sandálias e sentir o vento nos cabelos. Nós, leitores, passamos a olhar para a nossa própria realidade com outros olhos.

O conto da aia me instigou muito, eu devorei as mais de trezentas páginas. Mesmo caindo de sono e com as pálpebras pesando, eu precisava ler mais um pouco, precisava saber o que aconteceria a Ofglen e à sociedade como um todo. O que aconteceria com as mulheres deste local? Elas se rebelariam? Alcançariam sucesso ou seriam todas mortas ou severamente punidas?





 

Deixo essas questões a você, leitor, e espero que tenha se animado a ler este romance genial de Margaret Atwood, uma premiada autora canadense. Atwood nasceu em Ontário em 18 de novembro de 1939 e hoje com 76 anos ainda permanece ativa em sua prolífica carreira literária. Ela já escreveu romances, poesia, contos, livros de não-ficção e livros infantis. Além de O conto da aia, publicado em 1985, outras obras que se destacam são Olho de Gato (1988), A Odisseia de Penélope (2005) e O ano do dilúvio (2009).

Margaret Atwood

Para minha felicidade, descobri que O conto da aia foi adaptado para o cinema em 1990, com Natasha Richardson no papel de Offred, Robert Duvall como o Coronel e Faye Dunaway como a Esposa. Ele já está em minha programação para o fim de semana!


Espero que tenham gostado da publicação e que o livro de Margaret Atwood os leve a refletir.

Um abraço a todos e ótimas leituras!

FernandaF

terça-feira, 28 de abril de 2015

"A Pedra do Viking", Brian Lumley

Olá, queridos leitores!

Primeiramente, gostaria de me desculpar por não ter atualizado o blog diariamente nestas últimas semanas, ando tendo muito trabalho no mestrado. Contudo, procuro postar o mais frequente quanto possível, trazendo dicas da literatura mundial para vocês.

Brian Lumley
Hoje trago mais um conto para os amantes de histórias de mistério e suspense. Ele foi escrito por Brian Lumley, um ex-militar inglês nascido em 2 de dezembro de 1937. Hoje, com 77 anos, ele se dedica integralmente à literatura. Lumley é grande admirador das obras de H. P. Lovecraft e sua obra é bastante influenciada por ele, o norte-americano mestre do terror.

A história que escolhi para hoje, A Pedra do Viking, ou The Viking's Stone no original, foi publicada pela primeira vez em 1977 e traz o famoso detetive de Lumley, Titus Crow, um intelectual ocultista, que enfrenta magos, espíritos e todo tipo de criaturas sobrenaturais. Este personagem figura em seis romances e onze contos do autor.

Em A Pedra do Viking, Titus Crow liga desesperadamente para perguntar a De Marigny, outro ocultista e narrador da história, se o arqueólogo Benjamin Sorlson já lhe havia devolvido o livro Saga-Engledingabok. Intrigado, De Marigny responde que sim.

Eu acho muito interessante o fato de que não é Crow quem conta a história, mas, sim, seu amigo De Marigny. Esse aspecto dá um ar de originalidade ao conto que me agradou bastante.

Ragnar Machado-Sangrento



Pois bem, Crow afirma que imagina que Sorlson fará uma besteira se os dois não o detiverem imediatamente. Os dois ocultistas se encontram, então, às pressas na estação King's Cross, De Marigny leva o livro, como pedido por Crow. Os dois pegam o próximo trem para Scarborough e Crow lhe explica a situação: Sorlson descobriu a existência de um túmulo viking através da leitura do livro de De Marigny e pretende roubar a pedra que, segundo a lenda, é onde repousa o espírito do guerreiro Ragnar-Machado-Sangrento para juntar à sua coleção particular. No entanto, o livro também fala de uma maldição que cairá sobre quem mover a pedra e Titus Crow teme pela vida de seu amigo Benjamin Sorlson, que, cético, não levou a sério os avisos de Crow.




