sexta-feira, 22 de maio de 2015

"Um Encontro", James Joyce

Bom dia!

James Joyce


Nesta sexta-feira decidi escrever para vocês, mais uma vez, sobre o grande escritor irlandês, James Joyce, que nasceu em Dublin em 2 de fevereiro de 1882 e morreu em 13 de janeiro de 1941 em Zurique, depois de entrar em coma após uma cirurgia contra uma úlcera. Ele ainda recobrou a consciência por alguns instantes durante a madrugada, pediu a uma enfermeira que chamasse a sua mulher e filho, mas ele morreu 15 minutos depois, quando os dois ainda estavam a caminho do hospital.

James Joyce e sua filha, Lucia
Joyce foi um dos principais nomes do movimento modernista na literatura. O famoso psicanalista Carl Jung, após ler a obra-prima Ulysses (1922) do escritor irlandês, concluiu que Joyce sofria de esquizofrenia, assim como sua filha, Lucia. De acordo com Jung, James Joyce e Lucia eram como duas pessoas que estavam indo em direção ao fundo de um rio, a única diferença é que Joyce mergulhava enquanto Lucia afundava.

Em 1914, Joyce publicou sua antologia de contos intitulada Os Dublinenses, contos que tratam de personagens comuns da sociedade estagnada de Dublin do início do século XX. Ali são transformados em palavras ocorrências ordinárias do dia-a-dia, mas que, normalmente, levam à uma epifania do protagonista, uma nova maneira de perceber a si mesmo e ao mundo ao seu redor.

Aqui no blog já escrevi sobre outros contos desta antologia, que podem ser acessados aqui. Hoje escrevo sobre o segundo conto dublinense, chamado Um Encontro. Nesta história, assim como no primeiro conto do livro, o protagonista é uma criança. Ele, cujo nome não conhecemos, juntamente com seus colegas de escola apaixonados pela literatura sobre o faroeste selvagem, brinca de batalhas de vaqueiros e ataques indígenas.

Um dia, contudo, a criança se vê insatisfeita por viver aventuras apenas em sua imaginação e combina com Mahony, outro garoto, de faltar à aula no dia seguinte e procurar uma aventura na vida real. Os dois ficam encantados ao observar os trabalhadores e a agitação do porto em Dublin e acompanham com os olhos os diversos passantes.


Já no final da tarde, cansados, os dois garotos sentam em uma colina para descansar. De repente, um velho mal vestido, de dentes amarelados e apoiado em uma bengala passa por eles em um ritmo bem lento. Os meninos o acompanham com o olhar e o velho, subitamente, dá meia-volta e retorna ao local onde os garotos estavam, sentando-se ao lado deles. Ele fala sem parar de sua infância, de livros, de namoradas de sua infância e acaba assustando os jovens garotos.

Mahony vê um gato na rua e sai em disparada para persegui-lo, deixando o protagonista desconfortavelmente sozinho com o velho. Assim que o senhor dá uma pausa em seu monólogo, o garoto aproveita a oportunidade para se livrar e voltar ao encontro do seu colega.

Nem sempre situações novas são prazerosas e, por vezes, nos sentimos gratos por voltar à nossa rotina. Não é mesmo?





Mais uma vez, James Joyce encontra o âmago da essência humana e o traduz em palavras através de eventos ordinários do nosso cotidiano. Para quem tiver interesse em conhecer a Dublin de início do século XX, Os Dublinenses é leitura obrigatória.

Uma ótima sexta-feira a todos e boas leituras!

Fernanda

9 comentários:


  1. Parabéns pelo blog, estou seguindo!
    http://devaneiosdalila.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Oi Fernanda, tudo bem?
    Não conhecia o autor e nem seus contos mas achei bem triste a história da morte dele antes da chegada da esposa e do filho. Achei a história dos meninos bem interessante, realmente as vezes queremos fugir da rotina mas nem sempre estamos preparados para novas situações.

    Bjs, Glaucia.
    www.maisquelivros.com

    ResponderExcluir
  3. Oi, Fernanda! Nunca li nada do Joyce, mas já tinha ouvido falar desse livro e ficado curiosa. Não sabia que era de contos. Gosto de livros assim e esse, que retrata a sociedade de Dublin, deve ser incrível. Com certeza vou ler. Beijos e obrigada pela indicação!

    ResponderExcluir
  4. Olá Fê!

    Não li nada desse autor mas acho que já contei que adoro contos, gostei desse que você relatou por aqui. Que triste o fato dele não conseguir se despedir dos familiares né? :(
    Dublin me lembra muito Cecelia Ahern, todas as história dela se passa por essa cidade.


    Beijinhos,
    www.entrechocolatesemusicas.com

    ResponderExcluir
  5. Oi Fernanda!
    Não conhecia o autor ainda mas com certeza já me identifiquei com esse conto porque sou um pouco antissocial e odeio quando desconhecidos vem puxar papo comigo na rua. Hahahaha A história de James me deixou muito curiosa. Vou com certeza querer saber mais sobre o autor.
    Beijos
    Carol
    www.sobrevicioselivros.com

    ResponderExcluir
  6. Oi Fernanda, tudo bem?

    Não conhecia o autor e nem sua obras, mas fiquei interessada no conto. Muito triste a história da morte dele, onde morreu antes da família chegar. Depois vou procurar mais sobre o autor e suas obras, e quem sabe comprar seus livros.

    Beijos
    Leitora Sempre

    ResponderExcluir
  7. Não conhecia esse autor, me interessei bastante apos ler sua postagem, quero conhecer mais sobre ele e sua obra! Adorei esse conto!!

    ResponderExcluir
  8. Que conto mais maluco! Mas você contou ele inteiro? rs... Perdeu a graça... hehe... Fiquei imaginando aqui um dos garotos correndo atrás do gato e o outro aproveitando o momento que o velho parou pra respirar pra sair correndo. Sobre ser grato por voltar à rotina, sinto isso toda vez que volto de uma viagem. Pra mim, não tem nada como a minha casa, mesmo que o trabalho de arrumá-la seja sem fim.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

    ResponderExcluir