Frankenstein é um livro que já estava em minha lista de leitura há muito tempo, mas algo sempre acontecia e outro livro tomava a frente. Porém, neste último semestre no mestrado eu tive que escrever um artigo que levasse em conta as teorias sobre o pós-humano. Então não tive dúvidas: iria unir o útil ao agradável e decidi que este era o momento perfeito para ler a obra-prima de Mary Shelley!
Percy, Mary e Byron |
Mary, incentivada por seu marido Shelley, desenvolveu sua terrível história criada no verão de 1816 em um romance, publicado em 1818. Mary mal sabia que o resultado deste desafio se tornaria um dos livros mais influentes do século XIX e, posso acrescentar, de toda a literatura ocidental. Frankenstein se tornou um mito!
Por fim, na semana passada li o romance de Shelley e aproveitei cada página, cada parágrafo, cada palavra! Conhecemos a história de Victor Frankenstein através das cartas para a sua irmã de um jovem aventureiro que encontra Frankenstein em uma de suas expedições para o Polo Norte. Aos poucos ele nos revela as descobertas de Frankenstein, a sua sede por conhecimento e glória e seu ousado projeto de dar vida a uma matéria morta.
O que eu achei muito interessante neste livro é que, diferentemente do que acontece na grande maioria das adaptações cinematográficas da obra, o monstro não era um monstro desde o início. A criação de Frankenstein tornou-se cruel porque foi abandonada pelo seu próprio criador e tratado com horror e repugnância por todos que o encontravam. Incapaz de encontrar a sua própria identidade e o seu lugar no mundo, Frankenstein se volta contra o seu criador e contra toda a raça humana.
É aí que nos questionamos: quem é verdadeiramente o monstro? A abominável criatura feita de restos de carne humana e animal, que foi abandonada por seu criador e sem um rumo na vida que ele não pediu? Ou o jovem cientista que ultrapassa os limites da ética e concede vida a uma matéria e a abandona logo em seguida?
Mary Shelley, a autora de Frankenstein, nasceu em 30 de agosto de 1797. Filha da grande Mary Wollstonecraft, uma das primeiras feministas que escreveu A Vindication of the Rights of Woman (1792), e de William Godwin, filósofo e escritor, Mary tinha tudo para se tornar uma grande mulher. Sua mãe morreu apenas dez dias depois de seu nascimento devido a complicações do parto e Mary nunca se perdoaria por ter "matado" sua mãe, que era uma brilhante mulher. Durante toda a sua vida, Mary sempre teve sua mãe como modelo e lia todos os seus escritos.
Após a morte de seu marido Percy Shelley em 1822 em uma viagem marítima e após a morte prematura da maioria de seus filhos, Mary tornou-se mais reclusa e deprimida. Seu único filho a atingir a idade madura foi Percy Florence, que viveu até 1889. Mary editou a obra poética de seu marido e voltou a dedicar-se à escrita. Ela escreveu contos e romances, entre os quais os mais conhecidos são Frankenstein (1818) e O Último Homem (1826). Mary morreu em fevereiro de 1851 aos 53 anos, vítima, ao que tudo indica, de um tumor cerebral.
Mary Shelley |
Mary Shelley, além de ter escrito textos inesquecíveis, teve uma vida excepcional para uma mulher no século XIX. Há muitas biografias escritas sobre a vida de Mary, Percy e seus amigos célebres. Já está em meus planos colocar um desses livros em minha lista de leituras para 2016!
Filme de 2015 |
A única coisa que me perturbou um pouco foi o fato da criação de Frankenstein ser considerada um monstro completamente, sem alma e cujo único objetivo era matar e destruir. De qualquer maneira, eu recomendo o filme! Eu acompanho o Daniel Radcliffe desde Harry Potter e confesso que nenhum trabalho anterior dele tinha conseguido me fazer desvencilhar a imagem de Daniel da de Harry. Porém, em Victor Frankenstein, ele consegue! A atuação de Radcliffe está muito boa, vale a pena conferir!
Boris Karloff como a criação de Frankenstein |
Como viram, a obra de Mary Shelley dá espaço para muitas discussões! Espero que tenham gostado desta sugestão e que se deixem envolver pela história do Prometeu moderno, seja qual for a mídia!
Um abraço e ótimas leituras!
Fernanda
Deve ser um bom livro, assim que possível vou ler. Ótima resenha
ResponderExcluir