Uma pedra viking

Para saber se Sorlson alcançou a pedra viking e se foi atingido pela maldição milenar, vocês terão que ler o fantástico conto de Lumley. Não conhecia esse escritor, mas já me apaixonei pelo personagem Titus Crow e pretendo ler mais histórias em que ele aparece. Adoro uma boa história de mistério, ainda mais se envolta em eventos sobrenaturais!



Uma ótima terça-feira a todos e boas leituras!

Fernanda

sábado, 25 de abril de 2015

"Como Ler a História do Mundo na Arte" - Parte 1 - O Código de Hammurabi

Bom dia, pessoal!


Hoje decidi escrever para vocês sobre um livro diferente, mas antes gostaria de lhes contar como o encontrei. Durante o verão de 2013, passei algumas semanas em Paris para fazer um curso de francês e me apaixonei pela efervescência cultural da cidade.

Museu d'Orsay em Paris
 A cada dia era possível fazer algo diferente e, mesmo assim, não pude conhecer nem metade da metade da metade do que a cidade tem a oferecer. Através de meus passeios culturais, conheci o Museu d'Orsay e ele imediatamente passou a ser um de meus lugares favoritos, tanto pela incrível localização, ao lado esquerdo do rio Sena, como pelas suas coleções, principalmente o andar dedicado às obras dos impressionistas, onde podemos encontrar pinturas de Edouard Manet, Vincent van Gogh e Pierre-Auguste Renoir.



No terraço do museu

Você pode, tranquilamente, passar o dia inteiro admirando obras como estas:

Noite Estrelada sobre o Ródano, Van Gogh

Bal du moulin de la Galette, Renoir


Ao piano, Renoir

Enquanto caminhava encantada pelos corredores do museu, me deparei com certos livros à venda e um deles me chamou muito a atenção, intitulado How to Read World History in Art, ou Como Ler a História do Mundo na Arte, de Flavio Febbraro e Burkhard Schwetje. Gostei muito da premissa do livro, que trabalha a relação entre a História e a Arte. Segundo os autores, "príncipes, monarcas e figuras poderosas de todos os períodos usaram a arte para glorificar suas proezas e deixar para a prosperidade uma imagem de sua própria escolha" (p. 7). Portanto, as obras artísticas, tanto pinturas, como esculturas ou literatura, são interpretações da história através de um ponto de vista.

Com relação aos quadros encomendados por monarcas ou nobres durante tanto tempo, podemos certamente acreditar que os fatos foram distorcidos para engrandecer pessoas poderosas. É por isso que temos que desenvolver um olhar crítico ao analisar qualquer obra de arte, levando em consideração o período em que foi feito, em quais condições, por quem, para quem, suas influências, e, certamente, o contexto histórico.

A partir do século XVIII, com a Revolução Francesa e a Guerra de Independência dos Estados Unidos, o artista deixou de ter uma estreita relação com seus patronos, que patrocinavam suas obras e, portanto, podiam pedir as alterações que quisessem. A partir desse período, a arte ficou mais livre e os artistas podiam representar através de suas obras ideais políticos e sociais, uma arte que reivindicava mudanças na sociedade e denunciava as atrocidades das guerras e conflitos armados.

Neste livro, portanto, os autores Febbraro e Schwetje nos levam a uma jornada pela história da humanidade através de obras de arte. Eu achei a premissa sensacional, não?

O Código de Hammurabi


A obra que inicia o livro é o famoso Código de Hammurabi, você provavalmente já viram esta figura em livros de história no colégio. Este código de 300 frases foi feito pelo rei da Babilônia Hammurabi, que reinou de 1792 a.C. a 1750 a.C. É incrível pensar em algo que perdurou por tanto tempo, não é mesmo? A placa com estas leis foi encontrada por arqueólogos franceses no século XX e levada ao Museu do Louvre. A placa é inteira contornada pela escrita das leis e no topo há uma representação do rei Hammurabi recebendo a vara e o anel, símbolos do poder, de Shamash, o deus da justiça.

