segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

"A Coisa Autêntica", Henry James

Boa tarde, queridos leitores!

Hoje é dia 21 de dezembro, segunda-feira... o início da melhor semana do ano! Eu simplesmente adoro esses dias que antecedem o Natal: passar dias descansando com a família, planejar a grande noite, providenciar aquelas comidas típicas deliciosas, reencontrar os amigos, escolher presentes para pessoas especiais e, claro, ler ótimas histórias durante as horas vagas!

Quem me acompanha sabe que o blog foi uma das razões pelas quais eu comecei a ler mais contos: histórias mais curtas, porém envolventes. Devido ao grande número de publicações por aqui, as leituras de romances apenas não davam conta para cobrir todos os posts, por isso recorri a essas narrativas com menos páginas. No entanto, agora estou simplesmente apaixonada por contos! Dessa forma, consigo conhecer uma gama maior de escritores e seus estilos literários, além de me deixar envolver com histórias fascinantes! Para conseguir trazer ao leitor personagens e tramas memoráveis em um conto, o escritor precisa de muito mais habilidade do que se tivesse todas as páginas de um romance para desenvolvê-los. Por isso, um grande salve aos ótimos contistas de nossa literatura mundial!




Henry James
É por isso que hoje trago para vocês um grande nome da literatura norte-americana, que escreveu tanto contos, como romances, novelas e ensaios teóricos. Eu falo de Henry James, escrito que nasceu em Nova York em 15 de abril de 1843, mas passou a maior parte da sua vida na Inglaterra, onde morreu em 28 de fevereiro de 1916, aos 72 anos. Apesar de minha afeição por James ter diminuído depois que eu soube que ele havia criticado muito o trabalho de Walter Scott (por quem eu tenho grande admiração!), Henry James continua me surpreendendo com a sua escrita. Seu romance A Volta do Parafuso (1898) de terror psicológico é um de meus livros preferidos de todos os tempos!

O conto de James que escolhi para comentar com vocês hoje faz parte da antologia Great American Short Stories, organizada por Paul Negri e publicada pela Dover Thrift Editions em 2002. Essas edições em paperback são super baratas, elas contêm clássicos da literatura mundial a um preço bastante acessível. Vale a pena adicionar esses volumes a suas estantes! O conto em questão se chama A Coisa Autêntica, ou The Real Thing no original. Esta história foi originalmente publicada em 1892 em jornais americanos e na publicação inglesa Black and White.

A Coisa Autêntica lida com o paralelo entre ilusão e realidade, e como a arte torna, muitas vezes, difícil a distinção entre o que é "autêntico" e o que é representação. O narrador é um ilustrador, que além de pintar retratos, também faz gravuras para a ilustração de romances. Para isso, ele contrata modelos que posam de diversas maneiras e com diversos figurinos, dependendo do objetivo, tema e público-alvo das ilustrações. Eis que um dia, um casal muito bem vestido aparece no ateliê do narrador e, meio sem jeito, pede por trabalho. Os dois haviam perdido toda a sua fortuna e, devido à sua boa aparência, decidiram que poderiam tentar um trabalho como modelos para ilustrações, já que não haviam sido aceitos em nenhum outro emprego e estavam desesperados. Sentindo pela situação do casal, o ilustrador os aceita para um teste, imaginando que os dois seriam perfeitos para as ilustrações dos personagens de um novo romance que está para ser editado, que representa a elite da sociedade inglesa. Eles seriam perfeitos para o papel pois eram "a coisa autêntica". Eles não precisariam representar, pois eles eram, de fato, da elite. Porém, o ilustrador logo descobre que, para a arte, a "coisa autêntica" nem sempre é a melhor representação da realidade.

O casal Monarch
Eu achei este paralelo de James muito interessante. Um crítico literário elogiou muito esse trabalho de James, principalmente por ele ter conseguido juntar em apenas um conto uma ficção envolvente, uma parábola estética e uma sátira da aristocracia. Além disso, James deixa o leitor refletindo sobre o que é a "coisa autêntica" na verdade. Afinal de contas, o que é real? O que é ilusório? Albert Einstein já dizia: "A realidade é meramente uma ilusão, ainda que bastante persistente".

Este conto é facilmente encontrado na internet e pode ser uma boa introdução ao universo de Henry James. Para quem já está de férias e aproveitando o tempo livre, que tal ler um conto delicioso como este? Você fica tão preso a cada parágrafo que, de repente, a história já terminou! Porém, as reflexões permanecem ainda por muito tempo depois de terminada a leitura, e são estes os contos que valem a pena ser lidos, relidos e comentados!

Uma ótima semana de Natal a todos!

Ótimas leituras e descobertas literárias!

Fernanda





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