quinta-feira, 2 de abril de 2015

"Longa Jornada Noite Adentro", Eugene O'Neill

Olá, queridos leitores!

Hoje resolvi escrever para vocês sobre um gênero literário diferente, sobre o qual não se é muito falado: a peça teatral. É claro que ler uma peça não é a mesma coisa do que vê-la encenada por atores, que dão vida às palavras. Contudo, ler uma peça pode ser muito prazeroso! A leitura normalmente é curta (uma peça geralmente não passa de 3 horas) e, caso não seja possível assisti-la no palco, podemos imaginar a performance do texto, imaginando os atores que combinariam com tal ou qual personagem e a maneira como eles interpretariam cada papel.
Hoje escolhi escrever para vocês sobre uma das peças consideradas como as melhores do século XX. Trata-se de Longa Jornada Noite Adentro, de Eugene O'Neill, publicada em 1941.
O'Neill nasceu em Nova York, dentro de um quarto de hotel na Broadway, em 16 de outubro de 1888, e morreu no dia 27 de novembro de 1953, aos 65 anos, vítima de tuberculose e, ironicamente, dentro de um quarto de hotel também.
Eugene O'Neil
Seu pai era um ator irlandês e Eugene costumava viajar com sua família em turnês, portanto teve contato com o teatro desde muito cedo. Eugene tinha um irmão mais velho, James Jr., e seu irmão do meio, Edmund, havia morrido de sarampo com apenas um ano e meio de idade. Sua mãe, devido à vida difícil que levavam e, certamente, outros motivos, havia se tornado uma dependente química.
A vida de Eugene O'Neill não foi nada fácil e é este cenário, em grande parte autobiográfico, que ele retrata em Longa Jornada Noite Adentro. Esta peça é uma representação da própria vida do dramaturgo, tanto que ele apenas liberou a publicação deste texto em seu testamento, após a sua morte. Ele escreveu uma dedicatória da peça à sua esposa, que contém o seguinte trecho:
"Te presenteio o manuscrito original desta peça. Ela fala de mágoas antigas e foi escrita com muitas lágrimas e sangue."

A peça é dividida em quatro atos, cada um em um determinado momento de um dia na família Tyrone, desde o café da manhã, no primeiro ato, até meia-noite, no ultimo ato. Por isso o título, realmente é uma longa jornada noite adentro.
Assim como na família de O'Neill, o pai da família Tyrone é um ator irlandês, em fase de decadência e extremamente avarento. O próprio Eugene é representado no papel de Edmund, um jovem diagnosticado com tuberculose. Seu irmão, Jamie, vive uma vida desregrada, regada a álcool e casos com prostitutas. E sua mãe, Mary, acaba de retornar à casa depois de um tratamento de sua dependência de morfina. Ela aparenta estar melhor, mas conforme o fim do dia se aproxima, Mary volta a usar a substância e fica cada vez mais envolta em memórias do passado, até que, no último ato, ela perde totalmente a consciência devido a uma overdose e perde-se no esquecimento, que vem como um alívio para ela, mas um tormento para a sua família, já fragmentada.

A família Tyrone
Essa peça de O'Neill recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, depois da morte do autor. É um dos melhores textos dramáticos já escritos e vale a pena ser lido! Se alguém tiver a oportunidade de assisti-la em performance, ela deve ser ainda mais emocionante! Um retrato cruel da vida real.

Boa quinta-feira e ótimas leituras!

Um abraço,
Fernanda

2 comentários:

  1. Olá,
    Adorei o post, não conhecia o livro e não tenho o costume de ler peças, acho que se muito o fiz foram 3 vezes, mas é uma experiência interessante.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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  2. Gosto muito de ler peças teatrais, e li esta peça ainda adolescente. É sem dúvida um dos melhores textos que já li. A intensidade, a tensão das cenas é realmente impressionante. Recomendo fortemente.

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