quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

"Esaú e Jacó", Machado de Assis

Bom dia, pessoal!

Hoje resisti à vontade de escrever sobre literatura inglesa (é difícil controlar!), e decidi escrever sobre a nossa riquíssima literatura nacional. Portanto, nada melhor do que recorrer ao nosso mestre, Machado de Assis, sem dúvida o maior escritor brasileiro, e um dos maiores da literatura mundial.

Machado de Assis em 1896

Esaú e Jacó foi o penúltimo livro escrito por Machado, publicado já em 1904, quatro anos antes da morte do escritor carioca. O livro conta a trajetória de Pedro e Paulo, que, assim como na história da Bíblia apresentada no título, são irmãos gêmeos, que vivem em conflito. Desde antes do nascimento, no ventre da mãe Natividade, os irmãos brigam, o que sempre perturbou sua mãe. Ao crescerem, os irmãos tomam rumos opostos: Pedro é monarquista e cursa Medicina, enquanto Paulo é republicano e estuda Direito. Para tornar suas desavenças ainda mais profundas, os dois se apaixonam pela mesma mulher, Flora.

 
De todos os livros do escritor que já li até agora, este é o meu livro favorito de Machado. O principal motivo é o cenário político representado no livro, que é de muita importância para o desenrolar da história. O momento é o turbulento fim do Império e o nascimento da República do Brasil. Machado é bastante crítico em relação aos acontecimentos movidos por interesses políticos que levaram à proclamação da república, em 1889. É como viver no Rio de Janeiro no período de declínio da monarquia e vivenciar as mudanças causadas pela proclamação da República no âmbito dos moradores da cidade, como a tradicional Confeitaria do Império, que teve que trocar o seu nome e, consequentemente, a placa do estabelecimento. No fim das contas, nada mudou para a população. Fernando de Barros e Silva, em seu artigo publicado na Folha de São Paulo, em 15 de novembro de 1989, afirma que, para Machado, a República foi só troca de fachada, literalmente. Ele diz: "Machado de Assis arranca o riso do leitor ao reduzir a proclamação da república a mera troca de tabuletas, questão de enfeite mais do que de substância".

A Proclamação da República por Marechal Deodoro da Fonseca

A História e a Literatura estão intrinsecamente ligadas, uma influencia a outra. E uma das grandes vantagens da Literatura, na minha opinião, é fazer o leitor viajar através da História por intermédio das palavras.

Não deixem de colocar Esaú e Jacó em sua lista de leituras, e boa viagem ao Brasil de fins do século XIX!

Fernanda

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