
Confesso que primeiramente me senti atraída a ler esse livro pela capa! Eu simplesmente amo livros com livros na capa! O trecho do livro publicado na contracapa também me aguçou a curiosidade:
"Perdido nas sombras das estantes, quase caio da escada. Estou exatamente no meio do caminho. O chão da livraria está bem longe de mim, a superfície de um planeta que deixei para trás. O topo das estantes está bem próximo,e é escuro por lá."
É justamente com essas palavras que o livro inicia. Ele é contado em primeira pessoa por Clay Jannon (adoro livros contados em primeira pessoa!), um webdesigner que, devido à recessão nos Estados Unidos, perdeu seu emprego e se viu obrigado a trabalhar em uma livraria 24 horas. E pior, no turno da madrugada, das 22:00 às 6:00!
O dono dessa livraria peculiar é Mr. Penumbra, um velho de olhos azuis muito intensos. Ao contratar Clay, ele o faz apenas um pedido:
"- Fale um pouco sobre um livro que ame."
E Clay deu a resposta certa:
"- Eu amo As Crônicas da Balada do Dragão".
Assim, Clay começa a trabalhar nessa estranha livraria que atende ainda mais estranhos clientes. Eles são poucos, mas assíduos. E eles não se interessam pelos poucos lançamentos expostos na vitrine da loja, mas nos misteriosos volumes em capa de couro do Arquivo Pré-Histórico.
Uma cliente fora do normal em um dos turnos da madrugada de Clay foi Kat, uma jovem que trabalha no Google e entusiasta de novas tecnologias. Influenciado pelos interesses dela, Clay cria um protótipo em 3D da livraria do Mr. Penumbra, digitaliza o arquivo de entrada e saída e livros e acaba descobrindo um padrão singular. O que ele descobre é que os clientes esquisitos da livraria e o próprio Penumbra fazem parte de uma sociedade secreta, que busca desvendar um código escrito há mais de 500 anos. Será que a tecnologia do século XXI e os recursos do Google podem ajudar a desvendar esse mistério?
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Ilustração por Laura Terry |
O mistério dessa Irmandade envolve Aldus Manutius (1499-1515), um tipógrafo italiano, e Francesco Griffo (1450-1518), que também trabalhava com tipografia na Veneza do século XVI. Porém, no romance de Sloan, Francesco Griffo é transformado em Griffo Gerritszoon, o criador da fictícia fonte Gerritszoon. Eu acho muito interessante quando autores misturam fato e ficção. O importante é que o leitor, depois de terminada a leitura, não coloque o livro de volta na estante imediatamente, mas que busque mais informações sobre o que leu, diferentes opiniões na Internet, vídeo resenhas sobre o livro no YouTube... enfim, há tantos recursos hoje em dia e essa prática só enriquece a leitura!
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Aldus Manutius |
Eu gostei da leitura. O discurso principal do livro, na minha opinião, é o lugar e a importância da leitura e dos livros físicos na nossa era digital. E de quebra, há um código misterioso e uma sociedade secreta de bibliófilos. E também ficamos sabendo um pouco sobre o que acontece dentro do campus do Google em São Francisco.
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Ilustração de Laurel Holden |
Também há várias referências à cultura atual, mas algumas me pareceram forçadas e com o intuito de fazer o leitor rir, como menções a magos adolescentes, ninjas inimigos, modo hamster de preparar para fugir, uma empresa digital especializada em criação e textura de seios 3D, uma história sobre um dragão cantor perdido no mar que pede ajuda a golfinhos e baleias e é resgatado por um anão sábio, entre outras. Algumas funcionam, mas outras não.
Mas, de modo geral, a leitura é prazerosa e dinâmica. Um bom livro sem muita pretensão para um final de semana chuvoso. Perfeito para quem gosta de livros e tecnologias mirabolantes!

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Robin Sloan |
Espero que vocês tenham gostado dessa dica de leitura!
Um ótimo final de semana e ótimas leituras!
Fernanda
Adorei o livro e fiquei muito curiosa para conhecer a fonte tipográfica, até agora não encontrei rsrs cheguei na resenha buscando ela. O livro realmente surpreende, é atual, bem localizado, uma leitura bem gostosa.
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