A escrita do código



 O Código de Hammurabi é baseado na Lei do Talião, que diz que o castigo do culpado deve ser igual ao seu ato punido, ou seja, olho por olho, dente por dente, independentemente se a pessoa teve ou não intenção de cometer o ato.


O Rei Hammurabi e o deus Shamash

Este foi apenas a nossa primeira parada nesta viagem através da História. Espero que vocês tenham gostado e, em outra oportunidade, levo vocês até a segunda parada desta jornada.

Um ótimo sábado a todos e boas leituras!

Fernanda

quinta-feira, 23 de abril de 2015

"E não sobrou nenhum", Agatha Christie

Olá, pessoal!

Hoje resolvi escrever mais uma vez sobre uma de minhas autoras preferidas, a Rainha do Crime, Agatha Christie. Eu me lembro que meu avô tinha uma coleção de livros da Agatha Christie e eu, ainda criança, ficava olhando aqueles títulos intrigantes nas capas dos volumes. Infelizmente, depois da morte do meu avô, esta coleção se perdeu, mas o nome da escritora inglesa permaneceu em minha memória. Mais tarde, já mais velha, voltei a procurar os livros da autora e me apaixonei pela sua escrita e até hoje me encanto com o seu dom de escrever uma boa história de mistério.

Agatha Christie

Em outra ocasião, escrevi aqui no blog sobre Assassinato no Expresso do Oriente (1934), para rever esta publicação é só clicar aqui. Hoje, no entanto, decidi escrever sobre um dos primeiros livros que li da autora, intitulado E não sobrou nenhum, de 1939. Na verdade, as primeiras traduções desta obra para o português levavam o título de O caso dos dez negrinho, é este o título da versão que tenho em casa, porém alguns consideravam o texto racista, por isso edições mais modernas já trazem o novo título, que é mais condizente com a versão em inglês americano And then there were none. O título original escolhido pela escritora e publicado pela editora britânica é Ten Little Niggers.

Este é o livro mais vendido de Agatha Christie e um dos livros mais vendidos da história, com mais de 100 milhões de cópias.

O título Ten Little Niggers vem da canção popular de mesmo nome, cuja tradução para o português fica mais ou menos assim:

Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove,
um deles se engasgou, e então restaram nove;
Nove negrinhos sem dormir, não é biscoito!
um deles cai no sono, então sobraram oito;
Oito negrinhos vão a Devon em charrete,
um deles quis ficar, então restaram sete;
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
um deles se corta, então restaram seis;
Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco,
a abelha picou um, e então ficaram cinco,
Cinco negrinhos vão ao fórum tomar ares,
um deles foi julgado, então sobraram dois pares;
Quatro negrinhos vão ao mar, a um tragou de vez
o arenque defumado, e então sobraram três;
Três negrinhos vão passear no zoológico. E depois? 
o urso abraçou um, e então ficaram dois;
Dois negrinhos brincando no sol, sem medo algum
um deles se queimou, e restou apenas um;
Um negrinho está sozinho, é só um!
ele se enforcou, e não sobrou nenhum.


A trama de mistério de Christie segue a letra desta canção. Dez pessoas que não se conhecem são atraídas a uma mansão em uma ilha, convidados pelo misterioso dono da casa e sua esposa. Nos quartos de cada hóspede há uma cópia da canção dos dez negrinhos emoldurada na parede. Assim que estão todos na ilha, um a um dos convidados começa a morrer de acordo com a letra da música. Assustados, os hóspedes remanescentes querem deixar a ilha urgentemente, mas, devido às condições climáticas, são obrigados a permanecer no local. Assim como ninguém pode deixar a ilha, ninguém pode alcançá-la, o que significa que o assassino está dentro da ilha e, pior, dentro da própria mansão. Mas qual deles será o criminoso?

