segunda-feira, 13 de abril de 2015

"As irmãs", James Joyce

Olá, pessoal!

Na semana passada participei de um evento sobre filmes documentários irlandeses com a participação do historiador John Joseph Lee, que falou sobre o processo de independência da Irlanda. Depois dessa fala, fiquei curiosa a saber mais sobre este país e quem melhor a que recorrer do que um dos seus principais nomes na literatura: James Joyce?

James Joyce
James Joyce foi um poeta e romancista irlandês, nascido em Dublin em 2 de fevereiro de 1882. Ele morreu aos 58 anos em Zurique, depois de uma cirurgia de úlcera perfurada.

Joyce é um dos maiores nomes do movimento avant-garde modernista de início do século XX. Seu trabalho mais conhecido é Ulysses, publicado em 1922, que narra os eventos de um dia na vida de Leopold Bloom, que encontra paralelos com a trajetória de Ulisses, personagem da Odisseia de Homero. São mais de 700 páginas sobre um único dia! Eu ainda não tive a coragem de começar esse grande clássico da literatura, mas ele com certeza está em minha lista de livros para ler antes de morrer.


 Hoje escrevo para vocês sobre uma antologia de quinze contos organizada por Joyce e publicada em 1914 sob o título de Dublinenses e trata, justamente, de diversos personagens da classe média trabalhadora irlandesa que moram na cidade de Dublin. Os primeiros contos são relacionados à infância, seguidos por contos sobre a adolescência, fase adulta e morte. Aqui no blog, já escrevi sobre o último conto desta coleção, Os Mortos.

Como já escrevi a vocês sobre o último conto do livro, hoje escrevo sobre o primeiro, intitulado As irmãs. O conto é narrado em primeira pessoa por uma criança, cujo nome o leitor desconhece. Essa criança passa todos os dias pela janela do Padre Flynn, que está muito doente, sofrendo de paralisia. Ele sabe que o velho padre morrerá logo, por isso ele checa as luzes do quarto do homem todos os dias. Quando o padre estiver morto, a janela mostrará o brilho fraco de duas velas, que são tradicionalmente postas ao lado da cama de um morto.



Certo dia, o rapaz está na casa de seus tios que recebem a visita do Sr. Cotter, que traz a novidade do recém falecimento do padre. Todos esperam pela reação do garoto, pois sabiam que eles eram amigos, o padre lhe havia ensinado muita coisa. O menino, no entanto, permanece quieto. Naquela noite ele sonha com o rosto do padre e no dia seguinte ele acompanha sua tia em uma visita à casa do morto. O caixão aberto mostra o rosto acinzentado do homem, que está sendo velado por suas duas irmãs.

Assim como grande parte das histórias de Joyce, nos deparamos com um evento divisor de águas na vida do personagem. Através da perspectiva do pequeno narrador, lemos sobre seu primeiro contato com a morte, a morte de um padre da (então) pequena cidade de Dublin, que interessara o rapaz com suas explicações dos rituais da igreja e que era considerado por muitos da sociedade, como o Sr. Cotter, um fracasso e mau exemplo.

Esta é, realmente, uma daquelas histórias que te deixam pensando mesmo depois de já ter lido a última frase várias vezes. Além desta, há outras quatorze histórias em Dublinenses, que merecem ser lidas. Assim que eu tiver terminado a leitura destes outros contos, trago para vocês aqui as minha impressões.


Uma boa terça-feira a todos e ótimas leituras!

Fernanda

19 comentários:

  1. Vi alguns falando que James Joyce é valorizado apenas por sua questão técnica, como nunca li, vim perguntar, essa informação procede?

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    1. Oi Matheus! Realmente, Joyce foi um grande inovador em questões de forma, ele foi um dos maiores nomes do modernismo! Mas o conteúdo também vale muito a pena! Ainda não li muita coisa do autor, só contos, mas já me apaixonei! Em "Dublinenses" vemos várias facetas da cidade de Dublin e seus diversos personagens, cada qual com sua história e suas emoções. Eu recomendo!
      Os textos dele são fáceis de encontrar na internet, por que você não dá uma chance a ele? :)

      Beijos

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  2. Olá,
    tudo bem contigo? Gosto de coisas escritas pelos irlandeses, acho que eles são bem mais criativos que a maioria do resto (q isso, confusão skldjçlaskl). Gosto também da forma de escrita deles, que é de uma forma um tanto quanto... digamos, peculiar.
    Não leria As irmãs porque não gosto muito de contos, mas recomendaria a meus amigos. Beijos,
    http://www.entreleitores.com/

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  3. Fiz uma matéria na faculdade sobre teoria do conto moderno , e trabalhamos se não me engano com dois ou três contos do Joyce , mas confesso que os contos dele foram deixados de lado por mim em detrimento dos contos do Poe , por que sou apaixonada . Mas esse conto As irmãs , me chamou bastante a atenção , e me pergunto se não seria o momento de revisitar o Joyce .

    beijos , Anna

    http://www.amigadaleitora.com/

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  4. Quando estudava Letras - Inglês, um pessoal da minha sala apresentou Ulisses. Eles ficaram encantados em todos os aspectos, eu mesma fiquei com muita curiosidade em saber de pertinho, como foi esse dia de Ulisses.
    Esses contos parecem ser muito legais, com certeza vou procurar lê-los ;D

    Beijos ;*
    Proseando com uma BibliophileFacebook

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  5. Olá! Deve ser uma experiência literária de grande valor ler os livros dele, depois desse post eu irei pesquisar mais sobre esse autor e comprar os livros dele. Beijos!

