Que saudades de escrever para vocês! Ando tão ocupada com o mestrado que ando sem tempo para escrever sobre as minhas últimas leituras. Mas não posso reclamar! Passar os dias lendo, estudando e escrevendo sobre literatura é o que todo leitor aficionado sempre quis, não é?
Mas hoje trago para vocês minhas impressões sobre um livro que terminei de ler há pouco tempo. Fazia tempo que não lia nada da literatura brasileira e, como gosto de diversificar as minhas leituras, busquei em minha estante e encontrei um livrinho que aguardava a minha leitura há muito tempo. Trata-se de Helena, de Machado de Assis.
Helena foi um de seus primeiros livros, publicado em 1876, quando Machado ainda tinha um pé no romantismo exacerbado do século XIX. Devo confessa que Helena não é um de meus livros preferidos de Machado. Ele segue uma história de amor proibido um tanto quanto clichê e não há muito (quase nada) sobre o contexto sociopolítico da época, elemento que deixa seus romances posteriores mais interessantes, como Esaú e Jacó (1904), que é meu preferido.
Na trama de Helena, conhecemos a família do conselheiro Vale - seu filho e sua irmã -, que, após a morte do patriarca, descobrem que ele tivera uma filha fora do casamento, Helena, que deveria ser acolhida e educada pela família. A tia de Estácio, irmã do conselheiro, acha tal atitude um absurdo, mas não tem como contestar as vontades de um defunto e, portanto, recebe contrariada a enteada em sua casa. Estácio, filho do conselheiro, não vê a situação com olhos tão negativos. Pelo contrário, ele vê na presença de Helena uma maneira de reunir a família através de elo que lhes faltava.
Helena é uma doce criatura e, aos poucos, vai adquirindo a confiança e estima da tia Dona Úrsula, até o momento em que Helena parece esconder um segredo terrível sobre seu passado. Além disso, Estácio não consegue suprimir seus sentimentos amorosos para com a própria irmã. Como controlar esse amor proibido?
É interessante notar neste - e em outros romances de Machado - a constante presença e importância da figura feminina na trama. A história se desenvolve ao redor de Helena, além da presença de outras personagens femininas marcantes, como Ângela, a mãe de Helena, que tivera um caso de amor com o conselheiro Vale.
Machado de Assis (1839-1908) |
A leitura deste romance é rápida, pouco mais de duzentas páginas, mas falta nele o grande espírito do escritor de Dom Casmurro (1899). No entanto, é interessante para notar o grande desenvolvimento do escritor, que viria a se tornar um dos maiores nomes da literatura brasileira.
Helena já foi adaptada para a televisão três vezes, sendo a mais conhecida e produzida pela Rede Globo em 1975, ainda em preto e branco. Nesta adaptação de Gilberto Braga, Lúcia Alves interpretou Helena e Osmar Prado ficou com o papel de Estácio.
Fonte: http://www.mundonovelas.com.br/2014/03/helena-vamos-recordar.html |
Mesmo não sendo a obra-prima de Machado de Assis, Helena merece ser lido e apreciado como um dos primeiros romances do grande mestre da literatura brasileira.
Um abraço a todos,
Fernanda