segunda-feira, 20 de abril de 2015

"Bilac vê estrelas"

Bom dia, pessoal!

Uma segunda-feira pré-feriado é tudo de bom, né? É uma ótima oportunidade para colocar a leitura em dia e aproveitar as centenas de opções de entretenimento por aí, não? Ontem, por exemplo, eu fui ao teatro. Infelizmente, não tenho o hábito de ir regularmente ao teatro, mas toda vez que vou me encanto pela experiência e ontem não foi diferente. Fui assistir à peça "Bilac vê estrelas", com texto de Heloísa Seixas e Julia Romeu, e direção de João Fonseca. A peça foi baseada em um livro de Ruy Castro de mesmo nome e nos leva ao Rio de Janeiro de fins de século XIX e início do XX em plena Belle Époque, quando a rua do Ouvidor via passar mulheres de vestidos longos, luvas e sombrinhas e a Confeitaria Colombo abrigava calorosas discussões de intelectuais, como Olavo Bilac, José do Patrocínio, Guimarães Passos e Coelho Neto (todos personagens da peça!). Era o tempo em que o Rio de Janeiro aspirava ser a Paris litorânea, lia-se autores franceses e a elite gabava-se ao utilizar expressões francesas no dia-a-dia.

O elenco da peça na Confeitaria Colombo


 Eu simplesmente amo esse período do Rio de Janeiro, acho que a cidade borbulhava com anseios inovadores, culturais e intelectuais. Portanto, quando vi o cartaz da peça, tive certeza de que precisava vê-la! Na peça, assim como no romance de Ruy Castro, acompanhamos o poeta Olavo Bilac enquanto ele frequenta estes lugares clássicos do Rio de Janeiro da Belle Époque. O ano é 1903 e seu amigo José do Patrocínio, grande figura do movimento Abolicionista e Revolucionista no Brasil, está angariando fundos para concretizar o seu plano de construir um dirigível, o Santa Cruz.

Olavo Bilac e José do Patrocínio

 Porém, esta grande inovação de Patrocínio está em perigo, pois o malvado Padre Maximiliano e a espiã portuguesa Eduarda Bandeira (personagens fictícios) estão atrás dos desenhos de Patrocínio para vendê-los aos irmãos Wright.





André Dias no papel de Bilac
A peça é uma comédia que também gira em torno deste crime em potencial, levando Olavo Bilac e seus colegas intelectuais a entrarem no papel de detetives. André Dias interpreta Olavo Bilac de maneira impecável, a sensação que temos é de ver o poeta tomando forma e vida em nossa frente, sempre de perfil de modo a esconder seu estrabismo.

Para quem está no Rio de Janeiro, não deixem de assistir a peça, que está em cartaz até o dia 3 de maio no Teatro dos Quatro no shopping da Gávea. Para quem não está por aqui, o jeito é cruzar os dedos e torcer para que a peça entre em turnê e passe por um local próximo. Ou então, podemos acompanhar as peripécias de Olavo Bilac no Rio do século XIX através do livro de Ruy Castro, que estou com muita vontade de ler!


Para terminar essa publicação, não poderia deixar de colocar um poema do célebre Príncipe dos Poetas, o nosso Olavo Bilac:

Soneto XIII do livro Via Láctea

Ouvir Estrelas

"Ora ( direis ) ouvir estrelas! Certo,
Olavo Bilac
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas."





Cartaz da peça

Espero que tenham gostado do post de hoje! Desejo uma ótimas segunda-feira a todos e, claro, ótimas leituras!

Fernanda

5 comentários:

  1. Olá,

    Acredita que nunca fui ao teatro? Tenho muita vontade de ir, e adoraria ir ver esta peça. Não conheço todos esses atores, mas tem um que adoro muito. Aquele moreno ali de baixo (não, eu não sei seu nome kkk).
    Acho que gostaria mais da peça do que do livro, porque não é bem o gênero que costumo ler.
    Imagino como a alta classe daquele tempo deveria se "achar" por falar francês. kkk
    Beijos,
    http://www.entreleitores.com/

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  2. Vou te confessar uma coisa... Nestas horas fico louca da vida por morar em uma cidade tão pequena. =/ srsr nada acontece por aqui e quando olho à minha volta vejo coisas lindas como esta que você acaba de me mostrar. Também gosto muito de ler estudar entender esta época de nossa sociedade. Realmente tivemos grandes movimentos culturais. Era uma época que eu acho que gostaria de viver, mesmo com todos os problemas...

    Adorei seu relato. Um abraço!
    www.pensamentosvalemouro.com.br

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  3. Olá,
    Eu AMO ir ao teatro, porém moro em um interior que nem cinema tem, imagine... Mas achei a premissa da peça ( e do livro também), muito boa. Poxa, bateu uma saudade de ir ao teatro </3.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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  4. Olá, tudo bem?

    Saudades das suas indicações ^_^. Confesso que nunca fui ao teatro, tanto por essa não ser uma prática muito popular na minha região, como por não gostar muito do estilo, pois prefiro o cinema com todos os efeitos especiais possíveis HAHAHA. Gostei da premissa da peça, pois são poucas as obras que misturam comédia com crimes, normalmente os crimes são em peças mais sombrias e de suspense e as comédias são adicionadas ao romances. Olavo é o cara, meio estanho com aquele bigodinho, mas ainda assim é o cara HAHAHA

    Abraços,
    Matheus Braga
    Vida de Leitor - http://vidadeleitor.blogspot.com.br/

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  5. Olá! Eu nunca fui em um teatro, na minha cidade não tem um. Fiquei com muita vontade de ver essa peça, mas só vai ficar na vontade mesmo, já que moro tão longe. Beijos!

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