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  6. Você gosta mesmo de antologias. rs
    Essa me pareceu super interessante, pois deve ser um ótimo retrato da cultura irlandesa. Li alguns livros ambientados no pais e gostei muito do que vi. Claro, que aqui a história acontecerá em outros tempos, mas ainda sim me interessei.
    Esse conto das Irmãs me pareceu interessante, vou ser sua resenha do último conto.

    Beijinhos ;*
    Andressa - Mais que Livros

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  7. Hey, tudo bem?

    Muito interessante, não só a antologia de contos como Ulisses, imagino a dinâmica do livro para que 700 páginas retratem apenas um dia. O conto das duas irmãs parece ser bem interessante; gostei do fato dos contos dele começarem com esse divisor de águas para os personagens, só deixa a história mais emocionante.

    Beijos,
    Dois Dedos de Prosa

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  8. Oie, tudo bem?
    Nunca li nada desse autor, mas sempre vejo bons comentários. Gostei da premissa do conto, já está anotado!

    Beijos ♥
    Livros e blablablá

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  9. Ok.. vou parar de comentar aqiu..kkkk só passo vergonha..kkkkk
    Brincadeira.. Acho bacana por que mesmo nunca tendo ouvido falar desse autor fico conhecendo agora.
    Super valorizo seu blog e os clássicos que você fala.
    Parabéns!

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    1. Oi Tamires! Fico muito feliz em saber que você gosta das minhas publicações e que, ao mesmo tempo, você adquire novos conhecimentos! É esse o intuito do blog! :)

      Beijos e volte sempre ao blog, será sempre bem-vinda!

      Fernanda

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  10. Fernanda, amo ler suas postagens. A cada dia tenho um acréscimo de conhecimento especial por aqui.
    Nunca li nada do Joyce mas estou começando a me interessar um pouco mais sobre esses tipos de contos (isso se deve a você tb!). A irlanda me atrai de uma forma inexplicável e graças a livros muitos bons que li onde a história se passa por lá. Acho que es gostaria de ler esse conto, ainda mais se passando em outra época, o que me atrai ainda mais.

    Beijinhos!
    www.citacaonumclick.com.br

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    1. Oi Carol!
      Fico muito feliz em saber que as minhas publicações estão te interessando e te trazendo mais conhecimento, é esse o objetivo do blog :)

      Espero vê-la mais vezes por aqui! :)

      Beijos

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  11. Sempre que visito se blog apendo coisas novas, adoro a maneira como você coloca as informações! Adorei saber que a história é ambientada na Irlanda, gosto de conhecer novos lugares através dos livros!
    Beijos
    Porão da Liesel

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    1. Oi Camila! Fico muito feliz que você goste das publicações e, ao mesmo tempo, adquire novos conhecimentos! É esse o intuito! :)

      Beijos e te espero mais vezes no blog!

      Fernanda

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  12. Esse cara é muito bom!
    Ele modificou praticamente a forma das coisas serem escritas no tempo dele. A linguagem técnica e temporal dele são sensacionais. Ele é bastante técnico (do jeito dele) e mesmo assim ele não deixa de transmitir bons sentimentos.

    www.sonhosemtinta.com.br

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  13. Não sei se entendi bem a proposta do conto, mas sempre que envolve crianças me toca de alguma forma. Não sou de contos e nem de literatura antiga, mas esse aí que vc comentou, quem sabe? Achei legal seu interesse ter nascido de um evento que não tinha o foco em literatura.
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

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  14. Acabei de ler este primeiro conto, fiquei tão tocada que precisava ler algo sobre, ver se alguém se sentiu tão incomodado quanto eu. A experiencia da morte é ambígua, o jovem se infurece quando falam mal do padre mas parece apatico com sua morte, e é como nos sentimos as vezes. Obrigado por compartilhar suas impressões.

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  15. Olá, queria contribuir para a interpretação do conto. Numa nota da tradução de C. Galindo, ele explica que a morte por paralisia é o estágio terminal da sifilis, sabendo disso o conto toma outros rumos. O que seriam os risinhos do padre, a boca sempre úmida e as saias da irmã. Pensem nisso e ampliem sua visão deste conto. Abraço.

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