Hoje resolvi escrever para vocês sobre um gênero literário diferente, sobre o qual não se é muito falado: a peça teatral. É claro que ler uma peça não é a mesma coisa do que vê-la encenada por atores, que dão vida às palavras. Contudo, ler uma peça pode ser muito prazeroso! A leitura normalmente é curta (uma peça geralmente não passa de 3 horas) e, caso não seja possível assisti-la no palco, podemos imaginar a performance do texto, imaginando os atores que combinariam com tal ou qual personagem e a maneira como eles interpretariam cada papel.
Hoje escolhi escrever para vocês sobre uma das peças consideradas como as melhores do século XX. Trata-se de Longa Jornada Noite Adentro, de Eugene O'Neill, publicada em 1941.
O'Neill nasceu em Nova York, dentro de um quarto de hotel na Broadway, em 16 de outubro de 1888, e morreu no dia 27 de novembro de 1953, aos 65 anos, vítima de tuberculose e, ironicamente, dentro de um quarto de hotel também.
Eugene O'Neil |
Seu pai era um ator irlandês e Eugene costumava viajar com sua família em turnês, portanto teve contato com o teatro desde muito cedo. Eugene tinha um irmão mais velho, James Jr., e seu irmão do meio, Edmund, havia morrido de sarampo com apenas um ano e meio de idade. Sua mãe, devido à vida difícil que levavam e, certamente, outros motivos, havia se tornado uma dependente química.
A vida de Eugene O'Neill não foi nada fácil e é este cenário, em grande parte autobiográfico, que ele retrata em Longa Jornada Noite Adentro. Esta peça é uma representação da própria vida do dramaturgo, tanto que ele apenas liberou a publicação deste texto em seu testamento, após a sua morte. Ele escreveu uma dedicatória da peça à sua esposa, que contém o seguinte trecho:
"Te presenteio o manuscrito original desta peça. Ela fala de mágoas antigas e foi escrita com muitas lágrimas e sangue."
A peça é dividida em quatro atos, cada um em um determinado momento de um dia na família Tyrone, desde o café da manhã, no primeiro ato, até meia-noite, no ultimo ato. Por isso o título, realmente é uma longa jornada noite adentro.
Assim como na família de O'Neill, o pai da família Tyrone é um ator irlandês, em fase de decadência e extremamente avarento. O próprio Eugene é representado no papel de Edmund, um jovem diagnosticado com tuberculose. Seu irmão, Jamie, vive uma vida desregrada, regada a álcool e casos com prostitutas. E sua mãe, Mary, acaba de retornar à casa depois de um tratamento de sua dependência de morfina. Ela aparenta estar melhor, mas conforme o fim do dia se aproxima, Mary volta a usar a substância e fica cada vez mais envolta em memórias do passado, até que, no último ato, ela perde totalmente a consciência devido a uma overdose e perde-se no esquecimento, que vem como um alívio para ela, mas um tormento para a sua família, já fragmentada.
A família Tyrone |
Essa peça de O'Neill recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, depois da morte do autor. É um dos melhores textos dramáticos já escritos e vale a pena ser lido! Se alguém tiver a oportunidade de assisti-la em performance, ela deve ser ainda mais emocionante! Um retrato cruel da vida real.
Boa quinta-feira e ótimas leituras!
Um abraço,
Fernanda
Olá,
ResponderExcluirAdorei o post, não conhecia o livro e não tenho o costume de ler peças, acho que se muito o fiz foram 3 vezes, mas é uma experiência interessante.
Beijos.
Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com
Gosto muito de ler peças teatrais, e li esta peça ainda adolescente. É sem dúvida um dos melhores textos que já li. A intensidade, a tensão das cenas é realmente impressionante. Recomendo fortemente.
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