domingo, 18 de agosto de 2019

"Elizabeth I - O Anoitecer de um Reinado", Margaret George

Bom dia, queridos leitores!



Hoje venho compartilhar com vocês a minha última leitura, Elizabeth I - O Anoitecer de um Reinado, um calhamaço de 792 páginas escrito pela autora norte-americana Margaret George (1943-), que é especialista na escrita de biografia histórias e ficção histórica. Seu trabalho inclui muita pesquisa e ela já escreveu sobre diversas personagens femininas marcantes, como Cleópatra, Maria Madalena, Helena de Tróia e, nesse livro, a rainha Elizabeth I.

O Anoitecer de um Reinado foi publicado pela primeira vez em 2011 e a tradução que eu tenho, feita por Lara Freitas e publicada pela Editora geração, foi publicada em 2012. O projeto gráfico é bem legal e a capa ficou muito bonita, porém a tradução deixou muito a desejar, além de diversos erros de digitação e repetição de palavras. Enfim, acredito que a leitura teria sido mais proveitosa se feita no idioma original!

Esse livro nos transporta para a Inglaterra do final do século XVI durante as últimas décadas do reinado e vida de Elizabeth I (1533-1603). Mais especificamente, ele inicia em 1588, período em que a Inglaterra protestante anglicana - o pai de Elizabeth, Henrique VIII havia criado a Igreja da Inglaterra e se desvinculado da Igreja católica e do poder papal em Roma - estava em guerra com a Espanha católica. Em 1569, o Papa Pio V promulgou uma bula de excomunhão da Rainha Elizabeth. Qualquer nação que apoiasse a Inglaterra estaria contra a Igreja. Em 1588, a Espanha, incitada pelo Papa Sisto V e comandada por Filipe II da Espanha, enviou a chamada Invencível Armada contra a Inglaterra. A Armada trazia cópias da bula de excomunhão de Elizabeth para serem distribuídas por onde passassem. É neste momento que se inicia o romance de Margaret George - o primeiro grande desafio do reinado de Elizabeth.

Lettice e, ao fundo, Robert Dudley e Elizabeth I

A partir daí, o romance é divido em dois pontos de vista: o da própria rainha, escrito em primeira pessoa, que reflete sobre suas ações, pensamento e sua devoção ao bem-estar da Inglaterra; e o de Lettice Devereux, sobrinha-neta de Ana Bolena e, portanto, parente de Elizabeth. Ela foi condessa de Essex devido ao seu primeiro casamento com Walter Devereux, 1o. conde de Essex, e mãe de Robert Essex, 2o. conde de Essex - quem teve um grande papel na história do reinado de Elizabeth e neste livro. O segundo casamento de Lettice foi com Robert Dudley, conde de Leicester, que lhe rendeu o título de condessa de Leicester. Dudley, ao que tudo indica, foi o grande amor da vida de Elizabeth I. Pelo fato de Lettice ter se casado com ele, as duas mulheres tornaram-se inimigas. Por fim, em seu último casamento, depois de tornar-se viúva duas vezes, Lettice se casou com o militar Christopher Blount.


Portanto, o leitor acompanha os acontecimentos da Inglaterra no final do século XVI e início do XVII através dos olhos dessas duas mulheres, que dizem que eram até parecidas fisicamente. Acompanhamos a vitória da Inglaterra contra a Armada Espanhola em 1588 e em outras tentativas fracassadas da Espanha em conquistar a Inglaterra; acompanhamos Elizabeth em suas consultas ao astrólogo John Dee sobre o seu futuro e o futuro do reino; as tentativas de controlar as terras e os rebeldes na Irlanda; as estratégias de governo da rainha e sua decisão em manter-se virgem e solteira para permanecer em controle absoluto do trono; e o seu relacionamento com o 2o. conde de Essex, filho de Lettice, que tornou um de seus favoritos. Porém, levado pela ambição, Essex foi condenado à morte após uma tentativa de conspiração contra a Sua Majestade em 1601, evento que ficou conhecido como o Levante de Essex.


A "Invencível" Armada




Robert Devereux, 2o. conde de Essex
Do outro ponto de vista, acompanhamos a sedutora Lettice Devereux - nascida Lettice Knollys - e seus diversos amantes, inclusive o dramaturgo William Shakespeare. Para mim, este foi um fato novo. É sabido que Shakespeare deixou sua esposa Anne Hathaway em Stratford-upon-Avon e se envolveu com outras mulheres durante sua estadia em Londres, porém acredito que não há provas do seu envolvimento com Lettice. É claro que as pessoas não mantinham registro de seus casos amorosos fora do casamento, então tudo não passa de especulações.  Também acompanhamos a estreia da peça Ricardo II, de Shakespeare, que levou ao palco a história do rei deposto por seu primo, Henry Bolingbroke - o futuro Henrique IV, e como tal peça foi escolhida pelos seguidores de Essex em 1601como um lembrete à população de que príncipes reais também caem. E o sofrimento de Lettice ao perder seu filho, Robert, por conta da sentença da rainha.

Ao final do livro, as duas mulheres - da mesma família mas separadas por quase suas vidas inteiras devido a desavenças amorosas - finalmente se reencontram. Então fica clara a escolha da autora em contrapor os pontos de vista dessas duas mulheres que se entrelaçam no final.

Margaret George

Esta não foi uma leitura fácil, pelo contrário, ela se arrastou por mais de três meses. Margaret George foi muito prolixa nessa obra, acredito que uma versão mais enxuta desse livro seria mais bem-sucedida. Porém, me alegro de ter terminado essa leitura, pois aprendi muito sobre a história da Inglaterra nesse período e sobre as últimas décadas do reinado de Elizabeth I, e me pegava pensando em como teria sido ser essa mulher e como ela teve que fazer escolhas difíceis, colocando o bem do seu reino sobre os seus sentimentos. Definitivamente, um saldo positivo.

Espero que tenham gostado de saber mais sobre essa obra grandiosa de Margaret George.


Um ótimo domingo a todos e ótimas leituras!

Fernanda

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