quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

"Frankenstein", Mary Shelley

Bom dia, queridos leitores!

Frankenstein é um livro que já estava em minha lista de leitura há muito tempo, mas algo sempre acontecia e outro livro tomava a frente. Porém, neste último semestre no mestrado eu tive que escrever um artigo que levasse em conta as teorias sobre o pós-humano. Então não tive dúvidas: iria unir o útil ao agradável e decidi que este era o momento perfeito para ler a obra-prima de Mary Shelley!


Percy, Mary e Byron
Acredito que a maioria de vocês já conheça a história por trás da criação de Frankenstein, mas eu a acho tão interessante que não custa nada mencioná-la mais uma vez, não é? Mary Shelley, após ser amante do poeta Percy Shelley, casou-se com ele depois da trágica morte da sua primeira esposa em 1816. A suspeita é que ela tenha se suicidado. Em maio deste mesmo ano, Percy e Mary passaram algumas semanas com Lord Byron, outro poeta inglês, na Suíça. Ao contrário de suas expectativas, no entanto, o verão tinha sido extremamente chuvoso e eles foram obrigados a permanecer dentro de casa na maior parte do tempo. Para se distraírem, eles se reuniam para ler histórias de fantasmas dos escritores franceses e alemães. Foi então que surgiu no grupo a ideia de um desafio: cada um deles deveria escrever uma história de terror! Alguns dias depois, o sol voltou a brilhar na Suíça e os dois homens abandonaram o projeto, enquanto Mary deu à luz sua hideous progeny, como ela mesmo se refere a Frankenstein.

Mary, incentivada por seu marido Shelley, desenvolveu sua terrível história criada no verão de 1816 em um romance, publicado em 1818. Mary mal sabia que o resultado deste desafio se tornaria um dos livros mais influentes do século XIX e, posso acrescentar, de toda a literatura ocidental. Frankenstein se tornou um mito!

Por fim, na semana passada li o romance de Shelley e aproveitei cada página, cada parágrafo, cada palavra! Conhecemos a história de Victor Frankenstein através das cartas para a sua irmã de um jovem aventureiro que encontra Frankenstein em uma de suas expedições para o Polo Norte. Aos poucos ele nos revela as descobertas de Frankenstein, a sua sede por conhecimento e glória e seu ousado projeto de dar vida a uma matéria morta.

O que eu achei muito interessante neste livro é que, diferentemente do que acontece na grande maioria das adaptações cinematográficas da obra, o monstro não era um monstro desde o início. A criação de Frankenstein tornou-se cruel porque foi abandonada pelo seu próprio criador e tratado com horror e repugnância por todos que o encontravam. Incapaz de encontrar a sua própria identidade e o seu lugar no mundo, Frankenstein se volta contra o seu criador e contra toda a raça humana.

 É aí que nos questionamos: quem é verdadeiramente o monstro? A abominável criatura feita de restos de carne humana e animal, que foi abandonada por seu criador e sem um rumo na vida que ele não pediu? Ou o jovem cientista que ultrapassa os limites da ética e concede vida a uma matéria e a abandona logo em seguida?

Mary Shelley, a autora de Frankenstein, nasceu em 30 de agosto de 1797. Filha da grande Mary Wollstonecraft, uma das primeiras feministas que escreveu A Vindication of the Rights of Woman (1792), e de William Godwin, filósofo e escritor, Mary tinha tudo para se tornar uma grande mulher. Sua mãe morreu apenas dez dias depois de seu nascimento devido a complicações do parto e Mary nunca se perdoaria por ter "matado" sua mãe, que era uma brilhante mulher. Durante toda a sua vida, Mary sempre teve sua mãe como modelo e lia todos os seus escritos.

Após a morte de seu marido Percy Shelley em 1822 em uma viagem marítima e após a morte prematura da maioria de seus filhos, Mary tornou-se mais reclusa e deprimida. Seu único filho a atingir a idade madura foi Percy Florence, que viveu até 1889. Mary editou a obra poética de seu marido e voltou a dedicar-se à escrita. Ela escreveu contos e romances, entre os quais os mais conhecidos são Frankenstein (1818) e O Último Homem (1826). Mary morreu em fevereiro de 1851 aos 53 anos, vítima, ao que tudo indica, de um tumor cerebral.