Para descobrir este mistério, só lendo esta obra-prima de Agatha Christie, que vai te fazer prender a respiração até o último parágrafo. Este, na minha opinião, é um dos pontos fortes da obra de Christie: ela pode seguir o padrão de histórias de mistério, mas você nunca sabe ao certo quem é o culpado até o final do livro.


E não sobrou nenhum já foi adaptado diversas vezes para o teatro, cinema e filmes para televisão. Acredito que a mais conhecida dessas adaptações seja o filme de 1974 dirigido por Peter Collinson. Há, também, o filme americano Identidade de 2003, que é, também, baseado no livro de Christie, porém ele se passa em um hotel em Nevada durante uma noite chuvosa. Ainda não assisti nenhum destes filmes, mas fiquei curiosa para assistir esta versão mais recente que traz a trama para um cenário mais contemporâneo.


 Esta é uma ótima dica de leitura para o fim de semana que se aproxima. Espero que tenham gostado!

Um beijo,

Fernanda


"A Megera Domada", William Shakespeare

Bom dia, pessoal!

William Shakespeare
Hoje é 23 de abril, dia do maior dramaturgo da história da literatura, William Shakespeare! Este dia é considerado o dia de Shakespeare, porque foi nesta data que o escritor inglês nasceu em 1564 e morreu em 1616. Ou seja, hoje ele comemoraria 451 anos de existência e nós ainda falamos e estudamos seu trabalho. Não é para qualquer um, não é?

Hoje decidi escrever sobre uma de suas comédias, A Megera Domada, escrita por volta de 1590/1592. Esta peça nos conta a história de Lucêncio, rapaz que se apaixona pela jovem Bianca, mas que só poderá casar-se com ela, depois de que a irmã mais velha da moça, Catarina, se case. É então que Petrúquio, um nobre falido da cidade de Verona, chega à cidade de Pádua para procurar uma esposa. Um amigo seu lhe sugere o casamento com Catarina e ele decide pedir a mão da jovem. Contrariada, Catarina se casa com Petrúquio, que usa de estratégias psicológicas para amansar a fera Catarina.

Essa história lhe parece familiar? É como eu sempre digo, Shakespeare está no coração de todas as histórias que vieram depois dele! O enredo de A Megera Domada já foi adaptado para inúmeras versões contemporâneas, como a novela da Rede Globo O Cravo e a Rosa, que foi ao ar pela primeira vez entre 2000 e 2001. O autor da novela, Walcyr Carrasco, comenta que "há quem diga que o mundo se divide entre antes e depois de Shakespeare, no que se refere ao entendimento do ser humano. A Megera é uma comédia que vai fundo no humor, mostrando a contradição entre homem e mulher, a relação de um casal em meio à paixão e ao amor".



Outra adaptação de sucesso da obra secular de Shakespeare é o filme 10 coisas que eu odeio em você, uma comédia romântica de 1999 com Julia Stiles no papel de Kat, baseado em Catarina, e Heath Ledger interpretando Patrick Verona, personagem baseado em Petrúquio. Este filme é simplesmente maravilhoso, é um de meus preferidos! Para quem já assistiu, vale a pena ver de novo para identificar as referências a Shakespeare.


Portanto, se você tinha medo de ler Shakespeare, deixe o medo para lá! São deles muitas histórias que já conhecemos e mal sabemos que vieram da mente deste criativo escritor do século XVI.

Um feliz aniversário a Shakespeare e boas leituras!

Fernanda

quarta-feira, 22 de abril de 2015

"A Senhoria", Roald Dahl

Boa tarde, pessoal!

Hoje o dia está bem chuvoso aqui em Florianópolis, dá vontade de se esconder embaixo das cobertas com um livro e uma xícara de chocolate quente e nunca mais sair!

