Olá, queridos leitores!
Já havia um bom tempo que queria ler os livros de Toni Morrison, grande nome da literatura afro-americana e vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 1993. Seus livros normalmente têm protagonistas negras que sofrem com as restrições sociais nos séculos XIX e XX.
Em Amada, a história se passa nos Estados Unidos pós-Guerra Civil. A protagonista é Sethe, uma mulher negra que fugiu da escravidão em uma plantação no sul para os estados livres do Norte. A história é contada através de diversas perspectivas e camadas de tempo: no passado, década de 1850, Sethe fugiu da escravidão ainda grávida, deixou seu marido Halle para trás e embarcou seus outros filhos (uma menina e dois meninos) antes por outro caminho. Depois de uma penosa jornada e de ter dado à luz Denver no meio do percurso, Sethe reencontra seus filhos e sua sogra, Baby Suggs, em um casa em Cincinatti. A casa de número 124 se torna um ponto de encontro de ex-escravos refugiados e Baby Suggs a líder da comunidade. A harmonia é quebrada quando os donos da plantação Sweet Home em Kentucky, de onde Sethe e seus filhos fugiram, retorna para capturá-los e levá-los de volta ao trabalho forçado. Desde 1850, com o estabelecimento da Lei do Escravo Fugitivo, qualquer escravo foragido que escapasse para os estados livres do Norte poderia ser legalmente perseguido e devolvido a seus donos. Ao perceber que ela e seus filhos iriam voltar para a condição de escravos em Kentucky, Sethe faz algo abominável: mata a sua filha de apenas dois anos e teria matado todos os seus outros filhos também se não tivesse sido contida. A seu ver, a morte era preferível à escravidão. Ela queria libertar seus filhos na morte.
Toni Morrison |
Sethe e Paul D. Ilustração de Joe Morse |
Em contrapartida a essa narrativa do passado, há o presente em 1873, dezoito anos depois do ocorrido. Sethe e Denver moram sozinhas na casa de número 124, isoladas do mundo exterior. A comunidade as exclui, os dois filhos a abandonaram e Baby Suggs morrera anos antes. A casa é assombrada pelo espírito da filha morta: espelhos se estihaçam, pegadas de bebê aparecem na cobertura do bolo, biscoitos se espalham pelo chão em uma linha reta, a casa treme, etc. Quando a sua filha morreu, Sethe não tinha dinheiro o suficiente para inscrever o seu nome completo em uma lápide. Com o que tinha, conseguiu apenas pagar pela palavra "Amada". Eis que um dia Paul D, outro sobrevivente da fazenda Sweet Home, chega ao número 124. Ele expulsa o espírito que assombrava a casa, mas no dia seguinte eles encontram uma jovem mulher com as roupas molhadas sentada em frente à casa em Cincinatti. Ninguém sabe de onde a mulher surgiu, ela apenas diz que chama "Amada".
Outra ilustração de Joe Morse |
Uma curiosidade é que Toni Morrison se inspirou para escrever esse livro em uma história real. Margaret Garner foi uma escrava em Kentucky que foi recapturada durante sua tentativa de fuga para Cincinatti em 1856. Da mesma forma que Sethe no texto ficcional de Morrison, Garner matou sua família para que ela não voltasse à escravidão.
Espero que tenham gostado da minha dica de leitura de hoje, um livro presente em várias listas de livros para ler antes de morrer!
Uma ótima semana a todos e, é claro, ótimas leituras!
Fernanda
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