Mary Shelley

Mary Shelley, além de ter escrito textos inesquecíveis, teve uma vida excepcional para uma mulher no século XIX. Há muitas biografias escritas sobre a vida de Mary, Percy e seus amigos célebres. Já está em meus planos colocar um desses livros em minha lista de leituras para 2016!

Filme de 2015
Para quem gosta da trama atemporal de Frankenstein, recentemente foi lançado o filme Victor Frankenstein com Daniel Radcliffe e James McAvoy. O filme foca na vida de Victor Frankenstein e de seu ajudante Igor - inexistente no romance original de Shelley - enquanto aperfeiçoam a descoberta de Frankenstein para dar vida a um corpo inanimado. Eu assisti a esse filme nesta semana e gostei bastante. A história foge da trama original, mas eu acredito que cada adaptação traz um novo olhar sobre o texto de origem e, por isso, várias interpretações são possível. Daí existirem tantas adaptações de Frankenstein até hoje, uma diferente da outra. É essa a riqueza da união entre cinema e literatura!


A única coisa que me perturbou um pouco foi o fato da criação de Frankenstein ser considerada um monstro completamente, sem alma e cujo único objetivo era matar e destruir. De qualquer maneira, eu recomendo o filme! Eu acompanho o Daniel Radcliffe desde Harry Potter e confesso que nenhum trabalho anterior dele tinha conseguido me fazer desvencilhar a imagem de Daniel da de Harry. Porém, em Victor Frankenstein, ele consegue! A atuação de Radcliffe está muito boa, vale a pena conferir!


Boris Karloff como a criação de Frankenstein
Há também as outras adaptações de Frankenstein que valem a pena serem conferidas, como a clássica versão de 1931, que traz o monstro interpretado por Boris Karloff.

Como viram, a obra de Mary Shelley dá espaço para muitas discussões! Espero que tenham gostado desta sugestão e que se deixem envolver pela história do Prometeu moderno, seja qual for a mídia!

Um abraço e ótimas leituras!

Fernanda



segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

"Ragnarök, o Crepúsculo dos Deuses", Mirella Faur

Bom dia, queridos leitores!

Nesta última semana terminei de assistir a primeira temporada da série Vikings, produzida pelo History Channel, e nem preciso dizer que estou fascinada, não é? Estou maravilhada com a história das primeiras excursões vikings na Europa e estou ainda mais fascinada pela mitologia nórdica. Por isso, resolvi escrever para vocês um pouco sobre essa intrigante cultura.

"Vikings", a série produzida pelo History Channel

Há alguns meses, enquanto passeava por uma livraria, me deparei com o livro Ragnarök: o Crepúsculo dos Deuses - Uma Introdução à Mitologia Nórdica, escrito pela romena naturalizada brasileira Mirella Faur. Ainda não tinha tido tempo para explorá-lo, mas, assim que terminei de assistir a série, corri a ele para saber mais sobre esses bárbaros do norte.

Mirella Faur explica que a mitologia nórdica surgiu na pré-história e compreende as crenças e tradições dos povos escandinavos, bálticos e germânicos. Muito da história desses povos se perdeu, pois eles não tinham o costume de registrar seus feitos em escrito. As tradições eram passadas oralmente de geração para geração. Porém, com o advento do cristianismo e a perseguição às culturas pagãs, essas tradições, infelizmente, foram se perdendo.

O núcleo da mitologia nórdica é a harmonia entre as forças cósmicas, telúricas e naturais. As forças da natureza são personificadas em deuses, que estão em constante batalhas. Essa harmonia tem como guia a "lei do eterno retorno", em que tudo é visto como um ciclo - assim como a vida humana: vida, morte e renovação.

O interesse pela mitologia nórdica tem sido resgatado nos séculos XX e XXI. Isto é perceptível pela presença de elementos nórdicos na literatura, como em O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, em poemas, no cinema e na televisão, como a série Vikings, na música, como as bandas de Viking Metal e grupos de neofolk, e pelos movimentos ocultistas como a Wicca e o Odinismo.

A mitologia nórdica tem muito a ensinar à nossa sociedade consumista e individualista. Temos que nos deixar iluminar pelo conhecimento viking, que presa pela harmonia entre todos os seres e que nos reconecta com as forças vitais na natureza.