Livros infantis de Dahl
E, para combinar com esse clima de inverno, trago para vocês um conto maravilhoso de Roald Dahl para encantar a tarde de vocês. Quem me acompanha no blog sabe que Dahl é um de meus autores preferidos, mas ele normalmente é conhecido por seus livros infanto-juvenis, como A Fantástica Fábrica de Chocolate (1964), Matilda (1988) e As Bruxas (1983), todos livros maravilhosos! Já escrevi sobre os dois últimos aqui no blog, quem quiser conferir pode clicar aqui e aqui.

Porém, hoje não escrevo sobre uma das produções infantis de Dahl, pelo contrário, o conto que escolhi é um tanto quanto sombrio. Dahl escreveu, também, histórias sobrenaturais e de horror, e esta é uma de suas mais conhecidas, A Senhoria, ou The Landlady no original.

Este conto foi publicado pela primeira vez na revista The New Yorker em 1959, e publicado mais tarde em formato de livro, intitulado Kiss Kiss, em 1960. Ele também ganhou o prêmio de Melhor Conto de Mistério no ano de 1960.


O conto nos traz a história de Billy Weaver, um rapaz de 17 anos que vai à cidade de Bath a negócios. Ele chega na cidade de trem e procura por um lugar para passar a noite. Lhe foi recomendado a taverna The Bell and Dragon, porém no caminho ele encontra um pequeno bed-and-breakfast, algo como uma pousada ou pensão, e é atraído pelo ambiente acolhedor. Ele toca a campainha e é recebido por uma senhora de meia-idade, dona do lugar, a senhoria. Ela lhe oferece chá e conversa com o garoto, parecendo muito atenta à sua aparência. Billy estranha a escassez de hóspedes, ele parece ser o único ali, ao que a mulher responde que é muito seletiva e que escolhe bem os seus clientes.

Billy sobe até o seu quarto, deixa as suas coisas ali e volta para a sala para assinar o livro de registro de hóspedes e vê ali apenas dois nomes: Christopher Mulholland e Gregory W. Temple, que haviam assinado há mais de dois anos. Billy parece reconhecer esses nomes, onde será que ele os havia lido antes? Havia sido na escola? Nos jornais? Não se lembrava. Perguntou à senhora quando eles haviam ido embora e ela responde que eles nunca saíram.


Curiosos para saber o resto? Este é um dos contos mais fascinantes que já li, envolto de horror não explícito, mas deduzido, o que, na minha opinião, é o mais aterrorizante. Ele foi adaptado para a televisão em um episódio da série Tales of the Unexpected, que foi ao ar de 1979 a 1988, com nove temporadas e 112 episódios, todos baseados em contos de Dahl, alguns até trazem um pequeno monólogo do autor no início do episódio contando como foi escrever aquela específica histórias e suas inspirações. Eu não sabia dessa série e estou louca para assistir! Se alguém encontrá-la para download na internet, por favor me avise! :)


Roald Dahl nasceu no País de Gales, Reino Unido, em 13 de setembro de 1916 e morreu aos 74 anos , em 23 de novembro de 1990. Ele foi um autor bastante prolífico, escreveu literatura infantil, poesia para crianças e diversos contos. Antologias com contos de sua autoria podem ser encontrados em livrarias e valem muito a pena serem lidos! Os contos separadamente também são facilmente encontrados na Internet.

Roald Dahl

Espero que tenham gostado dessa dica para esta tarde chuvosa. Peguem seus exemplares de Roald Dahl e já para debaixo das cobertas!

Grande beijo,
Fernanda

segunda-feira, 20 de abril de 2015

"Bilac vê estrelas"

Bom dia, pessoal!

