sexta-feira, 23 de março de 2018

"O Retrato de Dorian Gray", Oscar Wilde

Olá, pessoal!

Hoje venho compartilhar com vocês uma leitura que terminei recentemente e que já se tornou um dos meus livros preferidos de todos os tempos!



Estou falando de O Retrato de Dorian Gray, do fabuloso escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900), publicado periodicamente durante o ano de 1890 em uma revista literária estadunidense. É interessante frisar que existem duas versões do texto: o texto original publicado nos Estados Unidos em 1890, e uma edição revisada publicada em formato de livro na Inglaterra em 1891. No entanto, a editora inglesa obrigou Wilde a  reescrever o texto de modo a deixá-lo menos "indecente", suavizando a influência negativa de Lorde Henry sobre Dorian Gray. Há muitas interpretações que vêem Lorde Henry como uma personificação do diabo, que teria levado Dorian para o mal caminho. Eu li a versão original, como idealizada primeiramente por Wilde.

Dorian é um jovem da elite na sociedade vitoriana. De personalidade doce e muito atraente, ele logo chama a atenção da sociedade e, em especial, de Basil Hallward, um pintor, que decide imortalizar a beleza de Dorian em um quadro. O quadro fica maravilhoso.

Cena do filme de 2009
Em uma tarde no estúdio de Basil, o pintor e Dorian são visitados por Lorde Henry. Lorde Henry é um personagem fantástico. Ele é um aristocrata metido a filósofo, que divaga sobre os prazeres da vida. Para ele, a maior dádiva é a beleza e o pior pesadelo da vida é o envelhecimento do corpo. Muitos críticos o vêem como uma crítica de Wilde ao homem decadente do século XIX - um homem libertino que preza pelo crescimento intelectual, mas que não mede as consequências de seus atos egoístas. Ele influencia Dorian com a sua visão de vida, levando-o à seguinte reflexão:

"Como isso é triste! Deverei envelhecer, e ficar horrível e assustador. Mas este retrato sempre permanecerá jovem. Nunca ficará mais velho do que este dia em particular de junho... se fosse ao contrário! Se fosse sempre eu a ficar jovem e o retrato envelhecer! Por isto - por isto - eu daria qualquer coisa! Sim, não há nada em todo o mundo que eu não daria"

Basil e Lorde Herny observam o retrato de Dorian
Este é o momento crucial do romance. O, digamos, pacto de Dorian com o diabo. É ali que ele vende a sua alma, aprisionando-a no quadro: a partir desse momento, o retrato envelhece enquanto Dorian permanece belo e jovem.

Esta narrativa de Oscar Wilde é também uma ilustração do movimento chamado Esteticismo na literatura do final do século XIX. Os seguidores desse movimento acreditavam na arte pela arte. Não viam a literatura, ou a arte em geral, como moralizante ou um veículo de crítica social. A arte deveria apenas ser bela e causar prazer através da beleza. É essa a filosofia de vida de Dorian a partir do momento em que ele se torna um objeto belo em busca de prazer. Ele busca prazer na música, na literatura, em lugares, objetos e tecidos exóticos, etc. Dorian se torna a personificação dos desejos estéticos de Lorde Henry.



Se você busca um livro envolvente, com um toque de sobrenatural, diversas referências à mitologia grega e às peças de Shakespeare (ilustrando o imenso repertório cultural de Wilde), odes à arte, à literatura e à beleza através de uma linguagem extremamente poética, O Retrato de Dorian Gray é o livro para você! Eu fiquei muitíssimo feliz com essa leitura e acredito que acabei de encontrar mais uma adição à minha lista de favoritos.

O mestre Oscar Wilde!

Uma ótima semana a todos e, é claro, ótimas leituras!

Fernanda

Nenhum comentário:

Postar um comentário