Mirellla Faur, a autora deste livro, nasceu na Transilvânia, mas se naturalizou brasileira. Ela é uma grande estudiosa da Astrologia, oráculos e runas. No Brasil, ela formou e dirigiu círculos sagrados de mulheres com rituais de reverência aos princípios e valores da espiritualidade feminina. Atualmente, ela escreve sobre mitologia nórdica e ministra palestras e cursos sobre o Sagrado Feminino.

Mirelle Faur

Espero que tenham gostado desse nosso primeiro contato com a mitologia nórdica. Mais posts sobre essa incrível cultura certamente virão!

Uma ótima segunda-feira e uma semana repleta de leituras e conhecimento!

Um abraço,

Fernanda

sábado, 5 de dezembro de 2015

"O Príncipe das Trevas", Jean Plaidy

Boa tarde, queridos leitores!

"Uma atmosfera inquieta predominara na corte da Bretanha desde a chegada do visitante inesperado, o príncipe João, conde de Mortain, irmão de Ricardo I da Inglaterra - homem cuja reputação era tal que levava o povo a acreditar na lenda de que o sangue do diabo infectara, certa vez, a casa de Anjou e o Príncipe das Trevas voltara à Terra na pessoa do príncipe João" (Jean Plaidy).

Essa é a descrição de Plaidy do príncipe João, que viria a tomar a coroa da Inglaterra depois da morte do seu irmão Ricardo Coração-de-Leão e se tornaria o rei mais cruel da história da monarquia inglesa, o próprio descendente do Diabo!

Este é "O Príncipe das Trevas", o quarto volume da envolvente Saga Plantageneta, que narra as aventuras e desventuras dos primeiros reis e rainhas das Inglaterra pertencentes a esta dinastia que reinou do século XII ao XV, passando por momentos importantíssimos na consolidação da nação inglesa.


O reinado de João foi caracterizado por sua devassidão (semelhante à de seu pai, Henrique II) e sua tirania, que acabou aguçando a ira de seus barões, que se revoltaram contra ele e prometeram aliança ao Rei Filipe da França. Os franceses não apoiavam a coroação de João e afirmavam que o título de legítimo Rei da Inglaterra cabia a Artur (sobrinho de João e filho mais velho do irmão mais velho de João, Geofredo). No entanto, o cruel João não deixaria o trono tão facilmente e recorreria a tudo - até ao assassinato - para garantir o seu poder.

Rei João da Inglaterra

O Rei João passava muitas horas saciando seus prazeres e negligenciando os assuntos reais, o que causou a perda do rico território da Normandia para a França. Cansados da negligência do seu rei, os barões se reuniram e obrigaram o rei a assinar a famosa Magna Carta, que - à contragosto de João - limitava os poderes do soberano.

Assinatura da Magna Carta


Um ano após a assinatura da Carta, João morreu de disenteria, deixando, mais uma vez, o trono da Inglaterra vago. Com a sua morte, os olhos dos inglesas caíram em Henrique III, filho de João, que viria a tornar-se o próximo Rei da Inglaterra e um dos personagens do próximo volume da Saga Plantageneta: "A Batalha das Rainhas", que já está na minha lista de leitura para as férias!

Rei João e seu sorinho, Artur
Quem acompanha o meu blog sabe que eu sou apaixonada por romances históricos. Eu simplesmente adoro a maneira como realidade e ficção se entrelaçam, levando o leitor a outro período na história! E que período melhor do que a Idade Média? Conflitos entre cavaleiros e a luta pelo trono são temas fascinantes, na minha opinião. Quem gosta de tramas medievais, vai adorar essa saga de 14 volumes da genial Jean Plaidy.

Quem tiver interesse em conferir as resenhas referentes aos três primeiros livros da série, pode acessá-las clicando aqui.

Espero que tenham gostado dessa jornada pelo século XIII tanto quanto eu.

Uma ótima noite de sábado a todos e, é claro, ótimas leituras!

Um abraço,

Fernanda

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

"Livros em Pauta"

Bom dia, queridos leitores!

Hoje já é o primeiro dia de dezembro, o que significa que eu fiquei um mês inteiro sem postar por aqui! Este mês de novembro estava realmente muito atribulado, muitas coisas para escrever, muita coisa para entregar...  Mas agora o novo mês já traz aquele cheirinho de férias e poderei compartilhar com vocês as minhas últimas aventuras pelo universo literário.