Uma segunda-feira pré-feriado é tudo de bom, né? É uma ótima oportunidade para colocar a leitura em dia e aproveitar as centenas de opções de entretenimento por aí, não? Ontem, por exemplo, eu fui ao teatro. Infelizmente, não tenho o hábito de ir regularmente ao teatro, mas toda vez que vou me encanto pela experiência e ontem não foi diferente. Fui assistir à peça "Bilac vê estrelas", com texto de Heloísa Seixas e Julia Romeu, e direção de João Fonseca. A peça foi baseada em um livro de Ruy Castro de mesmo nome e nos leva ao Rio de Janeiro de fins de século XIX e início do XX em plena Belle Époque, quando a rua do Ouvidor via passar mulheres de vestidos longos, luvas e sombrinhas e a Confeitaria Colombo abrigava calorosas discussões de intelectuais, como Olavo Bilac, José do Patrocínio, Guimarães Passos e Coelho Neto (todos personagens da peça!). Era o tempo em que o Rio de Janeiro aspirava ser a Paris litorânea, lia-se autores franceses e a elite gabava-se ao utilizar expressões francesas no dia-a-dia.

O elenco da peça na Confeitaria Colombo


 Eu simplesmente amo esse período do Rio de Janeiro, acho que a cidade borbulhava com anseios inovadores, culturais e intelectuais. Portanto, quando vi o cartaz da peça, tive certeza de que precisava vê-la! Na peça, assim como no romance de Ruy Castro, acompanhamos o poeta Olavo Bilac enquanto ele frequenta estes lugares clássicos do Rio de Janeiro da Belle Époque. O ano é 1903 e seu amigo José do Patrocínio, grande figura do movimento Abolicionista e Revolucionista no Brasil, está angariando fundos para concretizar o seu plano de construir um dirigível, o Santa Cruz.

Olavo Bilac e José do Patrocínio

 Porém, esta grande inovação de Patrocínio está em perigo, pois o malvado Padre Maximiliano e a espiã portuguesa Eduarda Bandeira (personagens fictícios) estão atrás dos desenhos de Patrocínio para vendê-los aos irmãos Wright.





André Dias no papel de Bilac
A peça é uma comédia que também gira em torno deste crime em potencial, levando Olavo Bilac e seus colegas intelectuais a entrarem no papel de detetives. André Dias interpreta Olavo Bilac de maneira impecável, a sensação que temos é de ver o poeta tomando forma e vida em nossa frente, sempre de perfil de modo a esconder seu estrabismo.

Para quem está no Rio de Janeiro, não deixem de assistir a peça, que está em cartaz até o dia 3 de maio no Teatro dos Quatro no shopping da Gávea. Para quem não está por aqui, o jeito é cruzar os dedos e torcer para que a peça entre em turnê e passe por um local próximo. Ou então, podemos acompanhar as peripécias de Olavo Bilac no Rio do século XIX através do livro de Ruy Castro, que estou com muita vontade de ler!


Para terminar essa publicação, não poderia deixar de colocar um poema do célebre Príncipe dos Poetas, o nosso Olavo Bilac:

Soneto XIII do livro Via Láctea

Ouvir Estrelas

"Ora ( direis ) ouvir estrelas! Certo,
Olavo Bilac
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas."





Cartaz da peça

Espero que tenham gostado do post de hoje! Desejo uma ótimas segunda-feira a todos e, claro, ótimas leituras!

Fernanda

sexta-feira, 17 de abril de 2015

"Floresta Encantada", Johanna Basford

Olá queridos leitores!

Sim! Eu me rendi aos livros de colorir antiestresse para adultos!
Devo confessar que estava muito cética em relação a este novo fenômeno no mercado literário. Sinceramente, achei que fosse apenas mais uma estratégia de editores para atrair mais consumidores.

Contudo, depois de tanto ler sobre as experiências positivas de muitos admiradores deste novo gênero, ontem, ao passear por uma livraria, me deparei mais uma vez com Floresta Encantada. Dessa vez, olhei para o livro com outros olhos, com olhos curiosos e ávidos para testar essa nova moda! Além de mim, havia outras pessoas desesperadas por esse título, ou pelo Jardim Secreto.

