sábado, 9 de maio de 2015

"O Papel de Parede Amarelo", Charlotte Perkins Gilman

Boa tarde, pessoal!

Uma tarde de sábado é perfeita para ler um conto, uma leitura rápida e envolvente. Não acham?

Como já disse para vocês em outras ocasiões, eu, como muitos de vocês, não era fã de ler contos, preferia romances. No entanto, quando comecei a comprar antologias e coleções de contos, comecei a me apaixonar pelo gênero, pois é uma maneira de conhecer os estilos de vários autores (o que levaria mais tempo se fôssemos ler os seus romances), vários períodos históricos e literários, e diferentes regiões.





Na minha opinião, o conto é um gênero maravilhoso, pois condensa uma história, como se fosse uma cena de um filme, são poucos personagens e, geralmente, a trama se passa em um curto espaço de tempo. Contudo, mesmo sendo uma narrativa condensada, ela é extremamente profunda, como o conto que escolhi para vocês hoje, que explora aspectos psicológicos da protagonista.



Em O Papel de Parede Amarelo, escrito por Charlotte Perkins Gilman em 1892 e publicado na revista The New England Magazine, somos apresentados à protagonista, que narra a história em primeira pessoa através de fragmentos, como se fossem entradas em um diário. Ela é uma mulher que está passando por uma crise psicológica e, por isso, seu marido, o médico John, os leva para passar três meses em uma mansão retirada no campo, abandonada há algum tempo, para que ela descanse, faça exercícios e respire o ar revigorante da região.


Enquanto o marido passa o dia fora trabalhando, a mulher fica em casa no quarto escolhido para ela no segundo andar, com janelas enormes que deixavam a luz do dia e a leve brisa entrar. O quarto tinha uma cama majestosa ao centro e um odioso papel de parede amarelo, gasto e descascando em certas áreas. Este papel irritava a mulher e, aos poucos, foi lhe influenciando cada vez mais. A mulher tentava acompanhar os floreios da estampa, se perdia em seus traços e, aos poucos, parecia enxergar mulheres presas atrás destes rabiscos. À luz da lua, estes espectros pareciam mais claros e visíveis.

Seu marido, John, estava cada vez mais preocupado com a saúda mental de sua esposa. Porém, ao invés de satisfazer o desejo de sua mulher de visitar outras pessoas e de remover o papel de parede, ele lhe recomendava ficar em casa, sem trabalhar e, principalmente, sem escrever, para não dar vazão aos seus floreios.

Muitos críticos consideram esta obra de Gilman uma narrativa feminista, que se opõe à opressão de médicos e parentes do sexo masculino que aprisionam a mulher no espaço doméstico, já que elas eram criaturas frágeis física e psicologicamente. Esta história também pode ser analisada como autobiográfica, pois a própria Charlotte Gilman sofria de depressão e, ao se consultar com um especialista, foi recomendada a descansar em casa, parar de escrever e não estimular sua mente por mais de duas horas por dia. Gilman não acreditava nos métodos deste médico e escreveu O Papel de Parede Amarelo para, de certa forma, atingi-lo. Gilman disse, ao publicar seu conto, que o objetivo da história não era levar as pessoas à loucura, mas preveni-las de serem levadas a ela.



Charlotte Perkins Gilman

Charlotte Perkins Gilman nasceu em Connecticut, Estados Unidos, no dia 3 de julho de 1860 e morreu, aos 75 anos, em 17 de agosto de 1935 na Califórnia. Ela foi diagnosticada com câncer de mama e decidiu se suicidar com clorofórmio para evitar o sofrimento da doença. Gilman iniciou no mundo do trabalho vendendo barras de sabonete de porta em porta. Mais tarde se tornou uma proeminente reformista social, reivindicando a igualdade de classes e os direitos das mulheres. Além de contos e romances, Gilman também escreveu ensaios e deu palestras, principalmente sobre as causas sociais pelas quais lutava.

Espero que tenham gostado conhecer esta excepcional mulher, à frente ao seu tempo e lutadora por seus ideias.

Um forte abraço, ótimo sábado e ótimas reflexões!