O idealizador do projeto, Edson Rossatto
Neste final de semana, participei de um evento literário em São Paulo chamado Livros em Pauta. Este evento tem como objetivo reunir os escritores das antologias publicadas pela Editora Andross, bem como proporcionar aos participantes e público em geral palestras gratuitas sobre o ofício de escrever. Além disso, o lugar contou com estandes de muitas livrarias e autores independentes, que divulgaram e venderam seu trabalho por ali.




Neste evento foram lançadas as antologias "Etéreo", de contos fantásticos organizada por Alex Mir; "Marcas Eternas", de contos de amor, organizada por Leandro Schulai; "Círculo do Medo", de contos de terror, organizado por Alfer Medeiros; "Outrora", de contos distópicos organizada por Paola Giometti; "Nanquim", de contos e crônicas de temática livre; e, por fim, "Metamorfoses", uma coletânea de poemas organizada por Edson Rossatto.








 Eu participei da antologia "Etéreo" com o conto "Cartas". Foi a minha primeira experiência escrevendo um conto e já achei fantástico! É muito interessante participar do processo de revisão e preparação do conto para publicação e, por fim, vê-lo integrante de um projeto tão legal, em um livro de alta qualidade e acabamento. Já fiquei animada para participar de novas antologias no futuro!


Livros em Pauta foi uma ótima oportunidade para conhecer os organizadores por trás desse projeto de publicação coletiva de antologias, e também para encontrar os outros escritores que também participaram do projeto. É sempre bom sentir-se rodeado de pessoas que compartilham dos mesmos interesses que os seus, não é?


Organizadores das antologias da Editora Andross
Para quem se interessou pelo projeto e gostaria de participar de novas antologias, confira o site da Editora Andross. Até janeiro de 2016 eles estão recebendo originais para seleção para compor as antologias "Tratado oculto do terror", "Céus de chumbo", "Sabor da paixão", "Vendetta" e "Via de lótus", que têm lançamento previsto para junho do ano que vem.
Deixe acordar o escritor que existe dentro de você. Participe!



Uma ótima semana a todos e ótimo início de dezembro com muitas leituras!

Um abraço,

Fernanda

domingo, 1 de novembro de 2015

"O fantasma", Edith Nesbit

Boa noite, queridos leitores!


Ainda em clima de Halloween, trago para vocês um livrinho que me cativou desde o momento em que coloquei os olhos nele! Trata-se de Poems bewitched and haunted (em português algo como Poemas enfeitiçados e assombrados), publicado pela Everyman's Library Pocket Poets em uma edição lindíssima de capa dura e com estas adoráveis abóboras na capa! Foi, claro, amor à primeira vista!


Este é um daqueles livros que não se lê de uma vez só, mas que se saboreia poema por poema em diferentes momentos da vida. Eu gosto de abrir este livro ao acaso e verificar com qual poema me deparo, e se ele, de alguma forma, se relaciona com o momento pelo qual estou passando em minha vida. O legal desta coleção da Everyman's Library Pocket Poets é que eles compuseram antologias de poemas de diversos temas. Há este que escolhi com poemas enfeitiçados e assombrados; há outros com poemas de amor, poemas de Natal, poemas de guerra, poemas de jardim, poemas de animais, poemas cômicos, poemas de amizade, poemas do mar, enfim! São mais de 60 títulos. É um mais lindo do que o outro, quero todos!

Alguns dos títulos da coleção

Nesta antologia de poemas enfeitiçados e assombrados foram reunidos poemas que tratam de espíritos (belos, sensuais, benignos ou maléficos), bruxas, fantasmas, edifícios assombrados, cavalos espectrais, entre outros!

Na Introdução da antologia escrita por John Hollander, ele comenta que a poesia em si já um encantamento! A linguagem poética é repleta de metáforas e imagens que em si já são feitiços. Além disso, a bruxaria e a presença de criaturas mágicas como temas poéticos não é nada de novo! Poemas deste estilo existem desde o tempo de Homero na Grécia Antiga.De fato, bruxas, gnomos, duendes, demônios e diversas outras criaturas mágicas faziam parte do cotidiano e da crença das pessoas, tanto dos poetas como de seus leitores. No entanto, a partir do século XVII, com o advento da ciência, tais crenças passaram a se tornar insustentáveis. Porém, elas ainda permaneceram no nosso imaginário e permeiam a literatura até os dias de hoje.