Por fim, decidi. Me direcionei ao departamento de papelaria, comprei uma caixa de lápis de cor (cujo cheiro me levou de volta às salas de aula do colégio), passei no caixa e voltei para casa animada para começar.
Com uma boa xícara de chocolate quente para acompanhar, comecei a colorir os intricados desenhos, feitos à mão pela ilustradora escocesa Johanna Basford. E que sensação maravilhosa! Parece besteira, eu mesma desconfiava disso antes de comprar o livro, mas ele realmente nos ajuda a relaxar. Contorno após contorno, figura após figura, cor após cor, nós não temos vontade de parar!

Johanna Basford
Por enquanto, comecei a colorir apenas a primeira página, mas não tenho pressa em terminar, quero saborear cada página!

Espero que vocês gostem de minha indicação e, se vocês ainda estiverem céticos como eu estava, dêem uma chance à Floresta Encantada, vocês não vão se arrepender! Não é à toa que o primeiro livro da série, Jardim Secreto, já vendeu mais de um milhão de cópias no mundo inteiro!

meu livro em progresso

Desejo um sábado encantado a todos e boas pinturas!

Fernanda 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

"Ghostgirl", Tonya Hurley

Olá, pessoal!


Hoje escrevo para vocês sobre um livro que me cativou, primeiramente, pela sua capa e design. O livro é de capa dura preta, com a silhueta de uma garota em preto, as folhas têm detalhes prateados e todas as páginas são decoradas em tons de preto, branco e cor-de-rosa. Não tem como não se apaixonar pelo livro!

Em segundo lugar, o livro me intrigou pelo conteúdo escrito na contra-capa, que diz que, às vezes, o Ensino Médio é realmente uma questão de vida ou morte.

"Charlotte Usher está no último ano do ensino médio e se sente praticamente invisível na escola, até que um dia fica invisível de verdade. Pior ainda: morre. E tudo por causa de um cara e uma bala de goma."

Parece uma loucura, não é? Mas Ghostgirl é um livro super divertido! Tudo acontece no Ensino Médio. Charlotte é uma garota nem um pouco popular, ninguém sabe o seu nome, muito menos Damen, o garoto de quem ela gosta. Por isso, nesse início de ano letivo, Charlotte decide que as coisas serão diferentes e resolve se aproximar de Damen. No entanto, Charlotte não tem tempo para realizar seus planos, pois no mesmo dia ela se engasga com um ursinho de gelatina e... morre!

Assim, Charlotte passa a ser um fantasma, o símbolo máximo de invisibilidade, daí o título do livro Ghostgirl, ou garota-fantasma. Mesmo sendo apenas um fantasma e não tendo mais contato direto com o mundo dos vivos, Charlotte permanece vagando pelos corredores da escola, pois ainda tem assuntos não resolvidos ali. Surpreendentemente, ela descobre que ali há também outros adolescentes que tiveram o mesmo fim que ela, e juntos eles têm Aulas para os Mortos e aprendem a como lidar com sua nova situação.

Além de tudo isso, Charlotte descobre que Scarlet, a irmã menor de estilo punk de Petula, a namorada popular de Damen, é a única pessoa que consegue vê-la! Juntas, as duas vão tentar fazer com que a nova condição de Charlotte seja menos aterrorizante!

Tonya Hurley é a autora deste livro macabro e, ao mesmo tempo, muito divertido! Devido à sua popularidade no mercado literário, Ghostgirl ganhou duas continuações: Ghostgirl: Homecoming e Ghostgirl: Lovesick. O primeiro volume da trilogia já foi traduzido para o português, porém os outros dois ainda não.



Tonya Hurley

Tonya Hurley é uma escritora e cineasta norte-americana e mora atualmente em Nova York. Há rumores de que sua série Ghostgirl vai virar filme. Vamos cruzar os dedos e torcer!

Tonya Hurley fala da obsessão pela popularidade entre os jovens com um toque de sarcasmo e eventos sobrenaturais e, com certeza, vai te encantar com sua escrita!

Boa sexta-feira e ótimas leituras macabras!

P.S.: Cuidado com os ursinhos de gelatina!