
O protagonista dessa história é Otto Ringling, um homem de classe média americana, casado, com dois filhos, um cachorro, uma boa casa, mora em Nova York, trabalha em uma editora de livros de culinária, adora comer e se acha relativamente feliz. Um dia, seus pais, que moravam em uma fazendo na Dakota do Norte, sofrem um acidente de carro e morrem inesperadamente. Otto, então, precisa ir até a Dakota do Norte para verificar as condições da casa e vender a propriedade. Ele decide levar a sua irmã, Cecilia, nessa viagem para que possam resolver esse assunto juntos. Sua irmã é uma mulher excêntrica que mora sozinha e trabalha lendo cartas de tarô profissionalmente. Ela é o completo oposto de Otto. Enquanto Cecilia é espiritual e sensível, Otto é prático e racional. Há um porém, contudo: Cecilia tem medo de andar de avião, então os dois terão que fazer essa viagem de carro.
Otto vai até a casa de Cece para buscá-la, quando percebe que ela não está de malas prontas. Ela não poderá acompanhar seu irmão nessa jornada porque precisa terminar alguns negócios. No entanto, ela pede a Otto que leve outra pessoa em seu lugar: Volya Rinpoche, um monge para quem Cecilia pretende doar a sua parte da herança. Otto fica furioso com sua irmã, mas por fim decide acatar o pedido e levar o monge em uma viagem de mais de 2.500km.
Os dois passam muito tempo no carro juntos e, aos poucos, começam a interagir um com o outro. A raiva inicial de Otto se esvaece e ele compartilha os seus questionamentos sobre a vida com o monge, que é uma figura muito divertida. Os dois fazem um acordo: Otto se propõe a mostrar o estilo de vida americano a Volya, enquanto o monge lhe dá lições espirituais em troca. O interessante é que os dois têm muito a aprender um com o outro. Há diversas cenas muito engraçadas ao longo do romance, como Otto, um amante da boa cozinha, tentando fazer jejum por um dia ou experimentando uma aula de yoga, e Rinpoche aprendendo a jogar boliche e mini golf, e fazendo poses de yoga usando uma sunga antes de entrar no rio para nadar.
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Mingyur Rinpoche |
O que eu achei que seria um livro com uma premissa de trama como desculpa para discutir temas religiosos, filosóficos e espirituais acabou se revelando um livro de viagens muito bem escrito, nada didático, e que nos faz pensar em certos aspectos de nossas vidas. As descrições dos locais por onde Otto e Rinpoche passaram e as comidas que Otto pediu nas diversas paradas em restaurantes - que, aliás, dão água na boca! - são todas baseadas em uma viagem de carro que o autor do livro, o americano Roland Merullo (1953-), fez ele mesmo.
Roland Merullo |
Então é isso, pessoal! Espero que tenham gostado dessa dica de leitura. Logo, logo sairá o vídeo-resenha desse livro no meu canal, O Prazer da Literatura no YouTube. Se você ainda não conhece o canal, clique aqui e confira!
Um ótimo domingo a todos e, é claro, ótimas leituras!
Fernanda