Esta coletânea traz poemas de autores, períodos e locais diversos, desde Homero a Shakespeare, Percy Shelley, John Donne, Edgar Allan Poe, Goethe, Baudelaire, John Keats, Ann Radcliffe, William Butler Yeats, Samuel Coleridge, Emily Dickinson, entre tantos outros! é uma jornada e tanto!


Edith Nesbit
Hoje escolhi para vocês um poema de Edith Nesbit, escritora inglesa do final do século XIX e início do XX, conhecida por sua extensa criação de literatura infanto-juvenil. Antes de escrever qualquer coisa sobre o poema, vou colocá-lo aqui para a sua apreciação e interpretação. Ele está em seu idioma original, o inglês, pois não pude encontrar nenhuma tradução para o português. Além disso, sou um tanto quanto cética à tradução de poesia. Creio que, sim, é possível, mas que a experiência nunca será a mesma de ler o poema no original. Mas este é um assunto para outro momento!


     The ghost

Now that the curtains are drawn and close,
     Now that the fire burns low,
And on her narrow bed the rose
     Is stark laid out in snow;
Now that the wind of winter blows
Bid my heart say if still it knows
     The step it used to know.

I hear the silken gown you wear
     Sweep on the gallery floor,
Your step comes up the wide, dark stair
     And pauses at my door.
My heart with the old hope flowers fair -
That shrivels to the old despair,
     For you come in no more!


Neste lindo poema, ao invés de um assustador espírito do mal, a voz do poema se depara com o fantasma da presença de um antigo amor, que não mais se ouve pelos corredores em uma noite fria de inverno. Lindo, não?

Este é apenas um dos poemas desta fantástica antologia, que certamente me acompanhará por muitos Halloweens por vir!

Um ótimo início de mês a todos e muitos poemas!

Fernanda


sábado, 31 de outubro de 2015

"Feliz dia das bruxas", Edgar J. Hyde

Olá, queridos leitores!

31 de outubro de 2015.
Faz um bom tempo que não escrevo aqui (a correria anda grande!), mas não poderia deixar de escrever algumas palavras neste dia das bruxas. Desde criança, sempre fui apaixonada por histórias de terror! Mesmo tendo dificuldade para dormir à noite, eu insistia em ler contos macabros! Na realidade, até hoje não resisto a uma boa história de terror, com monstros, mistérios, passagens secretas e eventos sobrenaturais!

Há um tempo, quando estava passeando pela Bienal do Livro de Curitiba, me deparei com a série Hora do Espanto. Quando criança, eu simplesmente adorava ler a série Goosebumps do J. L. Stine, e quando vi aqueles livrinhos de terror juvenil em um estande da Bienal, senti uma nostalgia tremenda e uma vontade de lê-los imediatamente! Comprei dois títulos: Feliz dia das bruxas e O escritor fantasma.

série Hora do Espanto

Pensando em um post comemorativo de Halloween, decidi ler primeiro Feliz dia das bruxas, escrito por Edgar J. Hyde, um autor sobre o qual, realmente, há pouquíssimas informações. A história nos conta sobre os irmãos Samanta, Mandy e Tiago. Sam é a mais velha e Mandy e Tiago são gêmeos. Os três vão passar o feriado de Halloween com os pais em uma cabana isolada, que eles logo descobrem ter pertencido a um velho que se dizia ser mago e que havia desaparecido misteriosamente.

Remexendo pelo sótão, Samanta encontra um antigo livro de feitiços e descobre ser uma bruxa! Ela ainda precisa aprender a usar seus poderes quando é convocada para uma reunião anual dos bruxos em uma casa abandonada em plena noite de Halloween. Para poder participar da reunião sem que seu desaparecimento chamasse a atenção de seus pais, Sam cria um clone seu que vai sair às ruas com Mandy e Tiago para pedir doces ou travessuras, enquanto ela se aventura pelo mundo dos magos. Porém, o que Sam descobre dentro da casa mal-assombrada vai  muito além do que uma mera convenção de magos!


Confesso que eu, que esperava um novo Goosebumps, me decepcionei. É certo que a série a destinada ao público infanto-juvenil, mas acredito que o autor poderia ter evitado certos clichês e explorado mais outros temas. De qualquer forma, valeu a tentativa de trazer à tona o espírito bruxuleante de final de outubro!


