Olá, queridos leitores!
No post de hoje eu compartilho com vocês uma das minhas mais recentes leituras. Trata-se do décimo volume da saga Plantageneta, escrita pela britânica Jean Plaidy (um dos pseudônimos de Eleanor Burford Hibbert), que acompanha os reis e rainhas da Inglaterra desde Henrique II no século XII, até o final da dinastia com o desfecho da Guerra das Rosas (1455-1487), que deu início à dinastia Tudor com Henrique VII no século XV.
Tem vídeo no canal sobre essa saga. Assista aqui: SAGA PLANTAGENETA de Jean Plaidy - Luta pelo poder na Idade Média - YouTube |
Eu já venho acompanhando esta série de livros desde 2015 e leio, em média, um ou dois livros desta saga por ano. Plaidy mistura fato e ficção, criando personalidades e diálogos para personagens históricos. O trabalho da escritora foi feito com base em muita pesquisa histórica, então aprendi muito sobre a história da Inglaterra através destes livros.
Eu tinha grandes expectativas para o décimo volume, Passagem para Pontefract, publicado originalmente em 1981. Isso porque, além de gostar muito do trabalho da autora, este livro acompanha o reinado de Ricardo II (1367-1400), o rei que estudo nas minhas pesquisas de doutorado. Estou escrevendo sobre três produções da peça Ricardo II de Shakespeare na Londres do século XIX. Portanto, tinha bastante curiosidade em ler como Plaidy descreveria os acontecimentos que Shakespeare dramatiza na sua peça.No entanto, me decepcionei, porque Ricardo não é o personagem principal deste livro, de fato. O livro inicia com o rei Eduardo III ainda vivo. Eduardo foi o protagonista do último volume, O Juramento do Rei - para ler a resenha deste livro, clique aqui. Portanto, Plaidy volta no tempo e reconta eventos que já tinham sido descritos no último volume: o caso amoroso adúltero do rei com Alice Perrers, o casamento do Príncipe Negro com Joana de Kent, a morte do seu filho mais velho - o herdeiro Henrique, a morte do Príncipe Negro e a morte do próprio Eduardo III, que deixa o trono para o seu neto de dez anos, Ricardo. Tudo isso toma um bom terço do livro todo.
Eduardo III |
Ricardo II |
O segundo terço do livro tem como personagem principal João de Gaunt, um dos filhos sobreviventes de Eduardo III. Portanto, irmão do Príncipe Negro e tio de Ricardo II. João é um homem muito ambicioso e ressente estar tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe da coroa. Ele queria muito se tornar rei e despreza o fato de que o trono deve ser ocupado por uma criança. No início do livro, eu até simpatizei com João, que era muito apaixonado por sua primeira esposa, Blanche. Porém, depois da morte prematura dela em decorrência da peste, João se apaixona facilmente por outras mulheres e quer a todo custo se tornar rei, da Inglaterra ou de qualquer outro lugar. Ele não era bem-quisto pelo povo, que, até então, simpatizara com o jovem Ricardo.
John de Gaunt |
Durante todo o livro Ricardo é ofuscado por outros personagens, que tentam manipulá-lo, como seu tio Gaunt no segundo terço do livro, e seu tio Thomas de Woodstock, no terceiro terço da obra. A relação de Ricardo com o seu favorito Robert de Vere foi muito pouco explorada, na minha opinião. E o evento que inicia a peça de Shakespeare - a disputa entre Henrique de Bolingbroke e Thomas Mowbray - só aparece na página 406 (de 444 páginas). A parte mais interessante do reinado de Ricardo - o descontentamento popular por causa de sua relação com seus favoritos e o conflito com Bolingbroke, que usurparia a coroa para se tornar Henrique IV - é contada muito rapidamente e sem muitos detalhes, como se a autora já tivesse ultrapassado o número máximo de palavras e tivesse que encerrar às pressas.
Outra coisa que me chamou atenção foi a maneira como a morte de Ricardo II foi reconstruída. Não há consenso entre historiadores com relação à causa da sua morte. Shakespeare a coloca como assassinato, dramatizando Sir Exton - a mando indireto de Bolingbroke - atacando o rei deposto na sua cela de prisão. Plaidy escolhe outro caminho: o seu Ricardo II morre de fome deliberada. O rei se recusa a comer e prefere morrer a passar o resto dos seus dias na prisão, temendo uma morte cruel.
Peça de Shakespeare |
O livro termina da seguinte forma:
"O vento uivava, como se em homenagem a uma alma atormentada.
'Não pode demorar agora', pensou Thomas Swynford. 'Hoje... amanhã... mandarei a notícia ao rei.'
Na ponta dos pés, aproximou-se do catre. Ali estava ele, o outrora bonito rei, o orgulhoso Plantageneta.
O último desejo de Ricardo de Bordeaux tinha sido satisfeito.
Ele estava morto, e o trono estava garantido para Henrique de Bolingbroke." (p. 444)
Jean Plaidy |
Espero que tenham gostado dessa resenha. Logo, logo sairá o vídeo no canal. Acompanhem aqui: "O Prazer da Literatura".
Uma ótima semana a todos e, é claro, ótimas leituras!
Fernanda
Nenhum comentário:
Postar um comentário