sexta-feira, 27 de março de 2015

"Inocência", Visconde de Taunay

Bom dia, pessoal!

Hoje resolvi escrever para vocês sobre um livro do movimento regionalista da Literatura Brasileira, que retrata o sertão sul-mato-grossense. Este livro foi publicado em 1872, fase já de decadência do Romantismo no Brasil e período de transição para o Naturalismo, movimento que via o ser humano como produto do meio em que vive.
Eu falo de Inocência, livro escrito por Alfredo d'Escragnolle Taunay, que recebeu o título de Visconde de
Visconde de Taunay
Taunay do Imperador D. Pedro II no dia 6 de setembro de 1889, meses antes da Proclamação da República, que elimina títulos nobiliárquicos, como o de Visconde.

Taunay foi um grande estudioso no seu tempo e apreciava as tendências francesas na literatura. Ele procurava promover a arte brasileira no exterior, principalmente em Paris, onde morou.

Inocência, título do livro, dá também nome à protagonista, uma jovem muito bonita que mora com seu pai, Pereira, em uma fazenda no Sertão de Santana do Parnaíba. Seu pai a protege de tudo e de todos e exige dela plena obediência. Inocência está prometida para casar com Manecão, um homem bruto do sertão. No entanto, um dia Inocência adoece e quem vem curá-la é um estudante de Farmácia de Ouro Preto que se diz médico, Cirino. Cirino de fato cura Inocência e se apaixona por ela, mas sabe que seu amor nunca será permitido pelo Sr. Pereira.

Certo dia, o Sr. Pereira recebe uma visita inusitada, é o Dr. Meyer, um naturalista alemão, e seu criado, que diz conhecer o irmão de Pereira. Pereira os convida para ficar em sua casa, juntamente com o jovem Cirino. O Dr. Meyer estuda insetos e está em busca de novas espécies no sertão. O doutor alemão passa a fazer elogios à filha do Sr. Pereira, o que o deixa desconfiado. O fazendeiro, então, incumbe o anão Tico de vigiar o Dr. Meyer e Inocência, porém ele não sabe que o verdadeiro perigo está no coração de outra pessoa.

Inocência é, muitas vezes, comparado à tragédia de William Shakespeare, Romeu e Julieta por tratar de um amor impossível. Alguns o chamam de Romeu e Julieta sertanejo.

Romeu e Julieta
O interessante deste livro de Tauney é que cada um dos 30 capítulos se inicia com citações de grandes autores da literatura, como o próprio Shakespeare, Goethe, Rousseau, Cervantes, Scott, entre outros, que influenciaram a produção do Visconde. Além disso, essas citações comprovam o quão vasto era o conhecimento intelectual de Taunay.

O último capítulo inicia-se com um fragmento de Henrique V, de Shakespeare:

"Então contados os grãos de areia que
compõem a minha vida. É aqui que devo
tomar. É aqui que ela há de acabar".

Essa trágica e romântica história de Taunay é considerada sua obra-prima. Além de Inocência, Taunay também escreveu A Retirada da Laguna (1869), escrito em francês, baseado em sua participação na Guerra do Paraguai; Ouro Sobre Azul (1875) e Amélia Smith (1886).
Alfredo Taunay morreu no dia 25 de janeiro de 1899, vítima de diabetes, aos 55 anos.

Ótimas leituras e uma ótima sexta-feira!

Fernanda

8 comentários:

  1. Faz muitos e muitos anos que li esse livro, e ficou na lembrança uma passagem em que Inocência tira sarro do anão Tico, que pronunciava "froles" em vez de "flores". Foi quando pensei que Inocência não era tão perfeitinha assim, também tinha um lado humano (tirador de sarro). Melhor assim =)

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  2. Capítulos com citação de Shakespeare e Rosseau? Já quero <3 hahaha
    Ótimo texto!

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  3. Não conhecia o autor nem sua obra, mas fiquei curiosa devido ao seu post maravilho. Quem sabe um dia não leia?

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  4. Eu não conhecia essa obra, de verdade. Mas agora eu quero ler. Gosto dessas leituras mais antigas, principalmente aquelas que eu não ouvi falar ainda. Procurarei.

    http://www.laoliphant.com.br/

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  5. Mmmm, já vi essa capa nessa edição mesmo, mas como não curto clássicos nem liguei. Confesso que fiquei bem perdida na sua introdução, já que não entendo nada desses períodos e movimentos (decorava tudo pra prova! >.<). Não me interesso pela leitura, mas achei bacana essa coisa de ele colocar quotes nos inícios de capítulos, deu pra ver que esse costume é antigo.
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

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  6. adoro livros nacionais, principalmente os que valorizam nossa terra, muitas vezes valorizamos demais os de fora e temos muitas obras de arte aqui no nosso país.

    http://palavrasdelucidez.com.br

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  7. Oi, tudo bem?
    Novamente, não conhecia o autor, mas achei muito interessante o seu post. Está me fazendo criar um interesse incomum pelos clássicos, haha
    Beijos
    www.romanceseleituras.com

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  8. Olá, tudo bom?

    Já ouvi falar nesse livro, minha professora já me indicou essa obra, mas não me falou sobre o que se tratava. Mais uma vez seu blog traz um ótimo conteúdo, parabéns.

    Beijos.

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