E para comemorar a noite de hoje, nada melhor do que se deliciar com histórias de terror e do sobrenatural, não? Preparem sua pipoca, cobertores e chocolate quente!

Um ótimo e assustador Halloween a todos!

Fernanda


domingo, 11 de outubro de 2015

"As Brumas de Avalon - A Senhora da Magia", Marion Zimmer Bradley

Bom dia, queridos leitores!

Há tempo não escrevo por aqui! Peço desculpas, mas a vida anda corrida! No entanto, aqui continua sendo o meu cantinho preferido para compartilhar as minhas experiências pelo universo literário!

Arthur Pendragon na série da BBC Merlin

Como já escrevi aqui em outras ocasiões, eu sou simplesmente apaixonada pelas lendas do Rei Arthur. Por isso, qualquer livro que faça referência a elas tem lugar certo na minha estante, além dos filmes e séries que, com certeza, entram para a minha lista de to-be-watched!

Uma série de livros que estava aguardando a minha leitura há um bom tempo é As Brumas de Avalon, da escritora norte-americana Marion Zimmer Bradley, publicado pela primeira vez em 1979 e, mais tarde, dividida em quatro volumes: A Senhora da Magia, A Grande Rainha, O Gamo-Rei e O Prisioneiro da Árvore.



Eu tinha muitas expectativas com relação a estes livros e devo dizer que fiquei muito entusiasmada com a leitura! Na última semana, terminei de ler o primeiro volume e simplesmente adorei! Diferentemente do que a maioria das releituras das lendas do Rei Arthur normalmente apresentam, Marion Zimmer Bradley nos traz a versão da história contada através de grandes personagens femininas, como Igraine - mãe de Arthur, Morgana - meia-irmã de Arthur, Viviane, a Senhora do Lago e tia de Arthur, e Guinevere, sua futura esposa.

Igraine

Em A Senhora da Magia, conhecemos a história da jovem Igraine, que foi forçada a casar-se com o muito mais velho Gorlois, Duque da Cornualha, com quem teve uma filha, chamada Morgana. Porém, Igraine logo descobre que o seu destino não é permanecer com este homem e que seu grande amor é Uther Pendragon, futuro Grande Rei da Bretanha. O fruto deste amor, de acordo com as previsões de Merlin e da Senhora do Lago de Avalon, será Arthur, o grande rei que unirá a Bretanha.



Morgana

Ao mesmo tempo que Igraine vive o grande amor de sua vida, Morgana é levada para a ilha mística de Avalon para ser educada como uma sacerdotisa por sua tia Viviane, a Senhora do Lago. Lá, ela desenvolve a sua Visão e é treinada por sua tia para a ser a sua sucessora no mais alto cargo de Avalon.

Este é o início da grande história atemporal do Rei Arthur, seus cavaleiros e suas mulheres poderosas. No segundo volume, A Grande Rainha, acompanhamos o jovem Arthur em seu reinado e sua tentativa de pacificar a Bretanha. Já estou animada para continuar a ler a saga destas grandes mulheres do universo arturiano!


Marion Zimmer Bradley

Marion Zimmer Bradley, a autora da série, nasceu em Albany, Nova York, em 3 de junho de 1930 e faleceu aos 69 anos, em 25 de setembro de 1999, depois de complicações de um ataque cardíaco. Bradley deixou inúmeros livros escritos, dentre os mais famosos estão a saga As Brumas de Avalon, a série de ficção científica Darkover e Incêndio de Tróia, no qual ela reconta a guerra de Tróia através de personagens femininos. Este já entrou para a minha lista, com certeza!


Em 2014, sua filha Moira Greyland veio a público para acusar sua mãe de abuso sexual e de molestá-la quando criança. Confesso que tal revelação me deixou horrorizada, eu realmente não esperava tal conduta de uma mulher que escrevera histórias maravilhosas sobre o poder feminino. A imagem da autora certamente foi manchada em minha mente, mas as suas obras continuam sendo pedras preciosas da literatura mundial. Nós, muitas vezes, elevamos nossos ídolos a patamares tão altos que acabamos nos decepcionando com a sua sordidez humana.

De qualquer maneira, As Brumas de Avalon é leitura obrigatória para os amantes de histórias envolventes, magia, batalhas medievais e, especialmente, para os apreciadores da jornada do Rei Arthur.

Um ótimo domingo a todos e ótimas leituras!

Fernanda