Fernanda

14 comentários:

  1. Oi Fernanda!
    Realmente pra quem gosta de um bom romance, pegar um conto pra ler é bem dificil de se acostumar. Eu gosto muito muito de ler contos, quando nao tenho muito tempo para ler, ou quando quero uma coisa mais compacta mesmo.
    Nossa, adorei conhcer um pouquinho mais de Charlotte, e fiquei curiosissima para ler este conto dela. Deve ser mesmo muito interessante.
    Adorei.
    Beijos
    Carol
    www.sobrevicioselivros.com

    ResponderExcluir
  2. Oi Fernanda, tudo bem?

    Não conhecia essa autora.
    Foi bem interessante conhecer um pouco do trabalho dela.

    Bjin
    Jéssica Brenda
    Mundo B - Paixão, Amor e Outros Vícios

    ResponderExcluir
  3. Oláá!

    Gosto de vir aqui pois acabo conhecendo coisas que jamais iria atras.
    Não conhecia esse conto, aprendi a gostar desse genero por causa do blog e da falta de tempo, e fico feliz em ver que há muitas coisas boa que ainda não conheço. Obrigada por me apresentar.
    Achei bem interessante saber que pode ser autobiografico.

    Beijinhos,
    www.entrechocolatesemusicas.com

    ResponderExcluir
  4. Não conhecia o conto, mas acho que vou procurar para ler!
    www.belapsicose.com

    ResponderExcluir
  5. Não conhecia o conto, mas acho que vou procurar para ler!
    www.belapsicose.com

    ResponderExcluir
  6. Olá!
    Ainda não conhecia esse conto e achei mega interessante o enredo!
    Vou procurar lê-lo assim que puder.
    Não tenho o costume de ler contos, mas acho que é uma boa eu começar nesse meio <3
    Beijos!

    www.livrosdajess.com

    ResponderExcluir
  7. Olá!
    Amei!
    Gosto de histórias, principalmente contos, que exploram o psicológico dos personagens. Esse, além disso, ainda tem uma crítica muito interessante.
    Com toda certeza eu vou ler ele.
    Também gostei de conhecer essa autora que até então eu não conhecia, realmente... Podemos ver que era uma grande mulher.
    Dica maravilhosa!
    Um beijão!

    ResponderExcluir
  8. Olá,
    Eu ate gosto de contos, mas tenho sérios problemas com livros que reúnem vários contos, eu fico um tanto quanto perdida sabe e acabo perdendo o interesse, prefiro livros com uma historia só, mas gostei muito desse, parece ser bem diferente e muito interessante, vou procurar para saber mais.

    Beijos
    http://entaotudoaconteceu.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  9. Olá,
    também acho que conto seja um gênero maravilhoso. Porém, não costumo ler muito, pois sempre acho que ele seja pouco desenvolvido, o que realmente me incomoda muito.
    Infelizmente, não me interessei por estes contos. Mas devo confessar que Perkins parece ser uma excepcional mulher.
    Beijos!
    www.entreleitores.com

    ResponderExcluir
  10. Olá Fernanda! Sou apaixonada por contos. Desde pequena! É aquele tipo de leitura que me faz voar sabe. Justamente por ser curto e por conter tantas informações. =) Adorei este que você nos apresentou. Sabe. É bacana quando saímos de nossa zona de conforto para conhecer novos horizontes. Tenho passado muito por isso!

    Beijinhos!
    www.pensamentosvalemouro.com.br

    ResponderExcluir
  11. Oieee, tudo bem? Eu gosto muito de contos, antigamente eu não gostava por serem rápidos e etc, mas agora eu aprendi a apreciar os mesmos, gosto bastante deles, são leituras leves, rápidas e gostosas rs, Abraços.

    ResponderExcluir
  12. Bem interessante seus motivos pra gostar de contos, mas ainda prefiro romances. Achei genial a maneira como a autora fez uma crítica tão ousada e pessoal. E achei tenso ela se matar por causa do câncer, credo!
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

    ResponderExcluir
  13. Eu não consigo ler contos... Eu sempre quero mais... sempre!!!
    T^T
    Adorei conhecer um pouco sobre a autora... e ela já morreu velhinha em consideração a muitos outros autores... (Stieg Larson) T^T
    Pois é... C'est la vie

    ResponderExcluir
  14. infelizmente nao gosto desse estilo, mas é uma boa dica pra quem gosta

    ResponderExcluir